Heidegger e Gadamer:
Concepções da Compreensão existencial do Ser
Prof. Esp. Francisco das C.
M. dos Santos
As
contribuições da hermenêutica, dentro das concepções Martin Heidegger e
Hans-Georg Gadamer, tem como premissas a base da reflexão com aprofundamento no
debate em torno da efetivação da compreensão linguística numa perspectiva
estrutural pré-reflexiva ontológica ligada ao conceito da existência e na
universalidade da linguagem, na busca de explicação da compreensão de mundo e
do próprio homem.
A hermenêutica, a partir de Heidegger, passa a ser entendida
como filosofia, para além da simples compreensão textual, passando a buscar
interpretar a própria existência humana, “Tal
hermenêutica confere à filosofia o objeto da existência humana, entendida como
ser hermenêutico.”, (SILVA, 2013, p. 51). Para tanto, Heidegger,
busca suas bases na Analítica existencial para explicar o homem, afirmando que:
“Esse ser que compreende a si mesmo ou
alguma ideia de ser diante de seu poder-ser de possibilidades enquanto projeto.”,
(SILVA, 2013, p. 53), defendendo também que a autocompreensão é algo o Dasein
com base na sua teoria da hermenêutica da facticidade.
E,
dessa forma, a compreensão existencial
passa a ser base para o esclarecimento humano, pois: “A compreensão (ou o entender de algo) é uma
disposição originária da presença, isto é, o ser humano sempre compreende de
alguma forma, desse modo se distingue de “esclarecer”, pois o esclarecimento é
derivado da compreensão primordial.” (SILVA, 2013, p. 54), e, com a
estrutura da interpretação, tem alicerces em: “um pré-saber, uma pré-visão e uma pré-apropriação.”, (SILVA, 2013, p.
55), que ajuda na compreensão de mundo, com vista em prospectos da apreensão e da
situação histórica de compreensão, a caminho da linguagem dentro de um método
historicista como pretensão de verdade.
Já com Gadamer, a hermenêutica é repensada
para além da hermenêutica da existência (hermenêutica heideggeriana),
direcionando um olhar para uma hermenêutica universal da linguagem. “A hermenêutica filosófica trabalha a questão
da arte, da história e da linguagem como sentido e tem uma semântica, diferente
daquela da analítica da linguagem.”, (SILVA, 2013, p. 59-60). Para o mesmo,
o preconceito é entendido como componente constitutivo da estrutura de
antecipação, sendo este a condição
para a compreensão de algo: “A pressuposição da qual fala Gadamer é o preconceito da
completude, ou seja, o do compreender numa unidade completa de sentido. Tal preconceito implica
que um texto deve expressar plenamente sua opinião como também a verdade
completa.”, (SILVA, 2013, p. 63).
Nesse
sentido, Gadamer, demonstra na interpretação não podemos ignorar que a
compreensão (não uma simples compreensão textual) não é livre de
"pré-supostos", sendo considerando os pré-conceitos, como que
representantes do nosso potencial subjetivo do acesso ao mundo, no qual
determina o alcance subjetivo da nossa compreensão, onde: “uma vez que o sujeito se aperceba de suas próprias antecipações,
permite que o texto se apresente em sua alteridade, sendo possível confrontar a
verdade do texto com suas opiniões prévias.”, (SILVA, 2013, p. 64).
Conclui-se
então que ambos, Heidegger e Gadamer, nos mostra que: a partir da articulação linguística interpretativa,
se produzem conceitos acerca da realidade que define conjunto de relações e do
dialogo humano, e que nada pode ser admitido como existente sem a utilização de
uma linguagem para identificar e expressar alguma coisa. Dessa forma, é
proposto um modelo baseado na subjetividade, onde o homem não se
apresenta como dono, no sentido de determinador da linguagem, sendo a mesma
determinada pelas relações de diálogo entre os seres humanos, dentro do
contexto histórico, e que o diálogo depende da participação dos interlocutores,
dentro de um espaço próprio, para que a linguagem possa ser efetuada.
Referência
SILVA, Edna Selma David; LOPES, Maria dos Milagres da Cruz; LOPES, Maria
dos Santos Silva. Hermenêutica. Filosófica. São
Luís: UemaNet, 2013.
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