A NECESSIDADE
DE ENSINAR MATEMÁTICA DE FORMA CONTEXTUALIZADA: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (RECORTE DO PROJETO A CONTEXTUALIZAÇÃO NO
ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM TURMAS DA PRIMEIRA
ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL)*
Atualmente é bastante discutido entre os
professores de Matemática a necessidade de ensinar de forma contextualizada. Nesse
sentido, o ensino de matemática para jovens e adultos vem ganhando espaço
significativo, com base em uma proposta de ensino de matemática que possibilita
a construção de conceitos matemáticos a partir da contextualização diminuindo a
distância entre aluno e o ambiente educacional, sendo que o público do EJA traz
um conhecimento vasto do seu cotidiano, que deve ser levado em consideração e
valorizado.
No entanto, a contextualização matemática, em
sua prática, vem sendo interpretada, de maneira equivocada, por um grupo de
professores de forma a entender que alguns conteúdos matemáticos não podem ser
contextualizados, assumindo por si mesmo que conteúdos que não tem atividades
práticas não precisariam ser ensinados.
Com relação a essa discursão os pesquisadores, Santo
e Silva (2004, p.3), advertiram que, “houve um equívoco do que vem a ser
contextualização” e, devido a uma “leitura equivocada” a contextualização se
restringiria ao estabelecimento de relações entre a disciplina e o cotidiano,
gerando, assim, um novo e grave problema, pois faz com que “alguns professores
acreditem que na impossibilidade de contextualizar um conteúdo, ele não pode
ser ensinado” (SANTO; SILVA, 2004, p. 5).
De acordo com Santos e Silva (2004, p. 5),
existem várias formas de contextualização, como a História da Matemática, a
Interdisciplinaridade e a Matemática pela Matemática com o contexto proativo,
ou seja, situando o raciocínio do aluno a partir de um conceito que seja uma
forma mais elementar daquele conhecimento considerado. A falta de
contextualização no ensino da matemática pode acarretar no desestímulo pela
disciplina, revivendo os métodos tradicionais que conceituam a matemática como
uma ciência que preparou todas as coisas prontas, como se fosse conhecimentos
prontos e acabados.
Segundo Passos (1995, p.63) salienta que: no
processo ensino-aprendizagem da Matemática em geral, a evidência do mito de que
a Matemática é para poucos privilegiados, assim como a ideia de que Matemática
é para gênio. Por outro lado, com o ensino contextualizado, as aulas se tornam
mais fascinantes e é mais provável que os alunos entendam e assimilem as razões
pelas quais estudam um determinado conteúdo.
O ensino da matemática deixa de ser um único
foco da aula, e começa a se preocupar também com aprendizagem, no sentido que
os conteúdos passam a ter significados para os alunos. É nessa visão que baseio
minha compreensão de ensino de Matemática, conforme o pensamento delineado por D´Ambrósio
(2001, p. 21), quando ele defende essa metodologia como um importante
colaborador de suas ideias quando desenvolve as bases da Etnomatemática.
No entanto, o trabalho baseado na
contextualização matemática segue a filosofia dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), com os quais concordamos, quando afirma que: é importante que
a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na
formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na
racionalização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas,
situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à
construção do conhecimento em outras áreas curriculares (BRASIL, p 21).
Portanto, de uma maneira geral, torna-se
importante a ideia de trabalhar a partir da cultura do aluno da EJA. Porém,
cabe ao professor ser o mediador, saber quando pode utilizar a cultura do aluno
nas aulas de matemática, ou mesmo a partir do seu cotidiano e ampliar o
conhecimento, rompendo as barreiras entre a cultura e o mundo.
Consequentemente, para que aconteça esse processo de ensino considerando esses
princípios, é necessário que o professor conheça a cultura dos alunos, e que
essas culturas se interajam em sala de aula, sabendo que não é uma tarefa
fácil.
Desse modo, a utilização do cotidiano das
compras para ensinar matemática revela práticas aprendidas fora do ambiente
escolar, uma verdadeira etnomatemática do comércio. Um componente importante da
Etnomatemática é possibilitar uma visão crítica da realidade, utilizando
instrumentos de natureza matemática (D´AMBRÓSIO, 2001, p. 23). Ou seja, a
utilização do cotidiano dos alunos é de fundamental importância para os alunos
entendam uma visão crítica da realidade, considerando as especificidades do
público-alvo da EJA. Ao trazer esse cotidiano para a sala de aula e abordá-lo
dentro de um ambiente formal de ensino, é facultado aos alunos o direito de
terem voz e vez em um espaço que normalmente nunca tiveram, na aula de
matemática.
Dessa forma um dos motivos mais importantes é a
conotação social, se formos analisar, encontraremos a matemática inserida na
vida do ser humano, desde o princípio dos tempos, auxiliando em problemas
específicos, sejam os mais simples aos mais complexos, do cotidiano das
pessoas, nas suas necessidades e até no seu lazer (MACIEL,2002, p.12). Assim
sendo, entendemos que existem vários campos em que podemos estabelecer a
contextualização, campos que relacionam a vida do aluno com a matemática,
fazendo com que os conteúdos matemáticos tenham significados. Desse modo, a
contextualização ocorrerá através da conexão entre a matemática e o cotidiano,
entre a matemática e outras disciplinas, entre a matemática e as conexões
internas, seja comparando, relatando as histórias, situando o aluno no espaço.
Deste modo, é necessário no contexto escolar da
EJA, um espaço muito afetado pela evasão escolar, um ensino que valoriza a
realidade do aluno, através da contextualização matemática. Assim, o educador
deve estar preparado para esse ambiente, valorizando as experiências obtidas
pelos alunos, sendo companheiro na busca de conhecimento, tornando a escola um ambiente
agradável em que o aluno possa se sentir motivado a estudar, pois para ele o esforço
passaria a ter significativo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CERVO,
A. L; BERVIAN, P. A. SILVA, R. Metodologia
científica. 6ª ed. São Paulo: Pearson. 2009
D’AMBROSIO,
Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. Campinas, Papirus,
2001 (Coleção Perspectiva em Educação Matemática).
______.
Ministério da Educação. Legislação da educação de jovens e adultos.
Disponível em: <http:www.mec.gov.br/sef/Jovem/legiseja.shtm>. Acessado
em: 10/05/2020.
MACIEL,
A. M. Ensino de Matemática: uma proposta metodológica para jovens e adultos
do período noturno. 2002. 154 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -
Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, 2002.
OLIVEIRA,
S. L Tratado de metodologia científica:
projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses:
Pioneira, 2007.
PASSOS,
C. L. B. As representações matemáticas dos alunos do curso de Magistério e
suas possíveis transformações: uma dimensão axiológica. Dissertação de
Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 1995.
SANTO,
A. O. E. SILVA, F. H. S. A Contextualização uma questão de contexto. In: VIII
SANTOS, Maria Auxiliadora dos. A Educação Matemática na alfabetização de
Jovens e Adultos: formação de alfabetizadores Universidade Católica de Brasília.
Projeto:
“A CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DA
MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM TURMAS DA PRIMEIRA ETAPA DO
ENSINO FUNDAMENTAL” apresentado à disciplina de Educação de Jovens e
Adultos ministrada pelo Prof. Dr. João da Paixão Soares. Cursistas: Cleide Coelho
do Nascimento, Ivanylde Pinto dos Santos, Marlene Cardoso da Silva. Curso de
Licenciatura em Pedagogia EPT. IFMA, Março 2020.
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