CONTRADIÇÕES DE INCENTIVOS À CULTURA POPULAR BRASILEIRA NO ESTADO NOVO (Produção textual*)
No período do Estado Novo, a Cultura Popular
Brasileira, apresentou-se aparentemente, dentro de um pesar de gestão e ação, calcadas
por meio de incentivos, contradições, controle e censura. Pois de um lado havia
incentivos, e do outro, ocorria a busca de adaptações agregadas ao interesse governamental,
que tentava se articular de forma oficial, especialmente através dos meios de
comunicações. Ou seja, existia um lado o incentivo à cultura oficial, e de
outro uma tentativa de encampar a cultura popular, por meio de adaptação ou
mesmo da repressão dela, conforme os interesses de Estado. E, nesse sentido,
observa-se que o Estado, visava apagar da cultura nacional, as possíveis marcas
e heranças que fosse de encontro com os interesses do regime do governo.
Um ponto importante para buscar entender as
formas de ações contraditórias de incentivos do governo, no Estado Novo, à
Cultura Popular Brasileira, temos o Rádio, meio cultural de comunicação que se
destacou muito nesse período, que abriu caminhos para diversos artistas da
época serem conhecidos no país inteiro, dentre os quais: cantores, músicos e
compositores (Dalva de Oliveira, Nora Ney, Francisco Alves, Vicente Celestino e
Orlando Silva, entre outros). E, nesse contexto histórico, observa-se que o
governo aproveitou esse meio cultural de comunicação, em vista de sua
popularidade, por meio de novelas e programas de auditórios e notícias,
investiu na criação de rádio, agencia de notícias e programas. Entretanto,
utilizou o mesmo para disseminar suas ideias e as ações oficiais, a exemplo: o
programa, “A voz do Brasil”, transmitido nacionalmente.
Outro ponto importante que também mostra essa
contradição, temos “o Jornal” e “a Revista”, que juntos ajudaram a divulgar:
informações, notícias, arte e cultura em geral. Esse meio de comunicação
apresentava publicações de diversos intelectuais da época, das mais
diversificadas correntes e áreas de formação: poeta, crítico, ensaísta,
historiador, jornalista (Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Francisco Campos,
Azevedo Amaral e Oliveira Viana, entre outros). Entretanto, esses mesmos meios
de comunicação, acabaram se tornando porta-vozes (e/ou censura) do regime, onde
a imprensa, com prática adversa às ideais do que seria a Cultura Popular
Brasileira, acabou tornando-se uma das peças principais que contribuiu para a
disseminação e para a transmissão da ideologia do Estado Novo.
E, o terceiro ponto, controle e censura, que é
observado na ação do governo, quando o mesmo cria o Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP), que tinha como a função de promover junto a população a
divulgação das ideologias do regime, que tinha como proposta, discutir as ações
do Governo para a elaboração de uma identidade nacional, funcionando como
ferramentas de sustentação política-ideológica, do Estado. Sendo este órgão, responsável
também pelo controle e censura de órgão de imprensa e veículos de comunicação,
ou seja, do controle e censura dos mais variados meios de comunicação, podendo
ser destacados os instrumentos principais da época, sendo estes, o rádio e a imprensa.
Concluímos diante dos contextos históricos, que
durante o Estado Novo, observamos uma eclosão do uso dos meios de comunicação e
o consequente desenvolvimento e propagação de várias manifestações artísticas
no Brasil. Entretanto, é observado também ações contraditórias quanto ao
desenvolvimento da Cultura Popular Brasileira, pois ao mesmo temo que o Estado
incentiva a disseminação da Cultura através dos meios de comunicação, utilizar-se
desses meios como ferramenta de disseminação de sua ideologia e
consequentemente de controle. Assim, a Cultura brasileira, nesse período, acaba
correspondendo, não somente aos interesses e difusão das manifestações
culturais dos grupos sociais, mas uma ferramenta poderosa formadora de opinião a
serviço do Estado.
Texto Base: SCHWARCZ,
Lilia Moritz. Nem Preto Nem Branco, Muito Pelo Contrário: Cor e raça na
sociabilidade brasileira. Nos Anos 1930
e a esterilização da democracia racial: Somos todos mulatos. (p. 35-50).
Coleção Agenda Brasileira. Claroenigma.
* Material produzido por Lilian Beatriz S. dos Santos. Curso:
Administração. Ensino Médio. IFMA – Campus Caxias.
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