domingo, 6 de setembro de 2015

RECURSOS DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO ESPECÍFICOS PARA AS PESSOAS SURDAS: O MULT-TRILHAS E DICIONÁRIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
ADONIAS OLIVEIRA SANTOS
ANTONIO FRANCISCO ALVES DA SILVA
CÍCERO BRITO DE ANDRADE
FRANCISCO DAS CHAGAS MORAES DOS SANTOS
INTRODUÇÃO
Para os surdos os recursos tecnológicos são, ainda, uma alternativa de comunicação e aprendizagem. Oferecer essa possibilidade de usufruir novas oportunidades de interação maior e melhor contribui também para que sejam mais participativos na sociedade. O uso do computador e da internet abriu novas possibilidades de comunicação principalmente por serem tecnologias visualmente acessíveis, o que é atraente para o surdo (VAZ, 2012).
O presente trabalho trás dois recursos de tecnologia de informação específicos para as pessoas surdas, com base na Libras: “O mult-trilhas e o Dicionário da Língua Brasileira de Sinais” para realizar uma avaliação dos softwares e dos critérios de acessibilidade para o surdo, conforme “VAGNER MACHADO VAZ”, destacando o funcionamento e a funcionalidade, a relevância comunicativa e cultural. 
A chegada do computador aponta para novos horizontes e para a necessidade de introduzir os alunos no mundo digital. O desafio digital fez com que as aulas de informática surgissem nas escolas e em outros espaços de ensino. Esse movimento se deu na educação dos ouvintes, e também na dos surdos, pois se percebia que uma tecnologia visual trazia para essa população um novo campo de inclusão.
Porém, se as novas tecnologias revolucionam o mundo das comunicações e podem fazer com que ele seja mais acolhedor para os surdos, permanecem grandes dificuldades quanto à incorporação desses avanços a vida da maioria deles. O acesso aos equipamentos é uma delas. Mas, como também, é uma característica própria desses meios a rapidez com que se incorporam a vida das pessoas, pelo barateamento e simplificação, nesse momento, mesmo no Brasil, esse obstáculo vai sendo superado (ROSSI, 2010)   .
Contudo, outra barreira importante dificulta a total acessibilidade por parte dos surdos às novas tecnologias: elas são visuais, mas em sua grande maioria, demandam sujeitos alfabetizados. A população surda, em nosso país e na maioria dos paises, é em grande parte, compostas de analfabetos funcionais na escrita da língua oral do próprio país e as produções em Libras exigem a disponibilidade de vários artefatos de cultura como câmeras, vídeos, tradutores, intérpretes etc.
TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO PARA AS PESSOAS SURDAS: O MULT-TRILHAS E DICIONÁRIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS.
O termo: tecnologia tem sua origem etimológica na palavra grega "Téchné" que significa "saber fazer". Para o professor, que vai fazer e ensinar a fazer, a utilização de um computador deve, antes de mais nada, resultar de uma escolha baseada no conhecimento das possibilidades oferecidas pela máquina cuja utilização precisa de um projeto adequado e de um ambiente de aprendizagem dotado da necessária estrutura (ROSSI, 2010)            .
A Internet é mais uma criação social do que uma técnica. A tecnologia da informática é uma ferramenta que permite diminuir dificuldades ligadas à distância, problemas de deslocamento dos participantes, disponibilidade de especialistas etc. A maior parte do tempo, o esforço é colocado na realização de um substituto honesto de um encontro presencial. Outra evidência que se coloca é a de desenvolver a autonomia e a participação dos envolvidos.
Entre as novas tecnologias, o microcomputador ocupa um lugar de destaque pelo poder de processamento de informação que possui. O computador é ao mesmo tempo uma ferramenta e um instrumento de mediação. É uma ferramenta porque permite ao usuário construir objetos virtuais, modelar fenômenos em quase todos os campos de conhecimento.
Para aplicar tecnologia na Educação Especial é necessário, antes de tudo, conhecer o usuário, e modelar o ambiente, que incluí a proposta pedagógica, ajudas técnicas, e tecnologias assistivas e adaptativas.
Sobre o computador na educação, Ramon de Oliveira (1997) diz que, embora não haja provas firmes sobre seu potencial como ferramenta pedagógica, o contato regrado e orientado pode acelerar o desenvolvimento. Diz ainda que não será só o computador que atingirá esse objetivo, mas que ele traz o elemento motivacional a todos os envolvidos no processo educacional.
Os alunos ganham autonomia, mais claramente desenvolvendo suas atividades e o aprendizado individualizado, e se tornam mais criativos, graças a grande variedade de ferramentas disponíveis, entre software e hardware.
O contato da criança com o computador no ambiente educacional, trazendo consigo o elemento motivacional para alunos e professores, pode contribuir na aceleração de seu desenvolvimento intelectual e cognitivo, raciocínio lógico e capacidade de encontrar soluções para problemas.
Esse ambiente mais enriquecedor que o computador proporciona possibilita que pessoas com necessidades especiais tenham uma interação maior e de melhor qualidade com o mundo.
O Mult-Trilhas é um material educativo idealizado principalmente, mas não exclusivamente, para auxiliar crianças surdas no processo inicial de aquisição da segunda língua-Português escrito. Com ele, e possível trabalhar verbos, substantivos, adjetivos e pronomes em duas línguas: Língua Brasileira de Sínais-Libras e Português, apresentadas em um contexto temático.
Fonte: http://www.multi-trilhas.com/
O Mult-Trilhas é oferecido em algumas versões: um jogo Multimídia e uma versão concreta, para mesa ou piso. Ambas as versões do Mult-Trilhas apresentam três cenários da cidade do Rio de Janeiro - Jardim Zoológico, Pão de Açúcar e Quartel Central do Corpo de Bombeiros - e permitem que sejam trabalhados percursos, ações, repetições, deslocamentos, além de conceitos, raciocínios, interação e tomada de decisão, entre outros aspectos.
O Dicionário da Língua Brasileira de Sinais que esta disponível na internet é de grande relevância para a nossa aprendizagem e assim proporcionar a comunicação através destes sinais.
Para Vygotsky (2005), a linguagem que esta presente em dicionários é o veículo primordial da mediação. É com a comunicação lingüística que o homem ressalta aquilo que é importante em seu contexto social. O que é importante numa sociedade é algo que foi construído ao longo da história de uma comunidade, esse algo pode não ser importante para outro grupo social.
O homem sente e percebe aquilo que está à sua volta, mas o sentido se dá num movimento de significação social e partilhada que lhe permita representar o real (as coisas) por meio de um sistema sígnico (por exemplo, as línguas orais e escritas).
Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

ALGUNS CRITÉRIOS DE ACESSIBILIDADE PARA O SURDO
Mesmo sem critérios específicos, essas redes sociais atendem uma comunidade com necessidades específicas, deve haver itens que favoreçam a usabilidade. Celina Oliveira, Costa e Moreira (2001) estabelecem critérios para programas educativos e ambientes informatizados de aprendizagem, e a análise desses critérios contribui para entender o apelo das redes sociais como o Facebook à comunidade surda.
·      Universalidade da linguagem, abrangendo um público alvo amplo;
·      Navegabilidade, facilidade para buscar as partes;
·      Layout de tela, visual adequado, texto bem distribuído, imagens e animações, falas adequadas ao conteúdo;
·      Quantidade adequada de elementos em tela, para captar a atenção do usuário sem sobrecarga;
·      Legibilidade, diferentes usuários entendem o programa;
·         Rastreabilidade, o usuário encontra seu caminho no programa.
A grande aceitação e uso dessas redes pelos usuários surdos revela, além de critérios de aceitação, a existência de interatividade e afetividade nesse ambiente.
Por permitir que se comuniquem por imagens e textos curtos, permite também que usem o ambiente sem grande domínio da língua portuguesa.
A predominância de fotos, vídeos, ícones, e texto curto possibilita maior compreensão, e essa grande presença do visual atende o principal critério da leitura desse grupo.
AVALIAÇÃO DO SOFTWARE
Criar o software para o usuário surdo necessita dos cuidados discutidos, e caracterizar avaliar o que é oferecido é essencial para que alcance o objetivo.
As seguintes possibilidades, apesar de apenas algumas delas, podem ser pensadas ao realizar essa avaliação:
·      O formato de exibição na tela é adequado?
·      A densidade de informações por tela é adequada?
·      As mensagens usam vocabulário e sinais simples e adequados ao usuário?
·      A língua de sinais, e a escrita da língua de sinais, são adequadas?
·      O programa adapta-se às necessidades do usuário?
·      Oferece estímulos motivadores?
REFERÊNCIAS
Dicionário da Língua Brasileira de Sinais. Disponível < http://www.acessobrasil.org.br/libras/>acessado em 18/12/2013.
Mult-Trilhas. Disponivel. < http://www.multi-trilhas.com/>. Acessado em 18/12/2013.
OLIVEIRA, Celina Couto de; COSTA, José Wilson da; MOREIRA, Mercia. Ambientes Informatizados de Aprendizagem: Produção e Avaliação de Software Educativo. Campinas: Papirus, 2001.
OLIVEIRA, Ramon de. Informática Educativa: Dos planos e discursos à sala de aula. Campinas: Papirus, 1997.
ROSSI, Marianne Stumpf. Educação de Surdos e Novas Tecnologias. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
VAZ, Vagner Machado. O Uso da Tecnologia na Educação do Surdo na Escola Regular. Faculdade de Tecnologia de São Paulo, São Paulo, 2012.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch, 1896-1934. Pensamento e linguagem. Trad. Jefferson Luiz Camargo. Editora Martins Fontes, São Paulo, 2005.

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