quarta-feira, 6 de setembro de 2023

 SUBSISTEMAS DO SISTEMA EDUCATIVO/SOCIAL (EXPRESSÕES DAS PRÁTICAS RELACIONADAS COM O CURRÍCULO), SEGUNDO SACRISTÁN (2000, P. 23) (*)

1 – O âmbito da atividade político-administrativa: a administração política regula o currículo. Este âmbito evidencia os determinantes exteriores do currículo, ainda que estejam legitimados por serem provenientes de poderes democraticamente estabelecidos.

2 – O subsistema de participação e de controle: o controle e a concretização do currículo estão a cargo de determinadas instâncias com competências mais ou menos definidas, que variam de acordo com o campo jurídico, com a tradição administrativa e democrática de cada contexto. Exemplo: associações de pais, sindicatos etc.

3 – A ordenação do sistema educativo: estrutura dos níveis de ensino, numa organização que pode ser vertical e horizontal, refletindo assim, na seleção curricular, fornecendo as finalidades essenciais de cada período de escolaridade.

4 – O sistema de produção de meios: os meios são agentes instrumentais, que têm papel ativo, na concretização do currículo, bem como, na formação do professor. Esta prática curricular está fundamentada em materiais didáticos diversos, que acabam exercendo controle sobre a prática e as decisões dos professores.

5 – Os âmbitos de criação culturais, científicos etc.: na medida em que o currículo diferencia o ser, pela sua competência e habilidades, por outro lado, também existem os contrassensos, ou melhor, existem os interesses que podem ser manifestados de forma individual ou coletiva. Dessa forma, as influências podem ser exercidas sobre os mesmos, por meio de imposições ou ponderações organizacionais, bem como, formas metodológicas na produção de textos e de diversas formas escritas. O que pode criar dependências, principalmente nas coletividades de docentes, onde os professores são apenas especialistas em determinadas áreas ou disciplinas do saber em questão.

6 – Subsistema técnico-pedagógico: formadores, especialistas e pesquisadores em educação. Estes profissionais chamados de técnico-pedagógicos criam os conceitos, sistematizam as informações, criam linguagens e produzem conhecimentos sobre a realidade educativa para distribuir a prática curricular e as formas de realizá-la.

7 – O subsistema de inovação: dentre as diversas formas de saberes, existem as estratégias de inovação curricular, em que, agentes (grupos de professores, professores isolados), se dedicam para realizar reformas curriculares, que venham a atender às necessidades e os desejos sociais.

8 – O subsistema prático-pedagógico: configura a prática concreta do professor e do aluno, contextualizada nas escolas. Assim, este subsistema faz referência à interação entre professores e alunos, expressando as práticas de ensino-aprendizagem sob os mais diversos enfoques metodológicos, configurando assim, o posto de trabalho do professor e o de aprendiz dos alunos.

*Compilação de texto de: BARBOSA, Ana Clarisse Alencar; FAVERE, Juliana de. Teorias e Práticas do Currículo. Indaial: Uniasselvi, 2013. (p. 227)

Referências

SACRISTÁN, Gimeno. O Currículo uma reflexão sobre a prática. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SACRISTAN, J. Gimeno; GOMEZ, A. I. Perez. Compreender e transformar o ensino. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

CONCEITOS DA ORGANIZAÇÃO PROGRESSIVA DAS APRENDIZAGENS (Recorte de textos)

1) Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997): Parâmetro de caráter indutor, não obrigatório. Base para a Formação continuada de professores. Modernização das práticas de ensino.

2) Diretrizes Curriculares Nacional – DCN (1990 – 2004): Determinadas pela LDB. Princípios, fundamentos e procedimentos capazes de orientar as escolas na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação das suas propostas pedagógicas.

3) Base Nacional Comum Curricular – BNCC: É uma referência obrigatória, mas não é o currículo nem estabelece expectativas de aprendizagem. Seu papel é ser um insumo para a elaboração e revisão dos currículos da educação básica

4) Currículo: Construção social do conhecimento pressupondo a sistematização dos meios para que essa construção se efetive seleção dos conhecimentos e formas para repasse e assimilação

5) Habilidades: Expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.

6) Ensino: Atividade de mediação pela qual são providas as condições e os meios para os alunos se tornarem sujeitos ativos na assimilação de conhecimentos.

7) Trabalho docente: uma atividade intencional, planejada conscientemente visando atingir os objetivos previamente estabelecidos. Por isso precisa ser estruturado e ordenado

8) Modificadores: devem ser entendidos como a explicitação da situação ou condição em que a habilidade deve ser desenvolvida, considerando a faixa etária dos alunos.

9) Pesquisa como princípio pedagógico: Processo que busca que levar o estudante em direção a uma atitude de curiosidade e de crítica, por meio da qual ele é instigado a buscar respostas.

10) Trabalho como princípio educativo: Processo que considera o trabalho como espaço de formação do sujeito; um processo que permeia todo ser do indivíduo e constitui sua especificidade.


 FATORES, IMPLICAÇÕES LIMITADORAS E FLEXÍVEIS DO CURRÍCULO QUE REFLETEM NA PRÁTICA DO PROFESSOR, SEGUNDO SACRISTÁN (2000, P. 292-293) (*)

a) As diretrizes curriculares que, com maior ou menor precisão e rigidez, estabelecem o currículo e sua sequência para um determinado nível, curso, ciclo ou modalidade de ensino.

b) O tipo de avaliação ou controle externo que se exerce sobre o currículo, que não é o que o próprio professor pode utilizar.

c) A dependência que possa existir nos professores quanto aos materiais didáticos, livros-texto etc. Dependência condicionada não apenas pela formação dos professores, mas também pela variedade de sua oferta e pela legislação e normas administrativas a respeito. Essa dependência diminui o papel profissional do docente e torna-se empobrecedora do mesmo quando a oferta é homogênea.

d) A operatividade de sua formação profissional para identificar as variáveis que determinam a experiência e os resultados de aprendizagem, atuando sobre as mesmas.

e) A formação para poder intervir no que chamamos de tradução pedagógica dos conteúdos curriculares, que lhe proporcionará autonomia real para selecioná-los, ponderá-los, organizá-los ou adaptá-los às necessidades dos alunos. Professores com escasso domínio da matéria mal podem traduzi-la pedagogicamente.

f) O campo organizativo da escola que, quanto tem um projeto educativo conjunto, estabelece as grandes coordenadas dentro das quais se desenvolve a atividade individual de cada professor.

g) As possibilidades materiais reais para dedicar-se a esta função de preparação da prática, prévia à realização do ensino, devido às condições de seu trabalho.

*Compilação de texto de: BARBOSA, Ana Clarisse Alencar; FAVERE, Juliana de. Teorias e Práticas do Currículo. Indaial: Uniasselvi, 2013. (p. 227)

Referências

SACRISTÁN, Gimeno. O Currículo uma reflexão sobre a prática. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SACRISTAN, J. Gimeno; GOMEZ, A. I. Perez. Compreender e transformar o ensino. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

 IMAGENS DO PROFESSOR – TÉCNICO ESPECIALISTA E OUTRO COMO PRÁTICO AUTÔNOMO, DE ACORDO COM GÓMEZ (1997) (*)

1 – O professor como técnico especialista

Essa imagem permaneceu pelo século XX, a partir de uma concepção positivista, em que o trabalho pedagógico era entendido como a aplicação de técnicas científicas, baseado em uma racionalidade técnica. A psicologia comportamental aplicada ao ensino contribuiu para esse viés, na qual “desenvolveu a imagem do professor como um técnico especializado que aplica as regras que derivam do conhecimento científico, sistemático e normalizado”. (GÓMEZ, 1997, p. 98). Os processos de ensino e o currículo eram baseados em uma visão simplista e linear. Assim, a formação do professor não precisa muito mais que a aprendizagem de técnicas para serem aplicadas e domínio de conteúdos para serem transmitidos.

2 – O professor como prático autônomo

Com a intenção de superar o modelo linear e mecânico do conhecimento e da prática docente, é um profissional, comprometido com sua prática, que é permeada por reflexão e ação. O que é importante entendermos, acadêmicos, que não é possível definir e apresentar como se reflete, pois ela “não é apenas um processo psicológico individual, passível de ser estudado a partir de esquemas formais [...]. a reflexão implica a imersão consciente do homem no mundo da sua experiência”. (GÓMEZ, 1997, p. 103). Desse modo, a reflexão passa a ser uma prática constante no trabalho e na formação do professor.

*Compilação de texto de: BARBOSA, Ana Clarisse Alencar; FAVERE, Juliana de. Teorias e Práticas do Currículo. Indaial: Uniasselvi, 2013. (p. 199-200)

Referência

GÓMEZ, Angel Pérez. O pensamento prático do professor - A formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, Antonio (org.). Os professores e a sua formação. 3 ed. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

 FUNÇÕES NO DESENVOLVIMENTO CURRICULAR DE ACORDO COM SACRISTÁN (2000) (*)

1 – O currículo prescrito como cultura comum: prescrições ligadas à ideia de um currículo comum para todos os alunos e integrantes da comunidade escolar, portanto, homogêneo para todas as escolas.

2 – O currículo mínimo prescrito e a Igualdade de oportunidades: possibilitam que seja oferecida a todos a igualdade de oportunidades em relação aos conhecimentos mínimos que o ensino obrigatório deve oferecer. No entanto, conforme Sacristán (2000), é preciso ter cuidado na regulação dos conteúdos mínimos ou currículo comum, para não cair na ingenuidade de acreditar que se cumprirá tal potencialidade pelo fato de ser regulada administrativamente, sendo necessário analisar o poder igualador e normatizador que o currículo prescrito conjuntura.

3 –   O currículo prescrito e a organização do saber dentro da escolaridade: são os conteúdos base da ordenação do sistema, estabelecendo a sequência de progresso pela escolaridade e pelas especialidades que o compõem. O progresso dentro da escolaridade seria a promoção dos alunos, ao ordenar o tempo de sua aprendizagem em ciclos ou em cursos.

4 – O currículo prescrito como via de controle sobre a prática de ensino: pré-condiciona o ensino, em torno de códigos que se projetam em metodologias concretas nas instituições educativas.

5 – Controle da qualidade: são as prescrições de um determinado currículo para que se torne um referencial de controle da qualidade do sistema educativo.

6 – Prescrição e meios que desenvolvem o currículo: os meios podem significar a autonomia profissional ou orientar a prática pedagógica através do controle do processo. Sacristán (2000) diz que quando os profissionais da educação organizam a sua prática ou quando realizam seus planos “têm dois referenciais imediatos: os meios que o currículo lhe apresenta com algum grau de elaboração, para que seja levado à prática, e as condições imediatas de seu contexto”.

7 – O formato do currículo: a organização do sistema escolar sobre as projeções das escolas e da prática de ensino, em seus aspectos de conteúdos e métodos, vai depender de determinantes históricos, políticos, de orientações técnicas e da própria valorização que se realiza sobre a função que o formato curricular deve cumprir. (SACRISTÁN, 2000).

*Compilação de texto de: BARBOSA, Ana Clarisse Alencar; FAVERE, Juliana de. Teorias e Práticas do Currículo. Indaial: Uniasselvi, 2013. (p. 227)

Referências

SACRISTÁN, Gimeno. O Currículo uma reflexão sobre a prática. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SACRISTAN, J. Gimeno; GOMEZ, A. I. Perez. Compreender e transformar o ensino. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.