quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Contribuições do método de Descartes na construção do conhecimento e para a Ciência
De acordo com Descartes (Apud PELELLA 2011, p. 29), o intelecto humano é uma fonte de conhecimento e procede de duas fontes fundamentais do espírito: a primeira é o poder de receber representações (receptividade ou sensibilidade) e a segunda, o de conhecer por meio dessas representações (espontaneidade dos conceitos ou entendimento), sendo para o mesmo, imprescindível o uso da razão para a obtenção para a realização de uma análise clara e com distinção, onde: “[...] a razão passar a ser compreendida como essencialmente una e, por consequência, uno também o entendimento que produz a ciência, em que as ideias teriam as características indubitáveis de evidência, clareza e distinção”. (PELELLA 2011, p. 29)
E nesse contexto, os problemas filosóficos podem ser resolvidos quando fazemos exame do intelecto e coloca-se ordem nas idéias, sendo a dúvida, a primeiro passo para se chegar a uma verdade, e, o conhecimento da verdade, só é possível de início, se colocar tudo o que conhecemos em dúvida, questionando para de maneira criteriosa tanto de forma intuitiva quanto de forma dedutiva, sendo estas (intuição e dedução) faculdades essenciais para o embasamento da razão humana. E nesse sentido: Assim, antes, a razão era o efeito da verdade, e por esta avaliada. Em Descartes há uma inversão do processo: a verdade passa a ser o efeito da razão; esta passa a ser a causa da verdade”. (PELELLA 2011, p 29)
Descartes apresenta um método que pode promover o processo de construção de conhecimento, que tem como base a racionalidade, organizado em quatro passos:
1º não aceitar jamais alguma coisa como verdadeira que não se conhecesse evidentemente como tal, isto é, evitar com todo o cuidado a precipitação e a prevenção, e nada incluir em meus julgamentos senão o que se apresentasse de modo tão claro e distinto ao meu espírito que eu não tivesse nenhuma ocasião para dele duvidar;
2º dividir cada uma das dificuldades que devesse examinar em tantas parcelas possíveis e necessárias para melhor resolvê-las;
3º conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para, gradativamente, chegar ao conhecimento dos mais complexos e supondo também, naturalmente, uma ordem de precedência de uns em relação aos outros;
4º fazer em cada passo, enumerações tão gerais que me assegurasse não ter omitido nada. (DESCARTES 1965, p. 33-41 Apud PELELLA 2011, p. 29)
Dessa forma, o método de Descartes com base no critério de verdade, dentro da construção do conhecimento, deixa de se focalizar no objeto e passa para o sujeito cognoscente, tendo como fundamento da verdade o intelecto do agente, e tendo a correta aplicação do método, pode-se permitir o acesso à razão a partir da pureza de sua própria natureza. Para tanto, esse estudo científico do conhecimento, bem como, de sua natureza e de suas limitações (deslocamento epistêmico), juntamente com deslocamento seus desdobramentos posteriores, proporcionaram a modificação da perspectiva referente ao conhecimento, tendo em vista que o método propõe compreender não mais não parte das coisas, mas para se tentar chegar ao conhecimento das coisas em sua totalidade.
Referências
PELELLA, Giovanni. Filosofia das ciências. São Luís: UemaNet, 2011. Disponível no ambiente uemanet. Acessado em outubro de 2011.

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