A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA: A TEORIA DE EMÍLIA FERREIRO
1) Introdução à Psicogênese da Língua Escrita de Emília Ferreiro
- Abordagem que tem
como foco o processo de alfabetização infantil.
- Não se trata de
mais uma teoria pedagógica, nem de um novo método de educação.
- Emília Ferreiro: investigar
não “como se ensina” ou “por que um aluno não aprende”, mas sim “como ele
aprende”.
- Pesquisas de Emília
Ferreiro: métodos tradicionais de ensino da leitura e escrita compreendem e
tratam a alfabetização como um processo mecânico, crianças “copistas”.
- Criança: papel
ativo na aprendizagem; constroem o próprio conhecimento. Há uma estrutura
cognitiva/inteligência que vai se adaptando e se alterando na medida em que
entra em contato com o meio. Visão de homem = construtivista.
- Ferreiro tenta
mostrar como a criança elabora o processo de aquisição da escrita, e o
que a língua escrita representa para ela. Para isso, é preciso deixá-la
escrever espontaneamente. Criança elabora hipóteses para compreender o processo
de alfabetização.
a) Fase pré-silábica ou período iconográfico
- Início: não
diferenciação entre desenho e escrita.
- Gradativamente:
percepção de que escrever ≠ desenhar. Marca o início do processo de
alfabetização.
I) Desenho: domínio
icônico - as formas dos grafismos tentam reproduzir as formas dos objetos.
II) Escrita: saída do
icônico – grafismos arbitrários.
III) Descoberta das
letras:
i.
utilização arbitrária; não diferenciação entre o que uma palavra e outra
representa;
ii.
palavras diferentes têm escritas diferentes.
A
criança: Não estabelece vínculo com a leitura e a escrita; Acredita que a
escrita é outra forma de desenhar ou de representar, usando rabiscos, desenhos
e garatujas para escrever; Pode usar traçados de formas diferentes; Usa objetos
e não o seu nome. (Ex: para coisas grandes utiliza várias letras. Para coisas
pequenas utiliza poucas letras); O aluno também usa letras do seu próprio nome
ou números na mesma palavra; A leitura é global. Só consegue ler o que
escreveu.
b) Período linguístico ou fonográfico
- Criança começa a
perceber que a escrita representa o som das palavras.
b.1) Fase silábica
- Hipótese da
criança: cada letra corresponde a uma sílaba.
I) Silábico com
letras não pertinentes ou sem valor sonoro convencional: o que se escreve
não tem correspondência com o som convencional daquela sílaba.
II) Silábico com
vogais e consoantes pertinentes: cada letra corresponde a uma sílaba falada
e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba.
Acriança:
Supõe que a escrita representa a fala; Tenta fonetizar a escrita e dar valor
sonoro às letras; Supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba; Para cada
sílaba oral corresponde uma letra ou um sinal; Em frases, pode escrever uma
letra para cada palavra;
b.2) Fase silábico-alfabética
- Transição da
hipótese silábica para a hipótese alfabética.
- Criança percebe que
pode subdividir a fala em unidades ainda menores do que as sílabas – fonemas.
A
criança: Compreende que a escrita representa o som da fala; É a utilização das hipóteses
silábica e alfabética da escrita, por serem utilizadas ao mesmo tempo,
caracterizam a escrita silábico-alfabética. É um momento de transição (O
ALUNO ESTÁ QUASE ALFABÉTICO); A criança agrega mais letra a escrita, tentando
aproximar-se do princípio alfabético.
c) Fase alfabética
- O aluno já
compreendeu o sistema de escrita, e entende que cada um dos caracteres da
palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba.
- A criança ainda
escreve exatamente do jeito que ela fala e ouve aquelas palavras.
- Omissões, trocas e
inversões de letras são bem comuns nesse estágio.
- Frases:
inicialmente é comum encontrarmos frases sem segmentação (separação) entre as
palavras.
A criança: Lê
e escreve, entretanto, existe a necessidade de trabalhar a segmentação do texto
e estrutura do texto.
Referência (* Material compilado)
SOUZA, B. P.
Trabalhando com dificuldades na aquisição da língua escrita. In: Orientação
à Queixa Escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
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