A LINGUAGEM COMO PARADIGMA FILOSÓFICO E OS PRIMÓRDIOS DA
TRADIÇÃO ANALÍTICA (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 02)
Como
a linguagem passa a se caracterizar como paradigma adotado na grande maioria
das investigações filosófica contemporânea e Como se estabeleceu a tradição da
semântica formal?
1 G. FREGE
G. Frege –
apresentou e fundamentou a matemática através de leis básicas da lógica,
tendência conhecida como logicismo. Com seu objetivo principal estabelecido
elaborou o que chamou de conceitografia (linguagem formal, artificialmente
construída, diferente das linguagens ordinárias ou naturais, como português,
alemão, etc). Para o mesmo as línguas naturais possuem elementos que criam
obstáculos resolução de questões no âmbito da filosofia e da lógica.
Sua
principal contribuição na filosofia da linguagem encontra-se na analise da
noção de significado, decompondo esta em sentido e referencia (exemplo: a lua
que tem sua referencia ou denotação que é o próprio objeto que mantém sua
orbita em volta da terra, além de existi algo que faz a mediação entre a
linguagem e a referencia, isto é, o sentido). A teoria semântica freguiana, é
sustentada pela tríade, sinal, sentido e referencia. O Sinal tem um sentido e o
Sentido designa a Referencia do Sinal. R. Carnap em 1956 apresentou
a distinção entre intensão e extensão
Para
G. Frege o
sentido de uma expressão não é exclusivo da subjetividade de um único
individuo, ele se mostra objetivo e invariável, independente da consciência que
se encontra e o sentido é intersubjetivo e comunicado entre os indivíduos. O
autor distingue sentido e representação mental (ideia), afastando qualquer
traço de mentalismo de sua teoria semântica e apresenta uma marca profunda do
antipsicologismo, considerando que ideia são atividades mentais ou subjetivas
privada à consciência de um único individuo (conjunto de elemento que compõem
um domínio de impressões sensoriais, composto de: sensações, sentimentos,
estado de alma, desejos e inclinações).
Nada
garante que dois indivíduos que fale de suas ideias estejam falando da mesma
coisa. Não há como expressar as ideias
objetivamente através da linguagem (não podemos comunicar uma dor como podemos
comunicar um sentido), ou seja, uma ideia é subjetiva, enquanto que o sentido é
objetivo (comunicável). Os sinais que contém sentido e que através desse
sentido se refere a um objeto, Frege chama de nomes próprios (nomes, combinação
de palavras, frases assertivas e descrições definidas).
Descrições
definidas – Expressões do tipo: Planeta vermelho; Capital brasileira do regue;
e, O autor de “Os tambores de São Luis”, assim, descrições definidas
compartilham do mesmo status dos termos singulares: Marte São Luis e Josué
Montelo, contudo nomes próprios se distingue ainda de uma outra categoria de
sinais, enquanto os nomes próprios tem como referencia um objeto, termos
conceituais tem como referência conceitos.
Termos
conceituais funcionam como referencia de um predicado gramatical, Exemplos: Ser
cachorro, Ser satélite natural da terra, Ser belo, etc, Conceito são por
natureza incompletos e sempre precisam da complementação de um objeto, da mesma
forma como termos conceituais necessitam da complementação de um nome próprio,
assim, da união de ambos adquirimos uma frase ou enunciado dotado de um
pensamento completo. Essa frase completa, formada pela combinação de um nome
próprio e um termo conceitual é uma frase assertiva ou declarativa.
Frase
assertiva ou declarativa – se caracterizam por afirmarem algo, por terem uma
pretensão de verdade, tendendo a ser verdadeira ou falsa, (verdadeira caso a
realidade dos fatos se adéque ou que é dito na fase e falsa caso tal realidade
não se adéque, Exemplo). Assim a referencia de uma frase assertiva é o valor de
verdade (valores de verdade – Verdadeiro e Falso). Toda frase verdadeira tem
como referencia o valor de verdade verdadeiro, assim como toda frase falsa te
como referencia o valor de verdade falso.
Ao
especificamos a natureza referencia estamos pressupondo a existência de uma
mediação entre o sinal e a referencia, pressupomos a existência de um sentido.
Assim, em uma frase assertiva é natural concluir que há um pensamento ou
proposição, o sentido dessa frase é um pensamento completo e para Frege o
pensamento não é o ato subjetivo de pensar, o pensamento é o conteúdo objetivo
que pode ser pensado por diversos indivíduos, diferentemente de uma ideia ou
representação mental que é um conteúdo subjetivo. Ao contrario das ideias, os
pensamentos não são privados, necessitam de alguém que os apreendam (essa
apreensão corresponde à faculdade do pensar). Pensamentos são pensados,
portanto, há um ser pensante que é portador do pensar e não do pensamento.
Na teoria
semântica freguiana, diversos sinais designam a mesma referencia e existirem
sentidos diferentes a cada um desses sinais (exemplo; estrela Dalva e estrela
Vespe – sinais e sentidos diferentes - mas referem-se ao mesmo objeto, Venus) e
frases que não possui referencia mais não perde o sentido (exemplo: Atual rei
da frança – não possui objeto a que se referi, mas continua dotada de sentido),
frases que contem expressões desse tipo não terão referencia (não serão nem
verdadeiras nem falsas), mas preservarão seu sentido.
2
B. RUSSELL
B.
Russell – adepto do logicismo, na sua teoria das descrições parti da ideia de
que as frases ou sentenças normalmente são apresentadas em sua forma gramatical
e para alcançarmos a sua forma lógica precisaríamos aplicar uma analise lógica
à sentença em questão.
Para
o autor descrições definidas são expressões incompletas, que não serve para
nomear algo no mundo, mas apenas para dar sentido às sentenças (quando ocupam
lugar de sujeito dessas sentenças). Nomes próprios em sua forma mais essencial
são pronomes como: isto e aquilo e quando usado por um falante, subtendem
conhecimento direto e empírico do objeto referido. A esses nomes Russell chama
de nomes logicamente próprios.
Russell,
diferentemente de Frege (que defende que o significado de um nome próprio é
composto de um sentido e uma referencia), propõem que o significado de um nome
próprio se resume ao fato de se referir a um objeto. Assim, na sua teoria
referencial do significado apesar das descrições referidas se assemelharem a
nomes próprios dignando individuo, não são realmente nomes próprios, essas
descrições podem deixar de aparecer em sentença através do método de analise
lógica, antes mencionados.
Através
dessa analise evitaríamos as supostas dificuldades de uma língua natural ou
ordinária seria uma tradução de uma linguagem natural para uma linguagem lógica
mais perfeita (que forneceria os critérios mais corretos e verdadeiros da
relação entre Linguagem e Mundo).
Analise
lógica atual em expressões que não tem uma referencia e aparecem em uma sentença
completa, expressões não denotativas ou não referenciais (exemplo: O atual rei
da França, onde não há objeto que serve de referencia ou denotação para a
expressão).
A
análise de Russell nos permite falar significativamente de objetos que não
existem, permite afirmar a não existência desses objetos, além de permite
solucionar a ausência de um valor de verdade para uma sentença (exemplo: O
atual rei da frança e calvo).
A
necessidade de falsear uma sentença – a existência não é uma propriedade ou um
predicado que pode ser aplicado a um objeto, a existência é um operador lógico,
é um pressuposto para que algo tenha qualidade, portanto, só podemos atribuir
uma propriedade ou um predicado a um objeto existente.
Russell
compartilha com Frege uma preferência por uma linguagem formal para tratar de
questões lógico-filosóficas, mas enquanto Frege via na linguagem formal uma
saída para evitar as ambiguidades de uma língua natural e Russell entendia que
basta interpretar bem uma linguagem comum para que ela revele sua forma lógica
subjacente, ou seja, na sua noção de a forma lógica, propõem uma análise lógica
das sentenças declarativas.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis:
UFSC, 2009.
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