terça-feira, 6 de abril de 2021

 POLÍTICAS DE INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE: MARCOS LEGAIS E NORMATIVOS (Unidade 1 – Parte 4)

Outro desafio para o sucesso da inclusão escolar, seria o preparo da comunidade escolar para o acolhimento dos alunos com necessidades educacionais especiais, juntamente com o valor que se dá a relação família-escola que também é uma necessidade veemente no contexto atual, assim como prover as escolas com recursos materiais e humanos que viabilizem o sucesso desse movimento.

A inclusão escolar deve ser compreendida por todas as pessoas constituintes do espaço escolar e não somente pelo professor, isso significa que desde o porteiro que recebe os alunos na entrada da escola até a merendeira, o corpo técnico administrativo e os gestores escolares devem compreender o movimento de inclusão em sua essência, deve haver acolhimento, precisa-se esclarecer e introjetar na comunidade escolar o censo de responsabilidade do “todo escolar” na prática diária de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais.

Outro desafio, que percebemos através da exploração dos textos dos teóricos referendados aliados às experiências práticas, encontra-se na falta de conhecimento da família com relação ao atendimento oferecido ao aluno na escola, aos desajustes entre práticas utilizadas na classe comum e no atendimento educacional especializado, bem como as práticas que são utilizadas em casa, estas interações deveriam ser consideradas e articuladas de forma a beneficiar o desenvolvimento do aluno.

A relação família-escola segundo Bueno (2008), deve ser melhor considerada no processo de inclusão escolar. A esse respeito a declaração de Salamanca (1994) dispõe no artigo 57, o seguinte objetivo,

A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais deveria ser aprimorado através da provisão de informação necessária em linguagem clara e simples; o enfoque na urgência de informação e de treinamento em habilidades paternas constitui uma tarefa importante em culturas aonde a tradição de escolarização seja pouca. (SALAMANCA, 1994, p.13-14).

Bueno (2008, p. 59) salienta que a relação escola-comunidade, principalmente escola-família, não deve ser negligenciada, haja vista que constitui um dos fatores fundamentais para o êxito escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais, o que se configura em mais um dos desafios a serem superados.

Os desafios para a inclusão escolar vão muito além das questões aqui abordadas, no entanto conclui-se ocupar essas questões fatores centrais da problemática da inclusão escolar. As possibilidades e perspectivas para a promoção de uma escola acolhedora das diferenças, que busque através de um olhar não mais normalizador, compreender e trabalhar pela e na diferença dependerá essencialmente da superação desses desafios, tal superação, a luz dos teóricos referendados, possibilitará uma escola verdadeiramente inclusiva.

Nesse sentido, Amaral (1995), afirma:

A diversidade existente em todo e qualquer grupo social é o desafio do século, sendo necessário, para um ajuste social, respeito às diferenças. Nesse sentido, entender a diversidade sugere a “possibilidade de transformar aquilo que era inimigo numa luz norteadora de futuras incursões” (AMARAL, 1995, p. 27).

Cabe então, aos gestores escolares, técnicos administrativos, corpo docente, e demais membros da comunidade escolar modificar as atuais práticas excludentes de inclusão escolar, o fato de não ser possível modificar essa realidade instantaneamente, não significa fadar-se ao permanente fracasso, e sim que deve haver engajamento para operacionalizar as mudanças necessárias apontadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário