segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Heidegger e Gadamer: Concepções da Compreensão existencial do Ser
Prof. Esp. Francisco das C. M. dos Santos
As contribuições da hermenêutica, dentro das concepções Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer, tem como premissas a base da reflexão com aprofundamento no debate em torno da efetivação da compreensão linguística numa perspectiva estrutural pré-reflexiva ontológica ligada ao conceito da existência e na universalidade da linguagem, na busca de explicação da compreensão de mundo e do próprio homem.
 A hermenêutica, a partir de Heidegger,  passa a ser entendida como filosofia, para além da simples compreensão textual, passando a buscar interpretar a própria existência humana, “Tal hermenêutica confere à filosofia o objeto da existência humana, entendida como ser hermenêutico.”, (SILVA, 2013, p. 51). Para tanto, Heidegger, busca suas bases na Analítica existencial para explicar o homem, afirmando que: “Esse ser que compreende a si mesmo ou alguma ideia de ser diante de seu poder-ser de possibilidades enquanto projeto.”, (SILVA, 2013, p. 53), defendendo também que a autocompreensão é algo o Dasein com base na sua teoria da hermenêutica da facticidade.
E, dessa forma, a compreensão existencial passa a ser base para o esclarecimento humano, pois: “A compreensão (ou o entender de algo) é uma disposição originária da presença, isto é, o ser humano sempre compreende de alguma forma, desse modo se distingue de “esclarecer”, pois o esclarecimento é derivado da compreensão primordial.” (SILVA, 2013, p. 54), e, com a estrutura da interpretação, tem alicerces em: “um pré-saber, uma pré-visão e uma pré-apropriação.”, (SILVA, 2013, p. 55), que ajuda na compreensão de mundo, com vista em prospectos da apreensão e da situação histórica de compreensão, a caminho da linguagem dentro de um método historicista como pretensão de verdade.
Já com Gadamer, a hermenêutica é repensada para além da hermenêutica da existência (hermenêutica heideggeriana), direcionando um olhar para uma hermenêutica universal da linguagem. “A hermenêutica filosófica trabalha a questão da arte, da história e da linguagem como sentido e tem uma semântica, diferente daquela da analítica da linguagem.”, (SILVA, 2013, p. 59-60). Para o mesmo, o preconceito é entendido como componente constitutivo da estrutura de antecipação, sendo este a condição para a compreensão de algo: “A pressuposição da qual fala Gadamer é o preconceito da completude, ou seja, o do compreender numa unidade completa de sentido. Tal preconceito implica que um texto deve expressar plenamente sua opinião como também a verdade completa.”, (SILVA, 2013, p. 63).
Nesse sentido, Gadamer, demonstra na interpretação não podemos ignorar que a compreensão (não uma simples compreensão textual) não é livre de "pré-supostos", sendo considerando os pré-conceitos, como que representantes do nosso potencial subjetivo do acesso ao mundo, no qual determina o alcance subjetivo da nossa compreensão, onde: “uma vez que o sujeito se aperceba de suas próprias antecipações, permite que o texto se apresente em sua alteridade, sendo possível confrontar a verdade do texto com suas opiniões prévias.”, (SILVA, 2013, p. 64).
Conclui-se então que ambos, Heidegger e Gadamer, nos mostra que: a partir da articulação linguística interpretativa, se produzem conceitos acerca da realidade que define conjunto de relações e do dialogo humano, e que nada pode ser admitido como existente sem a utilização de uma linguagem para identificar e expressar alguma coisa. Dessa forma, é proposto um modelo baseado na subjetividade, onde o homem não se apresenta como dono, no sentido de determinador da linguagem, sendo a mesma determinada pelas relações de diálogo entre os seres humanos, dentro do contexto histórico, e que o diálogo depende da participação dos interlocutores, dentro de um espaço próprio, para que a linguagem possa ser efetuada.
Referência
SILVA, Edna Selma David; LOPES, Maria dos Milagres da Cruz; LOPES, Maria dos Santos Silva. Hermenêutica. Filosófica. São Luís: UemaNet, 2013.

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