POLÍTICAS DE INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE: MARCOS LEGAIS E NORMATIVOS (Unidade 1 – Parte 4)
Outro desafio para o sucesso
da inclusão escolar, seria o preparo da comunidade escolar para o acolhimento
dos alunos com necessidades educacionais especiais, juntamente com o valor que
se dá a relação família-escola que também é uma necessidade veemente no
contexto atual, assim como prover as escolas com recursos materiais e humanos que
viabilizem o sucesso desse movimento.
A inclusão escolar deve ser compreendida
por todas as pessoas constituintes do espaço escolar e não somente pelo
professor, isso significa que desde o porteiro que recebe os alunos na entrada
da escola até a merendeira, o corpo técnico administrativo e os gestores
escolares devem compreender o movimento de inclusão em sua essência, deve haver
acolhimento, precisa-se esclarecer e introjetar na comunidade escolar o censo
de responsabilidade do “todo escolar” na prática diária de inclusão de alunos
com necessidades educacionais especiais.
Outro desafio, que percebemos
através da exploração dos textos dos teóricos referendados aliados às
experiências práticas, encontra-se na falta de conhecimento da família com
relação ao atendimento oferecido ao aluno na escola, aos desajustes entre
práticas utilizadas na classe comum e no atendimento educacional especializado,
bem como as práticas que são utilizadas em casa, estas interações deveriam ser consideradas
e articuladas de forma a beneficiar o desenvolvimento do aluno.
A relação família-escola segundo Bueno (2008),
deve ser melhor considerada no processo de inclusão escolar. A esse respeito a declaração
de Salamanca (1994) dispõe no artigo 57, o seguinte objetivo,
A educação de crianças
com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais
e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar
e social. Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de
uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais deveria
ser aprimorado através da provisão de informação necessária em linguagem clara
e simples; o enfoque na urgência de informação e de treinamento em habilidades
paternas constitui uma tarefa importante em culturas aonde a tradição de
escolarização seja pouca. (SALAMANCA, 1994, p.13-14).
Bueno (2008, p. 59) salienta que
a relação escola-comunidade, principalmente escola-família, não deve ser
negligenciada, haja vista que constitui um dos fatores fundamentais para o
êxito escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais, o que se
configura em mais um dos desafios a serem superados.
Os desafios para a inclusão
escolar vão muito além das questões aqui abordadas, no entanto conclui-se
ocupar essas questões fatores centrais da problemática da inclusão escolar. As
possibilidades e perspectivas para a promoção de uma escola acolhedora das
diferenças, que busque através de um olhar não mais normalizador, compreender e
trabalhar pela e na diferença dependerá essencialmente da superação desses
desafios, tal superação, a luz dos teóricos referendados, possibilitará uma escola
verdadeiramente inclusiva.
Nesse sentido, Amaral (1995), afirma:
A diversidade existente
em todo e qualquer grupo social é o desafio do século, sendo necessário, para
um ajuste social, respeito às diferenças. Nesse sentido, entender a diversidade
sugere a “possibilidade de transformar aquilo que era inimigo numa luz
norteadora de futuras incursões” (AMARAL, 1995, p. 27).
Cabe então, aos gestores
escolares, técnicos administrativos, corpo docente, e demais membros da
comunidade escolar modificar as atuais práticas excludentes de inclusão escolar,
o fato de não ser possível modificar essa realidade instantaneamente, não
significa fadar-se ao permanente fracasso, e sim que deve haver engajamento
para operacionalizar as mudanças necessárias apontadas.
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