O TRABALHO COM O GÊNERO TEXTUAL EM SALA DE
AULA – DAS DIMENSÕES TEXTUAIS AO PROCESSO DE COMPREENSÃO
Pensar em uma atividade de leitura não
implica, necessariamente, que o aluno já saiba decodificar os grafemas. É
fundamental entender, também, que um aluno que não saiba ainda decodificar pode
ser um bom leitor, pois a compreensão do texto, lido por ele ou por outra
pessoa, é o que, realmente, garante a sua proficiência como leitor. Portanto, a
contação de histórias pelo (a) professor (a) é, na realidade, a primeira forma
de leitura do aluno.
Reflexão sobre a atividade de leitura em sala de aula
· Processo interacional construído pelo (a)
professor (a) resulta em uma interpretação adequada do texto.
· Tornar o ato de leitura em algo prazeroso e,
principalmente,
· Em algo que faça sentido para o aluno. É
fundamental que o texto lido faça sentido, que seus alunos o compreendam, sendo
capazes de perceber as intenções do autor, entender seus pontos de vista e,
até, “adivinhar” as possibilidades de desfecho par um determinado texto, entre
outros.
Para que
estes aspectos da leitura sejam ativados, é necessário que se compreenda uma
série de componentes do texto, além daquilo que está escrito na sua superfície.
É preciso que o aluno-leitor não entenda apenas as palavras que compõem o
texto, mas que perceba o contexto em que ele está inserido, o gênero textual,
suas características e formas específicas, as intenções do produtor do texto e
as informações implícitas que o texto nos dá, bem como as marcas de outros
textos nele inseridos, entre outros.
Dimensões que compõem o texto
1ª dimensão – O CONTEXTO – contribui para situar o texto dentro de uma dimensão sociocomunicativa.
Fazem parte do contexto:
1.1 A intencionalidade – trata do objetivo do texto, revela a intenção do produtor do texto: como produzir emoções, persuadir,
passar informações, etc. Além disso, para que os textos atinjam seus objetivos,
é necessário que eles se estruturem dentro de certas características, que os
fazem pertencer a gêneros textuais específicos.
1.2 A informatividade – consiste nas informações novas ou nas informações conhecidas que um
texto traz. Essas informações fazem parte do nosso conhecimento de mundo
(conhecimento pragmático-cultural). Se um texto traz muitas informações novas,
ele é de difícil compreensão; se, ao contrário, as informações, em sua maioria,
já são conhecidas, ele é um texto de fácil compreensão.
2ª dimensão – O TEXTO – conjunto de informações organizadas conforme o gênero textual
organizado pelo autor/produtor. Fazem parte da construção do texto os seguintes
componentes:
2.1 – Coesão – elementos
que propiciam a progressão textual a partir do processo de reflexão
linguística. Se limita ao uso correto dos conectivos e articulação gramaticais,
que permitem um sequenciamento harmonioso das frases e dos parágrafos de um
texto.
2.2 – Coerência – para
um texto ser coerente, é necessário que os elementos responsáveis pela sua
progressão temática estejam de tal forma organizados que possamos perceber, de
forma clara, o desenvolvimento desse tema em uma sequência lógica, com começo,
meio e fim. É necessário, também, que o texto se estruture dentro do gênero
proposto. Quando evidenciamos esses elementos bem articulados no texto, dizemos
que há coerência, posto que tal texto possui uma organização interna que
permite sua compreensão.
3ª dimensão – O INFRATEXTO – é tudo aquilo que está abaixo da superfície do texto, mas é decisivo
para sua coerência. Todo texto carrega inúmeras informações implícitas que são
fundamentais para sua compreensão. Estas informações completam o sentido do
texto lido. Estas informações são as inferências que vamos construindo no
decorrer da leitura.
4ª dimensão – O INTERTEXTO – a intertextualidade é a
característica que faz de um texto dependente de outros. Quando lemos um texto
e percebemos nele marcas e/ou referências a textos anteriormente lidos, estamos
diante de uma intertextualidade.
Agora, você
irá construir a sua aula de leitura, considerando todos os aspectos discutidos
acima: contexto, texto, infratexto e intertexto. E, além de trabalhar todas
essas dimensões, procure refletir sobre quais as possibilidades de interação
que você irá promover com seus alunos, com o intuito de:
1. levá-los a se interessar pela leitura;
2. aumentar sua autoestima e confiança ao
responder às perguntas;
3. fazer deles coparticipantes da leitura;
4. levá-los a produzirem um texto sobre a
história lida.
Referência
BRASIL.
Pró-letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries
Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem, p. 28. Brasília.
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
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