terça-feira, 6 de setembro de 2022

 CONTRADIÇÕES DE INCENTIVOS À CULTURA POPULAR BRASILEIRA NO ESTADO NOVO (Produção textual*)

No período do Estado Novo, a Cultura Popular Brasileira, apresentou-se aparentemente, dentro de um pesar de gestão e ação, calcadas por meio de incentivos, contradições, controle e censura. Pois de um lado havia incentivos, e do outro, ocorria a busca de adaptações agregadas ao interesse governamental, que tentava se articular de forma oficial, especialmente através dos meios de comunicações. Ou seja, existia um lado o incentivo à cultura oficial, e de outro uma tentativa de encampar a cultura popular, por meio de adaptação ou mesmo da repressão dela, conforme os interesses de Estado. E, nesse sentido, observa-se que o Estado, visava apagar da cultura nacional, as possíveis marcas e heranças que fosse de encontro com os interesses do regime do governo.

Um ponto importante para buscar entender as formas de ações contraditórias de incentivos do governo, no Estado Novo, à Cultura Popular Brasileira, temos o Rádio, meio cultural de comunicação que se destacou muito nesse período, que abriu caminhos para diversos artistas da época serem conhecidos no país inteiro, dentre os quais: cantores, músicos e compositores (Dalva de Oliveira, Nora Ney, Francisco Alves, Vicente Celestino e Orlando Silva, entre outros). E, nesse contexto histórico, observa-se que o governo aproveitou esse meio cultural de comunicação, em vista de sua popularidade, por meio de novelas e programas de auditórios e notícias, investiu na criação de rádio, agencia de notícias e programas. Entretanto, utilizou o mesmo para disseminar suas ideias e as ações oficiais, a exemplo: o programa, “A voz do Brasil”, transmitido nacionalmente.

Outro ponto importante que também mostra essa contradição, temos “o Jornal” e “a Revista”, que juntos ajudaram a divulgar: informações, notícias, arte e cultura em geral. Esse meio de comunicação apresentava publicações de diversos intelectuais da época, das mais diversificadas correntes e áreas de formação: poeta, crítico, ensaísta, historiador, jornalista (Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Francisco Campos, Azevedo Amaral e Oliveira Viana, entre outros). Entretanto, esses mesmos meios de comunicação, acabaram se tornando porta-vozes (e/ou censura) do regime, onde a imprensa, com prática adversa às ideais do que seria a Cultura Popular Brasileira, acabou tornando-se uma das peças principais que contribuiu para a disseminação e para a transmissão da ideologia do Estado Novo.

E, o terceiro ponto, controle e censura, que é observado na ação do governo, quando o mesmo cria o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tinha como a função de promover junto a população a divulgação das ideologias do regime, que tinha como proposta, discutir as ações do Governo para a elaboração de uma identidade nacional, funcionando como ferramentas de sustentação política-ideológica, do Estado. Sendo este órgão, responsável também pelo controle e censura de órgão de imprensa e veículos de comunicação, ou seja, do controle e censura dos mais variados meios de comunicação, podendo ser destacados os instrumentos principais da época, sendo estes, o rádio e a imprensa.

Concluímos diante dos contextos históricos, que durante o Estado Novo, observamos uma eclosão do uso dos meios de comunicação e o consequente desenvolvimento e propagação de várias manifestações artísticas no Brasil. Entretanto, é observado também ações contraditórias quanto ao desenvolvimento da Cultura Popular Brasileira, pois ao mesmo temo que o Estado incentiva a disseminação da Cultura através dos meios de comunicação, utilizar-se desses meios como ferramenta de disseminação de sua ideologia e consequentemente de controle. Assim, a Cultura brasileira, nesse período, acaba correspondendo, não somente aos interesses e difusão das manifestações culturais dos grupos sociais, mas uma ferramenta poderosa formadora de opinião a serviço do Estado.

Texto Base: SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem Preto Nem Branco, Muito Pelo Contrário: Cor e raça na sociabilidade brasileira. Nos Anos 1930 e a esterilização da democracia racial: Somos todos mulatos. (p. 35-50). Coleção Agenda Brasileira. Claroenigma.

* Material produzido por Lilian Beatriz S. dos Santos. Curso: Administração. Ensino Médio. IFMA – Campus Caxias.

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