segunda-feira, 6 de março de 2017

A LINGUAGEM COMO PARADIGMA FILOSÓFICO E OS PRIMÓRDIOS DA TRADIÇÃO ANALÍTICA (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 02)
Como a linguagem passa a se caracterizar como paradigma adotado na grande maioria das investigações filosófica contemporânea e Como se estabeleceu a tradição da semântica formal?
1 G. FREGE
G. Frege – apresentou e fundamentou a matemática através de leis básicas da lógica, tendência conhecida como logicismo. Com seu objetivo principal estabelecido elaborou o que chamou de conceitografia (linguagem formal, artificialmente construída, diferente das linguagens ordinárias ou naturais, como português, alemão, etc). Para o mesmo as línguas naturais possuem elementos que criam obstáculos resolução de questões no âmbito da filosofia e da lógica.
Sua principal contribuição na filosofia da linguagem encontra-se na analise da noção de significado, decompondo esta em sentido e referencia (exemplo: a lua que tem sua referencia ou denotação que é o próprio objeto que mantém sua orbita em volta da terra, além de existi algo que faz a mediação entre a linguagem e a referencia, isto é, o sentido). A teoria semântica freguiana, é sustentada pela tríade, sinal, sentido e referencia. O Sinal tem um sentido e o Sentido designa a Referencia do Sinal. R. Carnap em 1956 apresentou a distinção entre intensão e extensão
Para G. Frege o sentido de uma expressão não é exclusivo da subjetividade de um único individuo, ele se mostra objetivo e invariável, independente da consciência que se encontra e o sentido é intersubjetivo e comunicado entre os indivíduos. O autor distingue sentido e representação mental (ideia), afastando qualquer traço de mentalismo de sua teoria semântica e apresenta uma marca profunda do antipsicologismo, considerando que ideia são atividades mentais ou subjetivas privada à consciência de um único individuo (conjunto de elemento que compõem um domínio de impressões sensoriais, composto de: sensações, sentimentos, estado de alma, desejos e inclinações).
Nada garante que dois indivíduos que fale de suas ideias estejam falando da mesma coisa.  Não há como expressar as ideias objetivamente através da linguagem (não podemos comunicar uma dor como podemos comunicar um sentido), ou seja, uma ideia é subjetiva, enquanto que o sentido é objetivo (comunicável). Os sinais que contém sentido e que através desse sentido se refere a um objeto, Frege chama de nomes próprios (nomes, combinação de palavras, frases assertivas e descrições definidas).
Descrições definidas – Expressões do tipo: Planeta vermelho; Capital brasileira do regue; e, O autor de “Os tambores de São Luis”, assim, descrições definidas compartilham do mesmo status dos termos singulares: Marte São Luis e Josué Montelo, contudo nomes próprios se distingue ainda de uma outra categoria de sinais, enquanto os nomes próprios tem como referencia um objeto, termos conceituais tem como referência conceitos.
Termos conceituais funcionam como referencia de um predicado gramatical, Exemplos: Ser cachorro, Ser satélite natural da terra, Ser belo, etc, Conceito são por natureza incompletos e sempre precisam da complementação de um objeto, da mesma forma como termos conceituais necessitam da complementação de um nome próprio, assim, da união de ambos adquirimos uma frase ou enunciado dotado de um pensamento completo. Essa frase completa, formada pela combinação de um nome próprio e um termo conceitual é uma frase assertiva ou declarativa.
Frase assertiva ou declarativa – se caracterizam por afirmarem algo, por terem uma pretensão de verdade, tendendo a ser verdadeira ou falsa, (verdadeira caso a realidade dos fatos se adéque ou que é dito na fase e falsa caso tal realidade não se adéque, Exemplo). Assim a referencia de uma frase assertiva é o valor de verdade (valores de verdade – Verdadeiro e Falso). Toda frase verdadeira tem como referencia o valor de verdade verdadeiro, assim como toda frase falsa te como referencia o valor de verdade falso.
Ao especificamos a natureza referencia estamos pressupondo a existência de uma mediação entre o sinal e a referencia, pressupomos a existência de um sentido. Assim, em uma frase assertiva é natural concluir que há um pensamento ou proposição, o sentido dessa frase é um pensamento completo e para Frege o pensamento não é o ato subjetivo de pensar, o pensamento é o conteúdo objetivo que pode ser pensado por diversos indivíduos, diferentemente de uma ideia ou representação mental que é um conteúdo subjetivo. Ao contrario das ideias, os pensamentos não são privados, necessitam de alguém que os apreendam (essa apreensão corresponde à faculdade do pensar). Pensamentos são pensados, portanto, há um ser pensante que é portador do pensar e não do pensamento.
Na teoria semântica freguiana, diversos sinais designam a mesma referencia e existirem sentidos diferentes a cada um desses sinais (exemplo; estrela Dalva e estrela Vespe – sinais e sentidos diferentes - mas referem-se ao mesmo objeto, Venus) e frases que não possui referencia mais não perde o sentido (exemplo: Atual rei da frança – não possui objeto a que se referi, mas continua dotada de sentido), frases que contem expressões desse tipo não terão referencia (não serão nem verdadeiras nem falsas), mas preservarão seu sentido.
2 B. RUSSELL
B. Russell – adepto do logicismo, na sua teoria das descrições parti da ideia de que as frases ou sentenças normalmente são apresentadas em sua forma gramatical e para alcançarmos a sua forma lógica precisaríamos aplicar uma analise lógica à sentença em questão.
Para o autor descrições definidas são expressões incompletas, que não serve para nomear algo no mundo, mas apenas para dar sentido às sentenças (quando ocupam lugar de sujeito dessas sentenças). Nomes próprios em sua forma mais essencial são pronomes como: isto e aquilo e quando usado por um falante, subtendem conhecimento direto e empírico do objeto referido. A esses nomes Russell chama de nomes logicamente próprios.
Russell, diferentemente de Frege (que defende que o significado de um nome próprio é composto de um sentido e uma referencia), propõem que o significado de um nome próprio se resume ao fato de se referir a um objeto. Assim, na sua teoria referencial do significado apesar das descrições referidas se assemelharem a nomes próprios dignando individuo, não são realmente nomes próprios, essas descrições podem deixar de aparecer em sentença através do método de analise lógica, antes mencionados.
Através dessa analise evitaríamos as supostas dificuldades de uma língua natural ou ordinária seria uma tradução de uma linguagem natural para uma linguagem lógica mais perfeita (que forneceria os critérios mais corretos e verdadeiros da relação entre Linguagem e Mundo).
Analise lógica atual em expressões que não tem uma referencia e aparecem em uma sentença completa, expressões não denotativas ou não referenciais (exemplo: O atual rei da França, onde não há objeto que serve de referencia ou denotação para a expressão).
A análise de Russell nos permite falar significativamente de objetos que não existem, permite afirmar a não existência desses objetos, além de permite solucionar a ausência de um valor de verdade para uma sentença (exemplo: O atual rei da frança e calvo).
A necessidade de falsear uma sentença – a existência não é uma propriedade ou um predicado que pode ser aplicado a um objeto, a existência é um operador lógico, é um pressuposto para que algo tenha qualidade, portanto, só podemos atribuir uma propriedade ou um predicado a um objeto existente.
Russell compartilha com Frege uma preferência por uma linguagem formal para tratar de questões lógico-filosóficas, mas enquanto Frege via na linguagem formal uma saída para evitar as ambiguidades de uma língua natural e Russell entendia que basta interpretar bem uma linguagem comum para que ela revele sua forma lógica subjacente, ou seja, na sua noção de a forma lógica, propõem uma análise lógica das sentenças declarativas.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário