quarta-feira, 6 de junho de 2018

Era digital e Educação: Avanços e contradições (Pontos de reflexões)
Prof. Esp. Francisco das C. M. dos Santos
Na atualidade, a era digital, vem possibilitando com muita rapidez a troca de informações e o compartilhamento de conteúdo, mudando cada vez mais a forma como as pessoas pensam, se comunicam, criam, produz, e nesse contexto, acaba influenciando, a cada dia, de maneira decisiva, especialmente no aprender a viver de cada pessoa, com afirma Almeida e Silva (2011):
A disseminação e uso de tecnologias digitais, marcadamente dos computadores e da internet, favoreceu o desenvolvimento de uma cultura de uso das mídias e, por conseguinte, de uma configuração social pautada num modelo digital de pensar, criar, produzir, comunicar, aprender – viver. E as tecnologias móveis e a web 2.0, principalmente, são responsáveis por grande parte dessa nova configuração social do mundo que se entrelaça com o espaço digital (ALMEIDA & SILVA, 2011, p. 4).
Considerando esta realidade, abre-se espaço para o uso recursos tecnológico no ambiente educacional, tais como: Computador, Internet, Software, Jogos digitais, Skype, Hangouts, WatsApp, Páginas da internet, dentre outros, que acabam constituindo-se  estratégias que poderão estimular o aluno no processo ensino-aprendizagem de forma mais dinâmica e lúdica, dentro e fora do ambiente escolar, como aponta Teixeira (2011):
O uso de toda uma gama de ferramentas dentro do contexto de sala de aula objetiva aumentar a motivação, tanto de professores quanto de alunos, já que possibilita uma interação diferenciada, mais constante, na medida em que amplia as possibilidades de contato entre educandos e educadores, não mais restrito apenas ao ambiente escolar (TEIXEIRA, 2011, p. 161).
Entretanto, o uso dos recursos tecnológico ainda não é uma realidade em todas as escolas, sabe-se que é verdade que inúmeros fatores contribuem para esses fatos dentre ele a falta de uma estrutura adequada, como laboratórios de informática, salas de multimídias e equipamentos que possam auxiliar os professores em suas aulas.
A sala de aula também ainda precisa ser dinamizada, pois ainda precisa se adequar e deixar de ser um lugar de carteiras enfileiradas e tornar-se um ambiente em que os professores e alunos possam realizar trabalhos diversificados e dinâmicos com ludicidade, especialmente quando se fala no uso das tecnologias na ambiente escolar, e, nesse sentido, CYSNEIROS (1999) alerta:
Em escolas informatizadas, tanto públicas como particulares, tenho observado formas de uso que chamo de inovação conservadora, quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais simples (atualmente, usos do computador para tarefas que poderiam ser feitas por gravadores, retroprojetores, copiadoras, livros, até mesmo lápis e papel). São aplicações da tecnologia que não exploramos recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas quando na realidade apenas mudam-se aparências. (CYSNEIROS, 1999, p. 15-16)
Nesse sentido, é necessário, a realização de uma implementação e utilização das tecnologias de comunicação, de forma planejada e estruturada, que venha possibilitar maiores condições ao professor e alunos dinamizarem o processo de ensino-aprendizagem com aulas mais criativas, mais motivadoras e que desperte, dentro do processo ensino-aprendizagem, a curiosidade e o desejo de aprender, conhecer e fazer descobertas.
Nesse sentido, quando se fala em uso das tecnologias juntamente com todos os seus recursos no ambiente educacional, é necessário considerar a proposta pedagógica da escola, dentro do Projeto Político Pedagógico (PPP), sendo importante que todas as pessoas envolvidas no processo educacional debatam e definam como será a utilização desses recursos e quais objetivos, considerando os interesses e as exigências da comunidade e da sociedade.
Referências
ALMEIDA, M. E. B. de; SILVA, M. das G. M. da. Currículo, tecnologia e cultura digital: espaços e tempos de web currículo. Revista e curriculum, São Paulo, v. 7, n. 1, abril. 2011.
CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora? Informática Educativa, v. 12, n. 1, 1999.
TEIXEIRA, A. G. D. Um levantamento de percepções de professores sobre a tecnologia na prática docente. Linguagens e Diálogos, v. 2, n. 1, 2011.
Educação Física: Da competição à formação integradora (Reflexões)
Prof. Kelma Maria A. Lima
Um dos pontos importante na Educação Física é o trabalho direcionado para a formação integradora, e, para que se possa compreender essa relação, entre competição e cooperação na formação integrada é necessário partir do conceito de competição. Para este propósito recorre-se aos seguintes conceitos:
§  No Polivalente Dicionário Dinâmico Ilustrado (1 Vol. 1979), competição é o ato ou efeito de competir, emulação, rivalidade, porfia;
§  No dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2 ed. 36ª impressão, 1986), competição, [do lat. competitione.] é o ato ou efeito de competir, busca simultânea, por dois ou mais indivíduos de uma vantagem, uma vitória, um prêmio etc... Luta, desafio, disputa, rivalidade.
§  Na compreensão da Biol. Ger. Luta dos seres pela sobrevivência, especialmente quando são escassos os elementos necessários à vida entre os componentes de uma comunidade.
§  No Dicionário Brasileiro Globo (11 ed. 1989), a competição é o ato de competir, rivalidade; antagonismo; emulação.
§  No dicionário de Educação Física e do Esporte (1 ed. 1984), a competição: no esporte, refere-se à disputa entre indivíduos, grupos (equipes) ou nações, que são alinhadas antes de acordo com o principio de chances iguais. A disputa é por um ideal simbólico, um valor material que como regra, só pode ser vencida por um dos lados que competem. Os argumentos históricos prós e contras da competição são repetidos em discussões atuais. Os críticos veem na competição as normas e padrões de comportamentos rígidos do mundo industrial “alienado”, renovado, legalizado e intensificado, que traz como consequência a competição, rivalidade, benefícios próprios. Já os proponentes da competição assumem o seu caráter de experiência e de comunal idade; tendo como consequência o aumento da autoestima, ações racionais, cooperação para atingir um objetivo. Os dois lados não conseguem convencer um ao outro, nem podem (empiricamente) refutar os argumentos do outro.
Tendo em vista esses conceitos, entende-se que a competição faz parte do desenvolvimento humano, e que está atrelada a sua natureza de sobrevivência, levando assim, à busca pela superioridade, observa-se que até no reino animal está presente. Segundo alguns relatos científicos já foram classificados e para entender recorre-se a Ulrich (1977, p. 129-130) que classifica competição, no livro Fundamento de uma Abordagem Desenvolvimentista, nos seguintes aspectos:
a) Pura ou limitada; Pura – é aquela que tem um mínimo de restrições, por exemplo, a luta pelo status, Limitada – faz uso de uma só face das habilidades individuais, por exemplo, uma corrida de cem metros.
b) Absoluta ou relativa: – na absoluta, aparece um só ganhador, enquanto na relativa haverá vários ganhadores, por exemplo, somar um determinado número de pontos numa determinada modalidade, oportunidades em que vários indivíduos do grupo poderão consegui-lo e serem declarados ganhadores.
c) Pessoal ou impessoal: Pessoal – os competidores se defrontam o que se evidencia em muitas práticas esportivas e Impessoais – os concorrentes poderão se defrontar, um exemplo disso são os exames vestibulares, em que os indivíduos desconhecem os opositores.
d) Criativa ou não-criativa; Caso a competição envolve muita gente, estimulando a participação, torna-se criativa. Por outro lado, quando se consomem recursos em função de poucos como um fim social em si mesma, ela se torna não-criativa.
A competição no contexto histórico da sociedade está presente na maior parte das ações da humanidade, pois essa competitividade é parte integrante da vida. Nesse sentido, a competição é ponto fundamental na organização da sociedade humana, desde a comunista primitiva até a capitalista que é predominante na atualidade.
A partir da compreensão de competição relacionada à sociedade capitalista, é fundamental afirmar que hoje, de acordo com o que foi exposto nos itens anteriores, deve-se buscar uma compreensão integradora, que considere a competição humanista. O homem como fator primordial da nossa sociedade será o principal vetor de nossos fatos históricos, relacionados à concepção humanista.
Dentro desta concepção, busca-se um homem integrador, que na compreensão científica é necessário que a sociedade se preocupe com atividades que aproximem um ser do outro. E, essa iniciativa só será possível através da integração. Portanto, essa atitude integradora só será possível quando os professores trabalharem no sentido de aproximar um homem do outro, e a melhor opção para esse ato, é transformar a necessidade que o ser humano tem de competir em atividades cooperativas, e esta mudança favorecerá ao homem uma melhor compreensão do mundo. Não se está defendendo que a competição não deva existir, porém, precisa ser abordada e relacionada à cooperação, no intuito de formar o homem integral.
REFERÊNCIAS
BARBANTE, Valdir Jr. Dicionário de Educação Física e do Esporte. Manole LTDA, 1994.
CASTELLANI Filho, Lino. Educação Física no Brasil: A história que não se conta.  4 ed. Campinas, SP: Papirus, 1998.
FERNANDO, Francisco; LUFT, Celso Pedro e GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 11. ed. Rio de Janeiro, Globo, 1989.
GUIRALDELLI, JR. Paulo. Educação Física Progressista: a pedagogia Crítico Social dos Conteúdos e a Educação Física brasileira. 6 ed. São Paulo: Loyola, 1998.
MOREIRA, Wagner Wey. Educação Física Escolar: uma abordagem fenomenológica. 1992
SAVIANI, Demerval. Filosofia da educação brasileira. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 1998.
SILVA, Elizabeth Nascimento. Educação Física na Escola. Rio de Janeiro. 2 ed: Sprint, 2002.
CONSTRUÇÃO DO SABER ANTROPOLÓGICO E HISTÓRICO: UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO INTERDISCIPLINAR

Introdução a Antropologia (Parte I)

Podemos definir a ciência como o conjunto de atividades, métodos e técnicas que estão ligados aos conhecimentos. É possível afirmar também que, dentre as ciências, a história foi uma das que mais se aprimorou nas últimas décadas, e esse desenvolvimento se deu por conta da sua natureza interdisciplinar, imprimido pela produção historiográfica contemporânea. Os Panoramas dos historiadores se expandiram com novas temáticas, novos objetos e novos métodos. Tudo isso, graças à aproximação da história com a Antropologia. 
Apresar da Antropologia ter sido consolidada como disciplina científica apenas no século XIX, ela tem exercido suas atividades desde o século XVI, onde fazia os relatos sobre viagens que eram reportadas as características dos povos encontrados no caminho dessas viagens, assim fazendo uma descrição de sua língua, raça e religião. Essas atividades eram feitas por missionários, viajantes, exploradores, etc. No final do século XIX, a escola antropológica Evolucionista surgiu.

Para o evolucionismo antropológico a noção de progresso se torna fundamental, pois é o seu rumo que a história do homem se faz. se acredita na unidade básica da espécie humana e o fator tempo passa a ser bastante importante. Progresso, evolução, avanço no tempo. o homem a caminho. a direção é a de um estágio superior de civilização. (EVERARDO, 1988, p. 12).

O evolucionismo, ou “Darwinismo Social”[1], como também era conhecido, é uma das teorias da antropologia, que afirma que todas as sociedades começam de uma forma “primitiva” e com o decorrer do tempo vão tendo uma evolução para um estão “civilizado”, saído do modo animalesco de sociedade e passando a ser uma sociedade civilizada, com apenas o método de pesquisa de gabinete, mas com o passar do tempo vemos a formulação de um novo pensamento que começa com Franz Boas, o Difusionismo.

Assim, o “outro” começa a deixar de ser um simples retrato dos momentos primitivos do “eu” e passa a ocupar um lugar mais destacado como algo, que transforma a teoria antropológica e pode de muitas maneiras, servir para dimensionar a própria sociedade do “eu”. (EVERARDO, 1988, p. 22).

Vemos que com Boas (1998), o pensamento evolucionista é deixado de lado, e por consequência a visão eurocêntrica é retirada da antropologia tendo uma visão diferente da comunidade e do homem em si, com um novo método de abordagem que deixa o gabinete e passa a ir na comunidade, e assim faz uma observação dos mesmos, tendo uma visão do costume e modo de vida. 
Na década de 20, com o nascimento de uma nova corrente teórica, o funcionalismo, que tem o objetivo de compreender os valores da sociedade e a cultura, o que tornou necessário a ênfase no trabalho de campo de vivencia com a sociedade estudada. Tendo assim uma maior compreensão dos costumes, modo de vida e religião da comunidade.
 Na década de 40, com Lévi-Strauss, surge o estruturalismo, que está mais voltado para um método de análise da realidade social, baseado na construção de modelos que expliquem como se dão as relações a partir do que chamam de estruturas de uma sociedade.

REFERÊNCIAS

LÉVIS-ESTRAUSS, Claude. Capitulo1 introdução: história e etnologia in antropologia estrutural. Rio de Janeiro: tempo Brasileiro, 2003, p. 13-41.

ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.  39 p. (Coleção Primeiros Passos, 124).

FOUCAULT, MICHEL. Arqueologia do saber. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
*Compilação: Matheus Wilson S. dos Santos (Acadêmico do 2º período de Licenciatura em História – CESC/UEMA)


[1] O Darwinismo Social é um pensamento sociológico que surgiu no final do século XIX e começo do XX, que tentava explicar a evolução da sociedade humana se baseando na teoria da evolução proposta por Charles Darwin.

CONSTRUÇÃO DO SABER ANTROPOLÓGICO E HISTÓRICO: UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO INTERDISCIPLINAR

Introdução a História (Parte II)

É no transcorrer século XIX[2] que a história começa a ter um rigor mais cientifico, e assim se utilizando do materialismo de documentos para que possa ter validade nas suas pesquisas e trabalhos, adquirindo, assim, propriedade de voz na comunidade cientifica, dando início ao positivismo, que defende a ideia de que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento verdadeiro.
 O positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises sociais e morais do fim da Idade Média, e do nascimento da sociedade industrial.

[...] nos últimos vinte anos, porém, alguns de seus membros do grupo transferiram-se da história socioeconômica para a sociocultural, enquanto outros estão redescobrindo a história política e mesmo a narrativa (BURKE, 1997: 13).

Sendo que no século XX surgiu o movimento dos Annales, que quebra com a ideia positivista de que a história teria apenas uma verdade, e também com a ideia de que era necessária a existência de documentos para a pesquisa tenha validade, e tendo uma nova perspectiva de história abordando a história política e econômica.

O documento, pois, não é mais para história essa matéria e neste inerte através do qual ela tenta construir o que os homens fizeram ou disseram o que é passado e o que deixa apenas rastro ela procura definir o próprio tecido no documento unidade conjunto série relações é preciso desligar a história da imagem com que ela se deitou durante muito tempo e pela qual encontrava-se a justificativa antropológica de uma memória milenar e coletiva que serve de documento materiais para reencontrar o frescor de suas lembranças. (FOUCAULT, 2007, p. 7)

O Annales é um movimento historiográfico que se constitui em torno do periódico acadêmico francês Annales d'histoire é conomique et sociale, tendo se destacado por incorporar métodos das Ciências Sociais à História. Vale ressaltar que o seu nascimento é também um reflexo da conjuntura. E logo depois uma nova forma de história surgiu, a nova história cultural, que tinha o foco na abordagem das minuiria dando lugar para que os pequenos grupos pudessem ter voz e assim ter sua história contada.
Irineia (2010) diz que a história Cultural, mas logo abriu um campo próprio com perspectivas teórico-metodológicas bem diversas. Uma das temáticas da nova história é a religião, pois é um dos temas que mais produziram trabalhos nas últimas décadas tanto na disciplina de história quanto na de antropologia, e das outras disciplinas das ciências sociais.

REFERÊNCIAS

LÉVIS-ESTRAUSS, Claude. Capitulo1 introdução: história e etnologia in antropologia estrutural. Rio de Janeiro: tempo Brasileiro, 2003, p. 13-41.

ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.  39 p. (Coleção Primeiros Passos, 124).

FOUCAULT, MICHEL. Arqueologia do saber. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
*Compilação: Matheus Wilson S. dos Santos (Acadêmico do 2º período de Licenciatura em História – CESC/UEMA)


[2] O desenvolvimento da ciência foi intenso no século XIX. Por essa razão, esse período ficou conhecido como o século das Ciências, muitas descobertas e avanços foram registrados no século XIX em diversas áreas importantes, como a filosofia, as ciências naturais, a física e a medicina além da consolidação da história com ciência.

CONSTRUÇÃO DO SABER ANTROPOLÓGICO E HISTÓRICO: UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO INTERDISCIPLINAR

Historia e antropologia (Parte III)

Com o surgimento da escola dos Annales em 1929, o campo da História passou por grandes mudanças, que levaram à divergência na elaboração de conteúdos ligados a proposta positivista de estrutura política, e levando à um novo pensamento como a História das mentalidades e a História cultura, consequentemente, este movimento levou a aproximação do conteúdo das duas disciplinas História e antropologia, pois as duas estão voltadas para a pesquisa das sociedades humanas.
A proximidade da história com a antropologia nem sempre foi de total harmonia, apesar das duas disciplinas estarem no mesmo campo de abordagem e objetos, por muitas vezes acabaram travando um “diálogo de surdos”, onde os dois falam, mas nem um dos dois escutam e desconsideraram, durante muito tempo, as contribuições uma da outra.
Um dos debates é em torno do objeto de pesquisa de ambas as disciplinas,  o “Homem”, onde é discutida toda uma questão de como será abordado, quais as metodologias que serão empregadas na pesquisa e, o impacto dos estudos na sociedade, sendo que tanto os historiadores quanto os antropólogos têm o cuidado para não passar do seu campo de estudo, mas isso muda na década de 70, com a virada antropológica.    
A história começou a utilizar os conhecimentos da antropologia, ou vice-versa, para dar base a alguns de seus trabalhos e pesquisa na década de 1970 a 1980 que se deu o nome de “Virada antropológica”[3], onde temos a ligação da temática cultural entre as duas disciplinas.

De fato, ao voltar o olhar para a temática cultural – movimento que já vinha acontecendo na historiografia desde o século XVIII e intensificado com a Escola dos Annales – os historiadores puderam refletir objetos que, até então, estavam mais fortemente vinculados às pesquisas antropológicas e etnológicas. (IRINEIA, 2010, p. 193).

Percebemos com isso que a interdisciplinaridade da História com a Antropologia está ligada à grande semelhança nas suas metodologias de pesquisa-ação e metodologia de ensino, assim como no recolhimento de dados de fonte oral que ambas a utilizam para fins de pesquisa, tendo em vista que essa proposta de interdisciplinaridade foi proposta por Bloch e Febvre na revista Annales com o intuito de escrever uma história total.
 A questão do entrosamento das disciplinas começa pelo fato da história buscar dados nas leituras antropológicas (FONTES), outro aspecto é a apropriação dos métodos de observação e de coleta de testemunho oral que está muito ligado à antropologia, o fato é que ambas as disciplinas são essenciais e complementam-se na pesquisa uma da outra. A antropologia também faz uso de métodos da história como o de tratamento historiográfico sistematizado, o que leva os antropólogos a recorrerem à História como auxilio em suas interpretações.

REFERÊNCIAS

LÉVIS-ESTRAUSS, Claude. Capitulo1 introdução: história e etnologia in antropologia estrutural. Rio de Janeiro: tempo Brasileiro, 2003, p. 13-41.

ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.  39 p. (Coleção Primeiros Passos, 124).

FOUCAULT, MICHEL. Arqueologia do saber. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
*Compilação: Matheus Wilson S. dos Santos (Acadêmico do 2º período de Licenciatura em História – CESC/UEMA)


[3] A virada antropológica e a relação entre história e antropologia, a aproximação entre essas duas áreas do conhecimento que alguns já denominam de história antropológica