sábado, 6 de agosto de 2016

A QUESTÃO DA RELAÇÃO COM O SABER (3ª Parte - Um recorte de texto)
AUTORA: Veleida Anahí da Silva*
Há mais um ponto a ser levado em consideração, segundo Charlot: a Sociologia aborda somente uma dimensão do problema. “A educação é (...) um tríplice processo: é indissociavelmente hominização, socialização e singularização”. Ela visa ao advir de um ser humano, membro de uma sociedade e de uma cultura e sujeito singular, insubstituível.
Cada um de nós é ao mesmo tempo e sem que se possa medir a parte de cada dimensão, um sujeito humano e um ser social. Portanto, quando se analisa o ser social, é preciso levar em conta a sua vertente psicológica e, quando se pesquisa o sujeito singular, relembrar que se trata de um ser social. “O ser humano não se produz e não é produzido a não ser em uma forma singular e socializada”.
Portanto, a relação com o saber deve ser analisada como sendo construída, ao mesmo tempo, num quadro social e ao longo de uma história singular, aquela dos encontros esta escolar, estes professores, estas aulas. Sob outra forma, para entender o que está acontecendo em uma sala de aula, é preciso interessar-se pelo aluno na sua singularidade de ser humano, em particular por sua interpretação do que é a escola, do que vale ser estudado, do que significa aprender uma determinada matéria.
Quais são as lógicas sociais, culturais, subjetivas, que norteiam e estruturam a atividade do aluno, na escola em geral e no processo de aprendizagem de uma disciplina escolar?
Com base nos seus fundamentos teóricos, Charlot foca as questões do sentido e da atividade, que converge para aquela das fontes da mobilização intelectual. O que faz com que o ser humano, coletiva e individualmente, mobilize-se intelectualmente, procure ou, pelo menos, aceite aprender? Charlot apresenta como básicas as três perguntas seguintes:
1) Para um  aluno, especialmente de meios populares, qual o sentido de ir à escola?
2) Para ele, qual o sentido de estudar ou de não estudar na escola?
3) Qual o sentido de aprender, de compreender, quer na escola quer fora dela?
Essas perguntas, referidas à Matemática, baseiam este artigo. Para um aluno, qual o sentido de se estudar a Matemática, na escola ou fora dela? Qual o sentido da atividade e dos objetos matemáticos?
*VELEIDA ANAHI DA SILVA, é Doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Paris 8, na França, Pós doutorado pela Universidade Federal de Sergipe, Graduada em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade de Cuiabá-MT.

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