UMA REFLEXÃO SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E A
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
A
matemática é comumente considerada como um campo de conhecimento produzido ao
longo da história da humanidade, na busca de resolução de problemas, sendo que
o desenvolvimento do conhecimento da matemática tem um papel inegável no
progresso da humanidade.
Nesse
contexto, ao se produzir um livro didático, tendo o aprendizado como meta e
finalidade não se pode conceber a ideia de transmitir aos alunos o conhecimento
científico (saber) sem recontextualizar sua aplicabilidade no cotidiano, pois a
questão da aprendizagem e do ensino da matemática implica uma reflexão sobre o
saber acumulado dessa ciência, tendo em vista que o saber científico da forma
como é concebido no campo científico deve sofrer modificações de modo a se
adequar as necessidades inerentes quanto às capacidades cognitivas dos alunos.
Os livros didáticos normalmente são produzidos de acordo com as legislações em
vigor e são modificados de acordo com concepções educacionais vigentes, como os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997).
Assim,
os livros didáticos não podem inserir a matemática tal e qual é tratada em níveis
superiores, sendo imprescindível que os autores de livros façam a transformação
do saber matemático na perspectiva de adequar os conteúdos aos interesses e
necessidades dos alunos de forma que os objetos inseridos não percam suas
propriedades, essa transformação é denominada Transposição Didática.
Segundo
consta no texto de referência, Transposição Didática: O professor como construtor
do conhecimento, de Cristiano Alberto Muniz, do caderno de Teoria e Prática 1: Matemática
na Alimentação e nos Impostos, do Programa Gestar II, se o conjunto das transformações
sofridas pelo saber for visto num processo mais amplo, então a transposição didática
poderá ser analisada a partir de três tipos de saberes, que correspondem a uma
fase inicial desse saber e suas transformações, que são:
Científico
–
saber normalmente desenvolvido nas universidades ou institutos de pesquisa. O
seu reconhecimento e a defesa de seus valores são particularmente sustentados
por uma cultura científica.
Saber
a ensinar –
para viabilizar a passagem do saber escolar é necessário um trabalho didático
efetivo, a fim de proceder a uma reformulação visando à prática educativa,
obtendo-se o que é definido como saber a ensinar. Esse saber é ligado a uma
forma de didática que serve para apresentar o saber ao aluno. Ele envolve redescoberta
do saber e está quase sempre presente nos livros didáticos, nos programas e
outros materiais de apoio.
Saber
ensinado –
o processo de ensino resulta no saber ensinado. Para o professor é aquele
registrado em seu plano de aula e que não necessariamente coincide com aquela
intenção prevista nos objetivos programados para o saber a ensinar.
(Muniz, 2008, p.193)
Dessa
forma, a transposição didática do saber científico adquirido nas academias referentes
aos quadriláteros, bem como suas propriedades e características passam por transformações
até ser adequada dentro de um nível da realidade do alunado na prática docente,
sem, contudo este conteúdo sofrer perca relevante na sua contextualização.
E
nessa perspectiva, o estudo dos quadriláteros no Ensino Fundamental Anos Finais
tem um importante papel na compreensão e apreensão da realidade vivenciada pelo
aluno, tendo assim estes conceitos, grande significação para a construção a
consolidação desse conhecimento matemático, a ser formalizado e relacionado a
outros conhecimentos matemáticos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério
da Educação e do Desporto. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais – matemática. 1997.
CHEVALLARD, Y. La
Transposition didactique. Du savoir savant au savoir enseigné. France: La
pensée sauvage, 1991.
FREIRE, Paulo.
Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Prática Educativa. São Paulo: Paz
e Terra, 2006.
GIMENO
SACRISTAN, J.: Pérez Gómez, Angel I. Compreender e Transformar o Ensino.
Tradução de Ernani F. da Fonseca Rosa. 4 ed. Porto Alegre: Artemed, 1996.
MUNIZ, Cristiano
Alberto. Transposição Didática: O professor como construtor do conhecimento.
PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR - Gestar II.
Matemática: Caderno
de Teoria e Prática 1 - TP1: matemática na alimentação e nos impostos.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
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