sábado, 6 de maio de 2023

CASSIMIRO, Paulo Henrique Paschoeto. As Origens Ambivalentes do Conservadorismo. O lugar de Edmund Burke na História do Pensamento Político. Leviathan. Cadernos de Pesquisa Política N. 11, pp. 56-87, 2015. (*Resenha)

Introdução

O artigo analisado, As Origens Ambivalentes do Conservadorismo. O lugar de Edmund Burke na História do Pensamento Político, de Paulo Henrique Paschoeto Cassimiro (Doutor e mestre em ciência política pelo IESP-UERJ, é graduado em ciências sociais pela Universidade Federal Fluminense), faz exposição de três aspectos interpretados referente a obra do autor Edmund Burke, que buscam apresentar fundamentos da tradição do pensamento conservador, considerando na literatura como contra-iluminista do pensamento contrarrevolucionário, caracterizado por um iluminismo diverso hegemonicamente pelo movimento das ideias na França do século XVIII, calcada numa concepção de sociedade orgânica e numa hierarquia que emerge da natural desigualdade das relações sociais, que tem como referência seus principais interpretes.

Primeira parte do artigo: Burke e a História das Ideias Conservadoras.

Apresenta as ideias sobre Burke, a partir de duas vertentes, dos estudos a relação de Burke com a vida seu tempo e a relação entre as ideias políticas; e, a bibliografia voltada à teoria política de Burke, apresentando duas tendências distintas: primeira tendo Burke como um autor fundamentalmente voltado para temas de política prática e imediata, que nega as formulações teóricas do iluminismo e afirma em contraposição uma leitura utilitarista e pragmática da política, e apresenta ideias convergentes e divergentes entre Nisbet e Russell Kirk.

Na visão de Nisbet, o conservadorismo apresenta-se como uma das três ideologias política mais influentes dos últimos dois séculos, sendo a ideologia, qualquer conjunto de ideias morais, econômicas, sociais e culturais razoavelmente coerentes, com solida relação com a política e o poder, que se relaciona com circunstâncias do momento histórico e que grande parte das características, dos argumentos e das ideias principais que compuseram as ideias conservadoras tem sua origem na obra de Edmund Burke, atribuindo ao mesmo a ascendência de toda a tradição conservadora.

Já na visão de Kirk, a obra de Burke apresenta-se como início da tradição conservadora, caracterizada justamente pela crítica aos princípios racionalistas e materialistas que definem a filosofia moderna, realizada no auge do movimento do iluminismo francês no século XVIII, entretanto, diferente de Nisbet, o autor acredita que o caráter ideológico do pensamento conservador, e, defini a categoria de ideologia qualquer tipo de movimento político moderno, incluindo  conservadorismo, liberalismo e socialismo nessa mesma categoria, entrando em contraste com o conceito de dogmática política. Porém, Kirk ainda assim insiste em afirmar a paternidade de Burke.

Segunda parte do artigo: Burke e o Contra-Iluminismo

Nesta pater são apresentados pensamentos de Burke dentro da categoria de contra-iluminismo, a parti alguns autores em estudos realizados por Isaiah Berlin, em que coloca o conceito de crítica surge como o elemento principal na formação das filosofias modernas, apresentando-se como o principal elemento de produção da ruptura radical com o passado diante de elementos normativos. Afirmando que o ponto central das filosofias políticas moderna ocorre mediante capacidade humana de criar através da razão uma ideia que oriente a ordem da vida em sociedade, em que a razão da modernidade libertaria os homens, não só do universo físico, mas da história, da antropologia e de estruturas sociais e políticas novas

Berlin apresenta estudos de três autores do contra-iluminismo: 1) o filósofo napolitano Giambattista Vico, que ver o racionalismo cartesiano com equivoco em acreditar que a realidade poderia ser desvendada como uma estrutura lógica, através de princípios matemáticos, onde poderia estabelecer relações, medidas e desvendar regularidades, entretanto não descobrir, a razão e a finalidade da ocorrência dos fenômenos naturais; 2) o filosofio de Hamann, que tem sua filosofia baseada na ideia de que “a razão é impotente para evidenciar a existência de qualquer coisa e é uma ferramenta conveniente apenas para classificar e arranjar dados em padrões determinados;e, 3) o filósofo Johann Gotthfried von Herder que, segundo Berlin, a aplicação de sua filosofia proporciona uma tentativa  de  compreensão da história humana. Sendo entendi a partir de suas análises que para compreendermos a ação humana, precisamos antes entender a estrutura de uma sociedade em termos de costumes, crenças e arte.

Terceira parte do artigo: Burke e o Iluminismo Inglês

São apresentadas as ideias do autor Isaiah Berlin, que trata da tradição contra-iluminista, quando o mesmo promoveu a partir de seus estudos uma repercussão, tornando-se referência e destaca as análises do autor J. G. A. Pocock, que apresenta o conceito de Iluminismo explicitamente formado em reação à caracterização geral do movimento feita por Franco Venturi, que não nega a ideia central de Venturi de que na Inglaterra realmente não havia "philosophes" nos moldes franceses, configurando o iluminismo como fruto de uma relação intima  entre o poder e a filosofia, sobre a probabilidade do pensamento produzir transformação social e política, não sendo o mesmo um fenômeno unificado, podendo ser distinguido através de uma "sociologia dos intelectuais".

São trabalhados por Pocock, em sua definição (dentre outras abordagens temáticas) a partir de duas distinções a partir das ideias e conceitos fundamentais: caracterizadas por relacionar o movimento da história social e política com as probabilidades da história das ideias; e, A crença fundamental para compreender o iluminismo para além da sua manifestação francesa, em que, a defesa de uma desconcentração do poder leva em conta não apenas o Iluminismo radical dos franceses como também a crítica política de Burke à concentração do poder monárquico.

E, relata circunstâncias do contexto histórico de tensões com os movimentos protestantes e a igreja estabelecida em que o Iluminismo britânico surge e as suas relações. Outro ponto abordo é a convivência de Gibbon com a ilustração francesa (considerada uma campanha contra a religião cristã e a construção de uma civilização com base nos valores da razão) que o levou a concluir a pensamentos próximo daquilo que Burke expressaria anos depois, E, dentro do contexto, dos estudos de Pocock, dentre outros autores da academia de língua inglesa, parte do princípio de que não existe propriamente um "Projeto Iluminista" único.

São pontos abordados também, questões sobre: Sentimento natural de afeição a outros homens e ao convívio em sociedade; Os vícios – que são apresentados como fruto dos excessos das paixões humanas; A moral natural, que de acordo com Shaftesbury, transforma-se numa ética social, no instante em que a virtude conduz ao bem comum; A natureza, que é apresentada não mais como um estágio distinto da vida em sociedade, e nem a sociedade como fruto de um contrato que, e sim como recurso para corrigir distúrbios surgidos no estado de natureza fruto dos vícios humanos.

* Material produzido por Lilian Beatriz S. dos Santos. Curso: Administração. Ensino Médio. IFMA – Campus Caxias. 

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