Etonografia por
Meio de Cenas...
Profa.
Me. Lêda Ferreira Cabral
Viajando pelo espaço-tempo
da etnografia revivi algumas cenas e encontros... Eis alguns que destaco e
compartilho com vocês...
Eis a viagem de um
estrangeiro, de um estranho, de um outro. É uma viagem que, como política,
incomoda, gera desconforto, tira do lugar. Viagem de uma experiência de
pensamento que inquieta e impede continuar a pensar da maneira como se pensava.
Viagem de polêmica e desacordos. Experiência de interrogação e de fratura da
própria experiência. (KOHAN, 2007, p.54).
Lembrei-me que por algum
tempo procurei e foi então que voltei a encontrar...
Encontrar é achar, é
capturar, é roubar, mas não há método para achar, nada além de uma longa
preparação. Roubar é o contrário de plagiar, de copiar, de imitar, de fazer
como. A captura é sempre uma dupla-captura, o roubo, um duplo-roubo, e é isso
que faz, não algo mútuo, mas um bloco assimétrico, uma evolução a-paralela,
núpcias, sempre “fora” e “entre” [...] (DELEUZE e PARNET, 1998, p.15).
Quando olhamos uma
comunidade ou determinado grupo cultural, precisamos ter cuidado para não
silenciar o que há de belo e sublime, pois...
Há algum tempo neste
lugar onde hoje os bosques se vestem de espinhos ouviu-se a voz de um poeta
gritar “Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar”[…] (POEMA – CANTARES,
ANTONIO MACHADO).
É compreensível que na
escrita deixemos escapar algo, pois...
Escrever é procurar
entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o
sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar
uma vida que não foi abençoada. (CLARICE LISPECTOR).
Nesse caminho, Agamben alerta-nos...
Todo discurso sobre a
experiência deve partir atualmente da constatação de que ela não é mais algo
que ainda nos seja dado fazer. Pois, assim como foi privado da sua biografia, o
homem contemporâneo foi expropriado de sua experiência: aliás, a incapacidade
de fazer e transmitir experiências talvez seja um dos poucos dados certos de
que disponha sobre si mesmo. (AGAMBEN, 2005, p.21).
Mas, para não nos fechamos à
possibilidade de viver a experiência precisamos...
[...] parar para
pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais
devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar,
demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a
vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza,
abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a
lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter
paciência e dar-se tempo e espaço. (LARROSA, 2002, p.24-25).
Como nos diz Deluze...
O amor é um estado,
uma relação de pessoas, de sujeitos. Mas a paixão é um acontecimento subpessoal
que pode durar o tempo de uma vida. (Deleuze).
Tentei compartilhar o que me
aconteceu naquele encontro usando palavras... juntando... colando... recriando...
sozinha e acompanhada... Mas de certo... ao tentar prender...
[...] o que me
aconteceu usando palavras. Ao usá-las estarei destruindo um pouco o que senti –
mas é fatal. (LISPECTOR, p. 81, 1998).
O segredo não pode ser
revelado... a experiência é única... e o aprendizado também...
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