domingo, 6 de agosto de 2017

ABORDAGEM HUMANISTA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM (*Compilação de textos)
Contextualizando
Nessa abordagem o enfoque é o sujeito, com “ensino centrado no aluno”. No entanto, sob alguns pontos de vista, esse enfoque também tem características interacionistas de sujeito-objeto. Para Mizukami (1986, p. 37), o referencial teórico desta corrente tem origem no trabalho de Rogers (1972), que não foi especificamente elaborado para a educação, e sim para tratamento terapêutico.
O enfoque rogeriano enfatiza as relações interpessoais, objetivando o crescimento do indivíduo, em seus processos internos de construção e organização pessoal da realidade, de forma que atue como uma pessoa integrada. Nesse contexto, o professor deve ser um “facilitador da aprendizagem”, ou seja, deve fornecer condições para que os alunos aprendam, podendo ser treinado para tomar atitudes favoráveis condizentes com essa função.
Os conteúdos de ensino são vistos como externos e assumem papel secundário, privilegiando-se o relacionamento das pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem. Por outro lado, verifica-se na obra de Rogers (1972) e na abordagem humanista a carência de uma teoria de instrução que forneça bases e diretrizes sólidas para a prát ica educativa.
No trabalho de Bordenave (1984, pp. 42-3) não se identifica de forma explícita à abordagem humanista, com base nos pressupostos de Rogers (1972). No entanto, é feita uma aproximação, somente em alguns aspectos, por meio daquilo que este denomina “pedagogia da problemat ização”. Como exemplo disso, faz a seguinte afirmação: “... o docente facilita a ident ificação de ‘problemas’ pelo grupo, sua análise e teorização, bem como a busca de soluções alternativas ... incentivam a aprendizagem ... a solidariedade com o grupo com o qual se trabalha ... sua percepção do professor não é autoritária, pois o papel do professor não é de autoridade superior, mas de facilitador de uma aprendizagem em que ele também é aprendiz”.
Libâneo (1982, pp. 12) identifica essa abordagem à pedagogia liberal, em sua versão renovada não-diretiva. Discorrendo sobre isso diz que, “em termos pedagógicos, a escola renovada propõe a auto-educação — o aluno como sujeito do conhecimento —, de onde se extrai a idéia do processo educativo como desenvolvimento da natureza infantil: a ênfase na aquisição de processos de conhecimentos em oposição aos conteúdos”.
Por outro lado, Saviani (1984, pp. 11-5) não explicita o trabalho de Rogers (1972), mas, em função das características observadas de não-diretividade do ensino e o primado do sujeito, podemos enquadrar a abordagem humanista dentro do que Saviani (1984) chama de a pedagogia nova, considerada o marco inicial para o surgimento das tendências não-diretivas e antiautoritárias. Esse autor nos ensina que “o professor agiria como um estimulador e orientador da aprendizagem, cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que se estabeleceria entre estes e o professor”.
Elementos relevantes sobre a abordagem humanista:
A Escola – Escola proclamada para todos. “Democrática”. Afrouxamento das normas disciplinares. Deve oferecer condições ao desenvolvimento e autonomia do aluno.
O Aluno – Um ser “ativo”. Centro do processo de ensino e aprendizagem. Aluno criativo, que “aprendeu a aprender”. Aluno participativo.
O Professor – O professor é o facilitador da aprendizagem. O professor não ensina, apenas cria condições para que os alunos aprendam.
O Conteúdo – O conteúdo e abordado através das experiências do aluno. Na experiência pessoal e subjetiva o conhecimento é construído no decorrer do processo de vir a ser da pessoa humana.
O Conhecimento – A experiência pessoal e subjetiva é o fundamento sobre o qual o conhecimento é construído, no decorrer do processo de vir a ser da pessoa humana. A percepção é realidade no que se refere ao individuo.
O Ensino e Aprendizagem – Deve desenvolver a inteligência, considerando o sujeito inserido numa situação social. A inteligência constrói-se a partir da troca do organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo. Baseados no ensaio e no erro, na pesquisa, na investigação, na solução de problemas, facilitando o “aprender a pensar”. Ênfase nos trabalhos em equipe e jogos.
A Finalidade da Educação – Educação centrada no aluno. Sua finalidade inicial é a criação de condições que facilitam a aprendizagem de forma que seja possível seu desenvolvimento intelectual e emocional. Busca criar condições para que os alunos tornem-se pessoas de iniciativas, de responsabilidade, autodeterminação e possa aplicar a aprendizagem no que lhe servirão de solução para seus problemas do cotidiano.
A Metodologia – Cada educador deve elaborar sua forma de facilitar a aprendizagem (sem enfatize à técnica/método). Refere à sala de aula, ênfase atribuída à relação pedagógica, de clima favorável e liberdade, que possibilite a aprendizagem.
Relação Professor-Aluno – Cada professor desenvolverá seu próprio repertório de uma forma única e o processo de ensino irá depender do caráter individual do professor, como ele se relaciona com o caráter pessoal do aluno. As relações de conduta entre ambos devem ser baseada na compreensão da conduta, aceitação e confiança. O aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes a aprendizagem que tem significado para eles.
Avaliação – A avaliação tem um carácter secundário. Aprender a conhecerem-se a si mesmos num processo de construção pessoal. As avaliações de acordo com padrões prefixados, por auto-avaliação dos alunos. O aluno deverá assumir formas de controle de sua aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até onde estão sendo atingidos os objetivos que pretende, com responsabilidade, autoavaliação e autocrítica.
Referências
FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo: Cortez, 1995.
SANTOS, Roberto Vatan dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem. Disponível em: <ftp://ftp.usjt.br/pub/revint/19_40.pdf>. Acessado em Jan. de 2013.
*Estudo, Compilação e apresentação, realizada pelos alunos do Curso de Informática do IFMA: Antonio Francisco A. da Silva, Cícero B. de Andrade, Francisco das C. M. dos Santos e Ivanilson L. da Silva.

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