CONSTRUÇÃO
DO SABER ANTROPOLÓGICO E HISTÓRICO: UMA PERSPECTIVA DE FORMAÇÃO INTERDISCIPLINAR
Historia
e antropologia (Parte III)
Com o surgimento da escola
dos Annales em 1929, o campo da História passou por grandes mudanças, que levaram
à divergência na elaboração de conteúdos ligados a proposta positivista de
estrutura política, e levando à um novo pensamento como a História das
mentalidades e a História cultura, consequentemente, este movimento levou a
aproximação do conteúdo das duas disciplinas História e antropologia, pois as
duas estão voltadas para a pesquisa das sociedades humanas.
A
proximidade da história com a antropologia nem sempre foi de total harmonia,
apesar das duas disciplinas estarem no mesmo campo de abordagem e objetos, por
muitas vezes acabaram travando um “diálogo de surdos”, onde os dois
falam, mas nem um dos dois escutam e desconsideraram, durante muito tempo, as
contribuições uma da outra.
Um
dos debates é em torno do objeto de pesquisa de ambas as disciplinas, o “Homem”, onde é discutida toda uma questão
de como será abordado, quais as metodologias que serão empregadas na pesquisa e,
o impacto dos estudos na sociedade, sendo que tanto os historiadores quanto os
antropólogos têm o cuidado para não passar do seu campo de estudo, mas isso
muda na década de 70, com a virada antropológica.
A história começou a
utilizar os conhecimentos da antropologia, ou vice-versa, para dar base a alguns de seus
trabalhos e pesquisa na década de 1970 a 1980 que se deu o nome de “Virada
antropológica”[3],
onde temos a ligação da temática cultural entre as duas disciplinas.
De fato, ao voltar o
olhar para a temática cultural – movimento que já vinha acontecendo na
historiografia desde o século XVIII e intensificado com a Escola dos Annales –
os historiadores puderam refletir objetos que, até então, estavam mais
fortemente vinculados às pesquisas antropológicas e etnológicas. (IRINEIA, 2010,
p. 193).
Percebemos com isso que a interdisciplinaridade
da História com a Antropologia está ligada à grande semelhança nas suas
metodologias de pesquisa-ação e metodologia de ensino, assim como no
recolhimento de dados de fonte oral que ambas a utilizam para fins de pesquisa,
tendo em vista que essa proposta de interdisciplinaridade foi proposta por Bloch
e Febvre na revista Annales com o
intuito de escrever uma história total.
A questão do entrosamento das disciplinas
começa pelo fato da história buscar dados nas leituras antropológicas (FONTES),
outro aspecto é a apropriação dos métodos de observação e de coleta de
testemunho oral que está muito ligado à antropologia, o fato é que ambas as
disciplinas são essenciais e complementam-se na pesquisa uma da outra. A
antropologia também faz uso de métodos da história como o de tratamento
historiográfico sistematizado, o que leva os antropólogos a recorrerem à
História como auxilio em suas interpretações.
REFERÊNCIAS
LÉVIS-ESTRAUSS,
Claude. Capitulo1 introdução: história e
etnologia in antropologia estrutural. Rio de Janeiro: tempo Brasileiro,
2003, p. 13-41.
ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 39 p. (Coleção Primeiros Passos, 124).
FOUCAULT,
MICHEL. Arqueologia do saber. 7 ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
*Compilação:
Matheus Wilson S. dos Santos (Acadêmico do 2º período de Licenciatura em
História – CESC/UEMA)
[3] A
virada antropológica e a relação entre história e antropologia, a
aproximação entre essas duas áreas do conhecimento que alguns já denominam de
história antropológica
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