quarta-feira, 6 de junho de 2018

Educação Física: Da competição à formação integradora (Reflexões)
Prof. Kelma Maria A. Lima
Um dos pontos importante na Educação Física é o trabalho direcionado para a formação integradora, e, para que se possa compreender essa relação, entre competição e cooperação na formação integrada é necessário partir do conceito de competição. Para este propósito recorre-se aos seguintes conceitos:
§  No Polivalente Dicionário Dinâmico Ilustrado (1 Vol. 1979), competição é o ato ou efeito de competir, emulação, rivalidade, porfia;
§  No dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2 ed. 36ª impressão, 1986), competição, [do lat. competitione.] é o ato ou efeito de competir, busca simultânea, por dois ou mais indivíduos de uma vantagem, uma vitória, um prêmio etc... Luta, desafio, disputa, rivalidade.
§  Na compreensão da Biol. Ger. Luta dos seres pela sobrevivência, especialmente quando são escassos os elementos necessários à vida entre os componentes de uma comunidade.
§  No Dicionário Brasileiro Globo (11 ed. 1989), a competição é o ato de competir, rivalidade; antagonismo; emulação.
§  No dicionário de Educação Física e do Esporte (1 ed. 1984), a competição: no esporte, refere-se à disputa entre indivíduos, grupos (equipes) ou nações, que são alinhadas antes de acordo com o principio de chances iguais. A disputa é por um ideal simbólico, um valor material que como regra, só pode ser vencida por um dos lados que competem. Os argumentos históricos prós e contras da competição são repetidos em discussões atuais. Os críticos veem na competição as normas e padrões de comportamentos rígidos do mundo industrial “alienado”, renovado, legalizado e intensificado, que traz como consequência a competição, rivalidade, benefícios próprios. Já os proponentes da competição assumem o seu caráter de experiência e de comunal idade; tendo como consequência o aumento da autoestima, ações racionais, cooperação para atingir um objetivo. Os dois lados não conseguem convencer um ao outro, nem podem (empiricamente) refutar os argumentos do outro.
Tendo em vista esses conceitos, entende-se que a competição faz parte do desenvolvimento humano, e que está atrelada a sua natureza de sobrevivência, levando assim, à busca pela superioridade, observa-se que até no reino animal está presente. Segundo alguns relatos científicos já foram classificados e para entender recorre-se a Ulrich (1977, p. 129-130) que classifica competição, no livro Fundamento de uma Abordagem Desenvolvimentista, nos seguintes aspectos:
a) Pura ou limitada; Pura – é aquela que tem um mínimo de restrições, por exemplo, a luta pelo status, Limitada – faz uso de uma só face das habilidades individuais, por exemplo, uma corrida de cem metros.
b) Absoluta ou relativa: – na absoluta, aparece um só ganhador, enquanto na relativa haverá vários ganhadores, por exemplo, somar um determinado número de pontos numa determinada modalidade, oportunidades em que vários indivíduos do grupo poderão consegui-lo e serem declarados ganhadores.
c) Pessoal ou impessoal: Pessoal – os competidores se defrontam o que se evidencia em muitas práticas esportivas e Impessoais – os concorrentes poderão se defrontar, um exemplo disso são os exames vestibulares, em que os indivíduos desconhecem os opositores.
d) Criativa ou não-criativa; Caso a competição envolve muita gente, estimulando a participação, torna-se criativa. Por outro lado, quando se consomem recursos em função de poucos como um fim social em si mesma, ela se torna não-criativa.
A competição no contexto histórico da sociedade está presente na maior parte das ações da humanidade, pois essa competitividade é parte integrante da vida. Nesse sentido, a competição é ponto fundamental na organização da sociedade humana, desde a comunista primitiva até a capitalista que é predominante na atualidade.
A partir da compreensão de competição relacionada à sociedade capitalista, é fundamental afirmar que hoje, de acordo com o que foi exposto nos itens anteriores, deve-se buscar uma compreensão integradora, que considere a competição humanista. O homem como fator primordial da nossa sociedade será o principal vetor de nossos fatos históricos, relacionados à concepção humanista.
Dentro desta concepção, busca-se um homem integrador, que na compreensão científica é necessário que a sociedade se preocupe com atividades que aproximem um ser do outro. E, essa iniciativa só será possível através da integração. Portanto, essa atitude integradora só será possível quando os professores trabalharem no sentido de aproximar um homem do outro, e a melhor opção para esse ato, é transformar a necessidade que o ser humano tem de competir em atividades cooperativas, e esta mudança favorecerá ao homem uma melhor compreensão do mundo. Não se está defendendo que a competição não deva existir, porém, precisa ser abordada e relacionada à cooperação, no intuito de formar o homem integral.
REFERÊNCIAS
BARBANTE, Valdir Jr. Dicionário de Educação Física e do Esporte. Manole LTDA, 1994.
CASTELLANI Filho, Lino. Educação Física no Brasil: A história que não se conta.  4 ed. Campinas, SP: Papirus, 1998.
FERNANDO, Francisco; LUFT, Celso Pedro e GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 11. ed. Rio de Janeiro, Globo, 1989.
GUIRALDELLI, JR. Paulo. Educação Física Progressista: a pedagogia Crítico Social dos Conteúdos e a Educação Física brasileira. 6 ed. São Paulo: Loyola, 1998.
MOREIRA, Wagner Wey. Educação Física Escolar: uma abordagem fenomenológica. 1992
SAVIANI, Demerval. Filosofia da educação brasileira. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 1998.
SILVA, Elizabeth Nascimento. Educação Física na Escola. Rio de Janeiro. 2 ed: Sprint, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário