Indisciplina Escolar: Ponto
de Reflexão
Cleide Coelho
do Nascimento
Ana Lúcia Santos Marques da Silveira
Um dos maiores
problemas que encontrei para desenvolver a prática docente foi o fato de a sala
ser superlotada, muito quente, sem ventilação, além da indisciplina dos alunos,
que em certos momentos, pareciam não saber o que era limite.
A indisciplina escolar
é um problema que tem chamado a atenção de educadores e outros profissionais
das demais áreas, principalmente da educação, que estão cada vez mais
preocupados em descobrir os fatores que têm contribuído para o crescimento
desta problemática.
A disciplina escolar é
um conjunto de regras que devem ser obedecidas tanto pelos professores quanto
pelos alunos, para que o aprendizado escolar tenha êxito. Portanto, é uma
qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os educandos em uma
sala de aula, consequentemente na escola, que dá condições para o trabalho para
toda a vida, tendo em vista que também o mercado de trabalho leva em
consideração a capacidade de relacionar-se bem e trabalhar em equipe.
Segundo
Gotzens (2003 p. 22):
A disciplina escolar
não consiste em um receituário de propostas para enfrentar os problemas de
comportamentos dos alunos, mas em um enfoque global da organização e da
dinâmica do comportamento na escola e na sala de aula, coerente com os
propósitos de ensino. [...] Para isso é
preciso, sempre que possível, antecipar-se ao aparecimento de problemas e só em
último caso reparar os que inevitavelmente tiverem surgidos, seja por causa da
própria situação de ensino, seja por fatores alheios à dinâmica escolar.
O cotidiano escolar
traz muitas inquietações aos educadores devido ao comportamento dos alunos.
Muitos dos professores têm medo de enfrentar a sala de aula, não por temerem
não dominar o assunto, mas por temerem o modo como os alunos o receberão, pois,
a indisciplina é de certa forma humilhante.
No entanto, é
fundamental salientar que o problema da indisciplina não pode ser pensado
isoladamente, porque de acordo com Franco em seu livro “Problemas de Educação
escolar”, [...] a indisciplina não pode ser entendida de maneira estanque, como
se fosse algo que dissesse respeito a este ou aquele envolvido com o processo.
(1986, p. 13)
Uma das principais
causas da indisciplina é a falta de limites do aluno, que implica na falta de
respeito com a opinião e sentimentos alheios, apresenta dificuldades de
compartilhar dialogar e conviver de modo cooperativo com o ponto de vista do
outro. A indisciplina em sala, ou na
escola de maneira geral, não pode ser vista como reflexo da pobreza e da
violência presente na sociedade.
O problema da
indisciplina perpassa os muros da escola, o que nos leva a pensar na própria
família, pois o relacionamento familiar contribui profundamente para o
equilíbrio emocional do filho. A falta de interesse dos pais de conhecer e
acompanhar a vida escolar de seus filhos também gera indisciplina, onde está
subjacente à desvalorização da escola por parte dos pais, que nunca aparecem na
escola, muito menos nas reuniões e não acompanham as lições de seus filhos em
casa.
Assim sendo percebemos
a importância do diálogo no espaço escolar entre professores, família e alunos,
condição imprescindível para o êxito do processo ensino aprendizagem, premissa
básica para manter a disciplina dentro da escola, pois estamos diante de um
verdadeiro ambiente democrático e para que realmente se tenha sucesso neste
ambiente, é necessário se ter disciplina, ou seja, limites, que podem ser
negociados com os próprios alunos.
É
necessário entender que na verdade, há uma relação dialógica, principalmente no
que diz respeito aos educandos, pois descobrirão que o professor em sala de
aula continua tendo sua autoridade garantida, mas que essa autoridade não
significa autoritarismo ou obediência cega; em alguns momentos a liberdade que
tanto desejam vai exigir-lhes responsabilidade ou ainda que disciplina seja o
contrário de liberdade; os pares liberdade X responsabilidade, disciplina X
autoridade, devem ser construído de forma coletiva e de modo colaborativo, em
que não se perca de vista os objetivos pedagógicos.
Referências
FRANCO, Luiz
Antônio Carvalho. Problemas de educação
escolar. São Paulo. MEC. 1998. Indisciplina em sala de aula. Rio de
Janeiro: Vozes, 2002.
GOTIZENS, C. A disciplina escolar: prevenção e intervenções nos problemas de
comportamento. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
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