Educação
Física: Da competição à formação integradora (Reflexões)
Prof. Kelma Maria A. Lima
Um dos pontos importante na Educação Física é o
trabalho direcionado para a formação integradora, e, para que se possa
compreender essa relação, entre competição e cooperação na formação integrada é
necessário partir do conceito de competição. Para este propósito recorre-se aos
seguintes conceitos:
§ No
Polivalente Dicionário Dinâmico Ilustrado (1 Vol. 1979), competição é o ato ou
efeito de competir, emulação, rivalidade, porfia;
§ No
dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2 ed. 36ª impressão, 1986),
competição, [do lat. competitione.] é o ato ou efeito de competir, busca
simultânea, por dois ou mais indivíduos de uma vantagem, uma vitória, um prêmio
etc... Luta, desafio, disputa, rivalidade.
§ Na
compreensão da Biol. Ger. Luta dos seres pela sobrevivência, especialmente
quando são escassos os elementos necessários à vida entre os componentes de uma
comunidade.
§ No
Dicionário Brasileiro Globo (11 ed. 1989), a competição é o ato de competir,
rivalidade; antagonismo; emulação.
§ No
dicionário de Educação Física e do Esporte (1 ed. 1984), a competição: no
esporte, refere-se à disputa entre indivíduos, grupos (equipes) ou nações, que
são alinhadas antes de acordo com o principio de chances iguais. A disputa é
por um ideal simbólico, um valor material que como regra, só pode ser vencida
por um dos lados que competem. Os argumentos históricos prós e contras da
competição são repetidos em discussões atuais. Os críticos veem na competição
as normas e padrões de comportamentos rígidos do mundo industrial “alienado”,
renovado, legalizado e intensificado, que traz como consequência a competição,
rivalidade, benefícios próprios. Já os proponentes da competição assumem o seu
caráter de experiência e de comunal idade; tendo como consequência o aumento da
autoestima, ações racionais, cooperação para atingir um objetivo. Os dois lados
não conseguem convencer um ao outro, nem podem (empiricamente) refutar os
argumentos do outro.
Tendo em vista esses conceitos, entende-se que a
competição faz parte do desenvolvimento humano, e que está atrelada a sua
natureza de sobrevivência, levando assim, à busca pela superioridade,
observa-se que até no reino animal está presente. Segundo alguns relatos
científicos já foram classificados e para entender recorre-se a Ulrich (1977,
p. 129-130) que classifica competição, no livro Fundamento de uma Abordagem
Desenvolvimentista, nos seguintes aspectos:
a) Pura ou limitada; Pura – é aquela que tem um
mínimo de restrições, por exemplo, a luta pelo status, Limitada – faz uso de
uma só face das habilidades individuais, por exemplo, uma corrida de cem
metros.
b) Absoluta ou relativa: – na absoluta, aparece um
só ganhador, enquanto na relativa haverá vários ganhadores, por exemplo, somar
um determinado número de pontos numa determinada modalidade, oportunidades em
que vários indivíduos do grupo poderão consegui-lo e serem declarados
ganhadores.
c) Pessoal ou impessoal: Pessoal – os competidores
se defrontam o que se evidencia em muitas práticas esportivas e Impessoais – os
concorrentes poderão se defrontar, um exemplo disso são os exames vestibulares,
em que os indivíduos desconhecem os opositores.
d) Criativa ou não-criativa; Caso a competição
envolve muita gente, estimulando a participação, torna-se criativa. Por outro
lado, quando se consomem recursos em função de poucos como um fim social em si
mesma, ela se torna não-criativa.
A competição no contexto histórico da sociedade
está presente na maior parte das ações da humanidade, pois essa competitividade
é parte integrante da vida. Nesse sentido, a competição é ponto fundamental na
organização da sociedade humana, desde a comunista primitiva até a capitalista
que é predominante na atualidade.
A partir da compreensão de competição relacionada à
sociedade capitalista, é fundamental afirmar que hoje, de acordo com o que foi
exposto nos itens anteriores, deve-se buscar uma compreensão integradora, que
considere a competição humanista. O homem como fator primordial da nossa
sociedade será o principal vetor de nossos fatos históricos, relacionados à
concepção humanista.
Dentro desta concepção, busca-se um homem
integrador, que na compreensão científica é necessário que a sociedade se
preocupe com atividades que aproximem um ser do outro. E, essa iniciativa só
será possível através da integração. Portanto, essa atitude integradora só será
possível quando os professores trabalharem no sentido de aproximar um homem do
outro, e a melhor opção para esse ato, é transformar a necessidade que o ser
humano tem de competir em atividades cooperativas, e esta mudança favorecerá ao
homem uma melhor compreensão do mundo. Não se está defendendo que a competição
não deva existir, porém, precisa ser abordada e relacionada à cooperação, no
intuito de formar o homem integral.
REFERÊNCIAS
BARBANTE,
Valdir Jr. Dicionário de Educação Física
e do Esporte. Manole LTDA, 1994.
CASTELLANI
Filho, Lino. Educação Física no Brasil:
A história que não se conta. 4 ed.
Campinas, SP: Papirus, 1998.
FERNANDO,
Francisco; LUFT, Celso Pedro e GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 11. ed. Rio de Janeiro, Globo, 1989.
GUIRALDELLI,
JR. Paulo. Educação Física Progressista:
a pedagogia Crítico Social dos Conteúdos e a Educação Física brasileira. 6 ed.
São Paulo: Loyola, 1998.
MOREIRA,
Wagner Wey. Educação Física Escolar:
uma abordagem fenomenológica. 1992
SAVIANI,
Demerval. Filosofia da educação
brasileira. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 1998.
SILVA,
Elizabeth Nascimento. Educação Física na
Escola. Rio de Janeiro. 2 ed: Sprint, 2002.
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