PRÁTICA
REFLEXIVA E A DOCÊNCIA EM MATEMÁTICA (recortes de textos parte 1)
É sabido que a matemática
tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento da sociedade e que
problemas de matemática têm ocupado um lugar central no currículo escolar desde
a Antigüidade.
Hoje,
esse papel tem se mostrado ainda mais significativo. A necessidade de se "entender",
"ser capaz" de usar matemática na vida diária e nos locais de
trabalho nunca foi tão grande. Muitos esforços estão sendo feitos para tornar o
ensino da matemática mais eficiente. É necessário que muito mais gente saiba
matemática e a saiba bem. Sempre houve muita dificuldade para se ensinar essa
ciência. Apesar disso, todos reconhecem sua importância e necessidade para se
entender o mundo e nele viver. Segundo D'Ambrósio,
Educação é um ato político [...]. A
educação para a cidadania, que é um dos grandes objetivos da educação de hoje,
exige uma "apreciação" do conhecimento moderno, impregnado de ciência
e tecnologia. Assim, o papel do professor de Matemática é particularmente
importante para ajudar o aluno nessa apreciação, assim como para destacar
alguns dos importantes princípios éticos a ela associados (D'AMBRÓSIO, 1996, p.85-87).
O século XX, ao longo de
reformas sociais, mostrou-se um provocador de muitos movimentos de mudança na
Educação Matemática mundial. A Educação Matemática foi se tornando um assunto
de grande interesse, sendo muitas vezes responsável por acirrados debates.
Pesquisadores de todo o mundo estão trabalhando na reestruturação da Educação
Matemática. Ensinar bem matemática é um empenho complexo e não há receitas
fáceis para isso.
Segundo D'Ambrósio (1993),
a formação de professores de matemática é um dos grandes desafios para o
futuro, sendo esses professores os elementos centrais do processo de ensino aprendizagem.
Diante desses desafios, somos levados a buscar uma nova educação, que possa
proporcionar mudanças em posturas e formação de professores de matemática.
Para
Fiorentini (1995), as relações/intenções que envolvem a tríade aluno – professor – saber matemático motivam,
hoje, um dos principais projetos da investigação
em Educação Matemática, realizados com o objetivo de aprimorar os processos de ensino-aprendizagem.
Segundo ele, o conceito de aprimoramento
de ensino,
[...] é relativo e modifica-se
historicamente, sofrendo determinações socioculturais e políticas, (...) varia de acordo com as concepções epistemológicas,
axiológico-teleológicas e didático-metodológicas daqueles que tentam produzir as inovações ou as transformações
do ensino (FIORENTINI, 1995, p.
2).
Assim, acreditamos que a
prática do professor, tanto em sala de aula como na seleção (ênfase) dos
conteúdos escolares, é conseqüência de suas concepções sobre conhecimento,
aprendizagem, ensino, matemática e educação. Seu modo de ensinar sofre
influência dos valores e das finalidades que ele atribui ao ensino de
matemática, da forma como concebe a relação professor-aluno, além da visão que
tem de mundo, da sociedade e do homem.
Esse ponto de vista é defendido
não só por Fiorentini, mas, também, segundo ele próprio afirma, por vários
outros educadores matemáticos, como Ernest (1991), Ponte (1992), Thompson
(1984), Steiner (1987) e Zuñiga (1987), os quais sustentam que “[...] a forma
como vemos/entendemos a Matemática tem fortes implicações no modo como
praticamos e entendemos o ensino da Matemática e vice-versa” (FIORENTINI, 1995,
p.4).
Em princípio, consideramos
que o professor que concebe a matemática como uma ciência exata e acabada, a histórica
é organizada logicamente, terá uma prática pedagógica diferente daquele que a
concebe como uma ciência viva, dinâmica, construída pelos homens em sua
história, de acordo com as demandas sociais, políticas, culturais, etc., de
cada época.
Assim, se o professor
acredita que aprender matemática se dá através de memorização de regras,
procedimentos e princípios estabelecidos, com objetivos definidos de resolver
exercícios e chegar a respostas corretas, certamente sua prática também será
diferente daquele que entende que se aprende matemática construindo-se os
conceitos a partir de ações reflexivas sobre materiais e atividades, ou mesmo
sobre suas próprias reflexões, ou então daquele que acredita que se aprende
problematizando situações do dia - a- dia.
Nossa trajetória
profissional nos tem mostrado que a maioria dos alunos encontra dificuldades
para aprender os conceitos matemáticos e poucos conseguem perceber a utilidade
e aplicação do que aprendem.
Perez (2004) acredita que
a falta de interesse para estudar matemática pode ser resultante do método de
ensino empregado pelo professor, que usa linguagem e simbolismo muito
particular, além de alto grau de abstração. Segundo ele, a formação do
professor deverá constituir novos domínios de ação e investigação, de grande
importância para o futuro das sociedades, numa época de acelerada transformação
do ser humano. Exige-se, hoje, da profissão docente, competências e
compromissos não só de ordem cultural, científica e pedagógica, mas também de
ordem pessoal e social, influindo nas concepções sobre matemática, educação e
ensino, escola e currículo.
Essas
visões levam as instituições formadoras a repensarem as diretrizes dos cursos
de formação (inicial e continuada), passando a considerar a reflexão do
professor sobre sua prática e seu desenvolvimento profissional como fator de grande
importância (Perez, 1999).
REFERÊNCIAS
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desafio. Pró-Posições. Campinas
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