segunda-feira, 6 de março de 2017

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DOCENTE
O Estágio Supervisionado é uma atividade que possivelmente contribui de forma significativa para a formação do profissional, sendo de suma importância, pois é a partir do mesmo que se pode adquirir uma prática pedagógica de maneira a possibilitar os primeiros contatos com o futuro campo de trabalho, além é claro, de colocando em ação o que se aprendeu na teoria, de forma vivencial, e, nesse sentido, “O Estagio supervisionado contribui para uma experiência importante nas atividades que os alunos deverão usar durante o curso de formação junto ao futuro campo de trabalho” (PIMENTA ,1997, p. 21).
Entre os objetivos do Estágio Supervisionado temos (dentre outros): O fortalecimento da relação entre a teoria e prática, baseado no princípio metodológico docente; a instrumentalização de conhecimento e de integração do estagiário com a realidade educacional; e, o desenvolvimento de competências profissionais na área de atuação. Dessa forma, procura propiciar o contato imediato com o objeto de estudo proporcionando um olhar mais aprofundado do processo de ensino e aprendizagem, fazendo com que a experiência se torne ainda mais instigante e rica em atrativos reflexivos.
As atividade de Estágio em escolas do ensino médio e fundamental, realizadas pelos futuros professores, devem formar o cerne de qualquer programa de Prática de Ensino, pois delas derivam a análise da realidade que os alunos deverão enfrentar em suas atividades profissionais e sobre as quais deverão atuar como agentes de mudanças. (KRASILCHIK , p. 167, 2004)
Nesse sentido o Estagio Supervisionado, dentro de sua essência, busca em linhas gerais, proporcionar experiências docentes, dentre as quais: as principais dificuldades inseridas no processo do trabalho docente e favorece a compreensão da relação professor-aluno, aluno-aluno, dentro do processo de ensino-aprendizagem e o nível de conhecimentos em ambas as partes, de maneira que possam se tornar profissionais independentes, críticos e competentes com vista ao enfretamentos das diversas situações a serem encontradas no futuro campo de trabalho.
Portanto, o Estágio Supervisionado torna-se um período em que as ações desenvolvidas pelo estagiários procura relacionar aspectos teóricos com aspectos práticos, em que a teoria e a prática se combinaram de maneira a entrelaçarem-se por meio de desenvolvimento de atividades didáticas abrangendo aspectos humanos, pedagógicos bem como o comprometimento social e político com o contexto do campo de estágio objetivando, sobretudo o assumir de uma postura não só crítica, mas também reflexiva da prática educativa diante da realidade no intuito da formação profissional com maior qualidade.
Referencia
KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4 ed. São Paulo: EDUSP, 2004.
PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2010.
A REVOLUÇÃO PRAGMÁTICA NA FILOSOFIA DA LINGUAGEM (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 04)
INTRODUÇÃO
Dimensões da linguagem humana: Semântica, Sintática e Pragmática. Dimensão Semântica – trata das dimensões intensional (diz respeito às condições de verdade do enunciado) e extensional (diz respeito ao valor de verdade de um enunciado); Dimensão Sintática – voltada às estruturas puramente linguísticas; e, Dimensão Pragmática – visa perceber a linguagem em seu contexto.
1. SEGUNDO LUDWIG WITTGENSTEIN
Dimensões da linguagem humana, segundo Ludwig Wittgenstein, segue a Dimensão Pragmática, considerando o significado das expressões em seu uso.
Investigação filosófica (criticas à contradição do segundo Ludwig Wittgenstein)
1) À tese, que atribui a língua a função exclusiva de designar algo no mundo;
2) Concepção agostiniana da linguagem, entendia que para alcançarmos o significado de uma palavra, precisamos saber o que esta sendo designado por ela e na tradição metafísica a noção de essência ocupa o lugar dessa coisa que precisa ser determinada para que o conhecimento verdadeiro seja possível.
3) À ideia de isomorfismo entre linguagem e realidade (A seu próprio pensamento no Tratactus), que sustentava que havia uma relação de equivalência a forma lógica da expressões e os estados de coisa que compõem o mundo.
Para o segundo Ludwig Wittgenstein, não existe o mundo para além da linguagem, os limites do conhecimento humano passam pelos limites de sua linguagem, assumindo uma postura antiessencialista ao afirmar que não existem essências a serem referidas pela linguagem. Da mesma maneira as expressões não têm significados rígidos e propriamente estabelecidos. Mesmo que não possamos identificar rigorosamente o significado de uma expressão, não quer dizer que essa expressão não tenha sentido (se desfaz também do ideal de uma linguagem ideal ou formal defendida na Tratactus).
A linguagem deve ser compreendida em seu uso nas situações concretas que é adicionada, uma linguagem formal não serve mais de paradigma para o segundo Ludwig Wittgenstein, pois ele atribui à linguagem, outros usos que não somente o de designar objetos na realidade (PRIMEIRO PONTO enfrentado).
PAPEL DA FILOSOFIA (enquanto descrição dos diferentes usos da linguagem) - passa a ser de apenas descrever os diferentes usos da linguagem, não mais o de apresentar explicações.
SEGUNDO PONTO enfrentado pelo segundo Ludwig Wittgenstein é a perspectiva de uma linguagem humana subjetivista e individualista, que diz respeito ao fato da tradição dar ao aspecto comunicativo da linguagem um caráter secundário, percebendo o individuo isolado não em relação com outros indivíduos.
Contexto linguístico e extra linguístico em que uma palavra é usada, seriam nesse contexto que deveríamos buscar o significado das palavras (postura semelhante à Freguiana, ao afastar os aspectos psicológicos dos significados das expressões), pois sustenta que o significado não é atribuído ao ato subjetivos dos indivíduos por instancia internas e exclusivamente privadas por atos intencionais. Não podemos simplesmente elaborar regras privadas para atribuição de sentidos às expressões. Ludwig Wittgenstein, nega a possibilidade de uma linguagem privada, linguagem esta que somente aquele que a elaborasse teria acesso.
A tradição mais comumente atribuída ao segundo Ludwig Wittgenstein é o da filosofia da linguagem comum de Oxford, inspirada na atenção à linguagem falada em contextos comuns ou ordinários.
TEORIA DOS ATOS DE FALAR (DE DISCURSO) (J. L. AUSTIN)
Teoria dos atos de falar (de discurso) (J. L. Austin, Dizer é fazer 1962, póstuma) – Austin, ver (assim como Wittgenstein) não uma meio para atingir o real ou para representa-lo, mas uma espécie de ação humana, essência da linguagem não seria seu conteúdo proposicional ou sua forma lógica, os constituintes básicos da linguagem, seu uso e compreensão, são atos de fala (que podem ser bem sucedido ou mal sucedido em sua realização).
Condição de verdade e condição de felicidade – para o ser é mais importante a condição de felicidade e não mais a condição de verdade (dimensão semântica), tendo como referências a distinção entre Enunciações Constatativas e Enunciações Performativas.
ENUNCIAÇÕES CONSTATATIVAS – constatam algo através das palavras, constatam fatos (exemplos; João viajou para Imperatriz; Maria Comprou um carro), tendo um valor de verdade atribuído às sentenças, sendo verdadeiras ou falsas e ENUNCIAÇÕES PERFORMATIVAS (do verbo inglês to perform – realizar, executar, fazer, etc) – não serve para descrever um fato ou relatar algo, ou seja, não denota ou refere algo, mas, realiza uma ação (exemplo: eu prometo ir ao seu aniversario; eu aposto cem reais, etc), não há nas sentenças uma constatação e sim a realização ou parte da realização de uma ação (no caso de uma promessa é parte de uma ação que tem sua realização última no ato de cumprir a promessa).
AÇÕES, CIRCUNSTÂNCIAS, PARTICIPANTES – em casos performativos há mais elemento do que o simples pronunciamento da sentença. Fazem parte desse ato: ações, circunstâncias, participantes envolvidos na situação em que a frase é usada e que todos esses elementos se adéquem ao contexto de uso para a enunciação tenha sucesso em sua realização. Contudo, Austin reconhece que os performativos acabam por tem uma dimensão constatativa ao manterem relação com o fato, assim como os constatativos tem sua dimensão performativa, pois ao constatarmos um fato podemos ser bem ou mal sucedidos nessa constatação.
Mesmo preservando o sentido e as referências da sentença declarativa o que interessa é se o individuo que profere tal sentença obteve sucesso em seu deferimento, no caso de existir ou não fato ao qual se refere.
NA TEORIA DOS ATOS DE FALAR (de discurso) de Austin, sustenta que ao proferirmos algo nos executamos TRÊS ATOS DIFERENTES, mas que são relacionáveis: ATO LOCUCIONÁRIO – ato de dizer algo segundo as regra gramaticais  e que envolve também os sons e a entonação usada; ATO ILOCUCIONÁRIO – núcleo do ato de fala, que surge no próprio proferimento do ato locucionário, através da força Ilocucionária (percebida quando é usado verbos performativos: Prometer; ou mesmo sem usar tais verbos: eu vou à sua casa); e, ATO PERLOCUCIONÁRIO – efeitos causados nos sentimentos, no pensamentos ou no comportamento da audiência, são as ações causadas nos ouvintes pela força ilocucionária quando se pronuncia uma ato locucionário. Atos Perlocucionários acontecerão com ou sem a intenção do falante de provocar um ou nenhum efeito.
TIPOS DE FORÇA ILOCUCIONÁRIOS – Compromissivas (Verbo prometer), Veredictivas, Exercitivas, Comportamentaris e Expositivas.  
Condição para a realização dos atos de fala – intenções dos falantes, conversões contextuais são requeridas para que esses atos tenham sucessos em sua realização (podem ser descobertas pelas doutrinas das infelicidades).
DOUTRINAS DAS INFELICIDADES – doutrina que pretende dar conta dos casos em que as conversões para a realização para um ato de fala são violadas. Análise fundamental para revelar as regras necessárias para um ato ser bem sucedido (exemplos: Pegue a chave do carro em minha bolsa, é mal sucedida caso a chave não esteja na bolsa; Eu aposto 300 reais no cavalo A, é mal sucedida quando dita após o fim da corrida).
O grande ponto da teoria de Austin reside na sua definição da Força Ilocucionária presente no proferimento linguístico.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2009.
A ANÁLISE DA FORMA LÓGICA DAS SENTENÇAS (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 03)
INTRODUÇÃO
Ludwig Wittgenstein e o Tractatus Lógico – Philosophicus (1922) e Investigações Filosóficas (1953 – obra póstuma) que influenciaram dois movimentos: o Neo-positivismo do Círculo de Viena (pela analises lógica do Tractatus) e A Filosofia da Linguagem ordinária desenvolvida em Oxford nos anos 40 inspirada na segunda obra.
1. PRIMEIRO LUDWIG WITTGENSTEIN
Tese sobre a relação entre linguagem e mundo – (os sinais que usamos para nos comunicar e o mundo), para o autor nomes ou termos singulares se referem diretamente ao objeto (apesar de aceitar que uma sentença tem um sentido e uma referencia). A noção de mundo em Ludwig Wittgenstein é bem peculiar, para ele o mundo é uma totalidade dos fatos e não dos objetos (coisas).
Fatos – são estados de coisa que subsistem, e esses estados de coisas subsistentes são representados pelos enunciados ou sentenças verdadeiras.
Sentença – Funciona como uma imagem de um Estado de Coisa e o Estado de Coisa é o conjunto de objetos em relação uns com os outros, e tais estados de coisa podem subsistir ou não (sentenças ou enunciados verdadeiros são imagens de estado de coisas que subsistem e sentenças falsas são imagens de coisa que não subsistem). As sentenças mostram seu sentido independentemente de ter o estado de coisas correspondente no mundo, independentemente de ser verdadeira, por isso podemos nos comunicar mesmo sem verificar o valor de verdade da sentença.
Teoria figurativa do Significado - Tomando os nomes e as sentenças como imagem de objetos e estado de coisas. Ludwig Wittgenstein, entende a linguagem como imagem do mundo (a linguagem como figuração do mundo e o mundo que é figurado por ela), sendo a forma lógica a parte comum entre o mundo e a linguagem.
Forma lógica – responsável por tornar possível a própria capacidade de afigurar o mundo.
Papel da filosofia – Para Ludwig Wittgenstein, o papel da filosofia não é o de elaborar proposições ou enunciados filosóficos, mas é o de tornar claro os enunciados. O fim (objetivo) da Filosofia é o esclarecimento lógico dos pensamentos, a Filosofia não é uma teoria, mas uma atividade.
Tabela de Verdade (Ludwig Wittgenstein) – enunciados atônicos e isolados e as relações lógicas que se estabelecem entre tais enunciados. O valor de verdade das sentenças compostas dependerá do valor de verdade das sentenças componentes ou atômicas (conjunções, disjunções e implicações dependem do valor de verdade dos enunciados em questão), recorrendo, Ludwig Wittgenstein, ao princípio de composicionalidade (princípio de Frege).
Princípio de Frege – Segundo o mesmo, a referência de uma assertiva completa (exemplo: Ana Jance nasceu em São Luis), seu valor de verdade depende de que os nomes que a compõem tenham também uma referência (a referência de uma sentença depende da referência dos nomes que a compõem), e como a referência da expressão como um todo depende da referência de cada um de seus componentes. Nesse sentido as tabelas de verdade utilizadas pela lógica formal, exprimem as condições de verdade de um enunciado (do enunciado ser verdadeiro, sendo o sentido de uma frase, entendido como suas condições de verdade).
Semântica de Ludwig Wittgenstein – A semântica apresentada no Tractatus, tem tanto uma dimensão intensional quanto uma dimensão extensional. A palavra Intensão, diz respeito às condições de verdade do enunciado e Extensão diz respeito ao valor de verdade de um enunciado.
Dimensão intensional – O sentido de um enunciado será a situação descrita pelo enunciado, cabendo à lógica precisar o significado através do rigor de suas definições.
Distinção entre os tipos de enunciados (Ludwig Wittgenstein com base na Dimensão intencional) – a) Enunciados com sentidos, que tem suas condições de verdades bem definida, descrevendo assim, estado de coisas; b) Enunciados destituídos de sentidos, como os enunciados da lógica; c) Tautologias e Contradições, que ao serem sempre verdadeiro ou falso, independem das coisas do mundo; d) Enunciados sem sentido, enunciados da ética, metafísica e estética. Estes enunciados não pertencem ao mundo figurado, os fatos que compõem o mundo precisam ser formulados logicamente para serem ditos.
O método correto da filosofia (segundo Ludwig Wittgenstein) – seria: nada dizer se não o que se pode dizer, portanto, proposição da ciência natural, então, sempre que alguém pretendesse dizer algo de metafísico mostra-lhe que não conferia significado a certos sinais em suas proposições.
2 NEO-POSITIVISMO DO CIRCULO DE VIENA E AS CONDIÇÕES DE VERIFICABILIDADE
Desenvolvimento Maximo de uma tendência teórica austríaca (início com Ernst Mach e Franz Brentano). Em 1922 Moritz Schlick (assumiu um catreda na universidade de Viena, reunido em torno de si um grupo diversos de intelectuais, que apesar de preservar particularidade em suas pesquisas individuais deram corpo ao que veio a ser conhecido como Neo-positivismo ou Positivismo Lógico, em destaque para Hans Hans, Otto Neurath, Fridrich Weismann, Rudoulf Carnap e Alfred Ayer), influenciado por Ludwig Wittgenstein.
Critério de verificação para a linguagem – Tem como objetivo distinguir enunciados que descrevem fatos efetivamente de enunciados considerados sem sentidos por não descreverem dados de fato. Tal distinção separaria enunciados aceitos na ciência daqueles não científicos e que estariam no âmbito da metafísica.
OTTO NEURATH
Otto Neurath (discordou de Ludwig Wittgenstein), defendia postura céticas as suas ideias, a exemplo: ao assumir que a linguagem esta dentro do mundo ao invés de ser algo fora do mundo (como sustentava Ludwig Wittgenstein).
RUDOLF HALLER
Pontos de influencias de Ludwig Wittgenstein no círculo de Viena – Rudolf Haller menciona três pontos de influencia do pensamento de Ludwig Wittgenstein: 1) A sua interpretação da lógica e das proposições lógicas (sustentava que os enunciados lógicos são sempre necessários) 2) Teoria das proposições empíricas (tese que estabelece que não há nada de apriore em nossa experiência, os enunciados para serem empíricos dependem que as condições que o tornem verdadeiros sejam conhecidas, não se trata apenas de definir a verdade ou falsidade de uma sentença, mas de verificar as condições que as tornem verdadeiras) e 3) Definição de Filosofia, para ele a filosofia não estabelece teses por não ser uma teoria, e sim funcionando como uma analise das dimensões mais profundas da linguagem e tem como objetivo o esclarecimento da linguagem).
RUDOLF CARNAP
Rudolf Carnap (1891 – 1970) – elaborou a distinção a dimensão intensional e extensional de um enunciado, do sentido e referência. Para o mesmo, a intensão de um nome é o conceito individual e sua extensão é o objeto designado; a intensão de um predicado é um conceito de sua extensão que é a classe de objeto que cai sobre esse conceito. (Cair sob um conceito. Exemplo: O conceito ser quadrúpede, cai sobre uma série de objetos, como, cavalo, gatos, etc, é o caso quando determinados objetos fazem parte da extensão de um determinado conceito).
Em enunciados ou frases (pensamento de Rudolf Carnap) também é aplicada a distinção, assim, a intensão de um enunciado é uma proposição, e sua extensão é o seu valor de verdade.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2009.
A LINGUAGEM COMO PARADIGMA FILOSÓFICO E OS PRIMÓRDIOS DA TRADIÇÃO ANALÍTICA (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 02)
Como a linguagem passa a se caracterizar como paradigma adotado na grande maioria das investigações filosófica contemporânea e Como se estabeleceu a tradição da semântica formal?
1 G. FREGE
G. Frege – apresentou e fundamentou a matemática através de leis básicas da lógica, tendência conhecida como logicismo. Com seu objetivo principal estabelecido elaborou o que chamou de conceitografia (linguagem formal, artificialmente construída, diferente das linguagens ordinárias ou naturais, como português, alemão, etc). Para o mesmo as línguas naturais possuem elementos que criam obstáculos resolução de questões no âmbito da filosofia e da lógica.
Sua principal contribuição na filosofia da linguagem encontra-se na analise da noção de significado, decompondo esta em sentido e referencia (exemplo: a lua que tem sua referencia ou denotação que é o próprio objeto que mantém sua orbita em volta da terra, além de existi algo que faz a mediação entre a linguagem e a referencia, isto é, o sentido). A teoria semântica freguiana, é sustentada pela tríade, sinal, sentido e referencia. O Sinal tem um sentido e o Sentido designa a Referencia do Sinal. R. Carnap em 1956 apresentou a distinção entre intensão e extensão
Para G. Frege o sentido de uma expressão não é exclusivo da subjetividade de um único individuo, ele se mostra objetivo e invariável, independente da consciência que se encontra e o sentido é intersubjetivo e comunicado entre os indivíduos. O autor distingue sentido e representação mental (ideia), afastando qualquer traço de mentalismo de sua teoria semântica e apresenta uma marca profunda do antipsicologismo, considerando que ideia são atividades mentais ou subjetivas privada à consciência de um único individuo (conjunto de elemento que compõem um domínio de impressões sensoriais, composto de: sensações, sentimentos, estado de alma, desejos e inclinações).
Nada garante que dois indivíduos que fale de suas ideias estejam falando da mesma coisa.  Não há como expressar as ideias objetivamente através da linguagem (não podemos comunicar uma dor como podemos comunicar um sentido), ou seja, uma ideia é subjetiva, enquanto que o sentido é objetivo (comunicável). Os sinais que contém sentido e que através desse sentido se refere a um objeto, Frege chama de nomes próprios (nomes, combinação de palavras, frases assertivas e descrições definidas).
Descrições definidas – Expressões do tipo: Planeta vermelho; Capital brasileira do regue; e, O autor de “Os tambores de São Luis”, assim, descrições definidas compartilham do mesmo status dos termos singulares: Marte São Luis e Josué Montelo, contudo nomes próprios se distingue ainda de uma outra categoria de sinais, enquanto os nomes próprios tem como referencia um objeto, termos conceituais tem como referência conceitos.
Termos conceituais funcionam como referencia de um predicado gramatical, Exemplos: Ser cachorro, Ser satélite natural da terra, Ser belo, etc, Conceito são por natureza incompletos e sempre precisam da complementação de um objeto, da mesma forma como termos conceituais necessitam da complementação de um nome próprio, assim, da união de ambos adquirimos uma frase ou enunciado dotado de um pensamento completo. Essa frase completa, formada pela combinação de um nome próprio e um termo conceitual é uma frase assertiva ou declarativa.
Frase assertiva ou declarativa – se caracterizam por afirmarem algo, por terem uma pretensão de verdade, tendendo a ser verdadeira ou falsa, (verdadeira caso a realidade dos fatos se adéque ou que é dito na fase e falsa caso tal realidade não se adéque, Exemplo). Assim a referencia de uma frase assertiva é o valor de verdade (valores de verdade – Verdadeiro e Falso). Toda frase verdadeira tem como referencia o valor de verdade verdadeiro, assim como toda frase falsa te como referencia o valor de verdade falso.
Ao especificamos a natureza referencia estamos pressupondo a existência de uma mediação entre o sinal e a referencia, pressupomos a existência de um sentido. Assim, em uma frase assertiva é natural concluir que há um pensamento ou proposição, o sentido dessa frase é um pensamento completo e para Frege o pensamento não é o ato subjetivo de pensar, o pensamento é o conteúdo objetivo que pode ser pensado por diversos indivíduos, diferentemente de uma ideia ou representação mental que é um conteúdo subjetivo. Ao contrario das ideias, os pensamentos não são privados, necessitam de alguém que os apreendam (essa apreensão corresponde à faculdade do pensar). Pensamentos são pensados, portanto, há um ser pensante que é portador do pensar e não do pensamento.
Na teoria semântica freguiana, diversos sinais designam a mesma referencia e existirem sentidos diferentes a cada um desses sinais (exemplo; estrela Dalva e estrela Vespe – sinais e sentidos diferentes - mas referem-se ao mesmo objeto, Venus) e frases que não possui referencia mais não perde o sentido (exemplo: Atual rei da frança – não possui objeto a que se referi, mas continua dotada de sentido), frases que contem expressões desse tipo não terão referencia (não serão nem verdadeiras nem falsas), mas preservarão seu sentido.
2 B. RUSSELL
B. Russell – adepto do logicismo, na sua teoria das descrições parti da ideia de que as frases ou sentenças normalmente são apresentadas em sua forma gramatical e para alcançarmos a sua forma lógica precisaríamos aplicar uma analise lógica à sentença em questão.
Para o autor descrições definidas são expressões incompletas, que não serve para nomear algo no mundo, mas apenas para dar sentido às sentenças (quando ocupam lugar de sujeito dessas sentenças). Nomes próprios em sua forma mais essencial são pronomes como: isto e aquilo e quando usado por um falante, subtendem conhecimento direto e empírico do objeto referido. A esses nomes Russell chama de nomes logicamente próprios.
Russell, diferentemente de Frege (que defende que o significado de um nome próprio é composto de um sentido e uma referencia), propõem que o significado de um nome próprio se resume ao fato de se referir a um objeto. Assim, na sua teoria referencial do significado apesar das descrições referidas se assemelharem a nomes próprios dignando individuo, não são realmente nomes próprios, essas descrições podem deixar de aparecer em sentença através do método de analise lógica, antes mencionados.
Através dessa analise evitaríamos as supostas dificuldades de uma língua natural ou ordinária seria uma tradução de uma linguagem natural para uma linguagem lógica mais perfeita (que forneceria os critérios mais corretos e verdadeiros da relação entre Linguagem e Mundo).
Analise lógica atual em expressões que não tem uma referencia e aparecem em uma sentença completa, expressões não denotativas ou não referenciais (exemplo: O atual rei da França, onde não há objeto que serve de referencia ou denotação para a expressão).
A análise de Russell nos permite falar significativamente de objetos que não existem, permite afirmar a não existência desses objetos, além de permite solucionar a ausência de um valor de verdade para uma sentença (exemplo: O atual rei da frança e calvo).
A necessidade de falsear uma sentença – a existência não é uma propriedade ou um predicado que pode ser aplicado a um objeto, a existência é um operador lógico, é um pressuposto para que algo tenha qualidade, portanto, só podemos atribuir uma propriedade ou um predicado a um objeto existente.
Russell compartilha com Frege uma preferência por uma linguagem formal para tratar de questões lógico-filosóficas, mas enquanto Frege via na linguagem formal uma saída para evitar as ambiguidades de uma língua natural e Russell entendia que basta interpretar bem uma linguagem comum para que ela revele sua forma lógica subjacente, ou seja, na sua noção de a forma lógica, propõem uma análise lógica das sentenças declarativas.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2009.
A LINGUAGEM NA FILOSOFIA ANTES DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 01)
1 INTRODUÇÃO
A Filosofia surge basicamente no ocidente a partir do momento que o Mythos deixa de ser a forma exclusiva de acesso e explicação do mundo para o homem grego. O que surgiu como concorrente do pensamento Mítico foram o Logos (do verbo Légein = Falar) algo como principio racional ou faculdade intelectual dos indivíduos, nesse sentido a palavra Logos tem lugar de destaque no desenvolvimento da atividade do filosofar. Desde a sua gênese a tradição filosófica pode ser vista como o desdobramento das discussões e análises elaboradas pelos primeiros pensadores mais sistemáticos que tivemos (Platão e Aristóteles).
2 CONTRIBUIÇÃO DE PLATÃO E ARISTÓTELES
2.1 A linguagem como objeto de reflexão filosófica
Sócrates percebia o dialogo como a mais adequada via de acesso à verdade. Foi no dialogo que seu discípulo Platão encontrou o principal recurso para expor suas ideias. A filosofia platônica tem forma e conteúdo relacionado nesta estrutura dialógica (no dialogo), dialético como ciências que direciona as coisas superiores, das formas perfeitas e imutáveis da dimensão inteligível. Tendo a linguagem papel essencial no pensamento filosófico, tanto na forma quanto no conteúdo. No Crátilo (dialogo entre Hermógenes, Sócrates e o próprio Crátilo), versa sobre as principais perspectivas na antiguidade a cerca do problema da linguagem, onde investiga acerca da natureza da relação que existe entre palavras e coisas nomeadas por essas palavras.
2.2 Naturalismo e Convencionalismo (ponto de vista opostos)
NATURALISMO – Representado pela figura de Crátilo, que sustenta que a relação entre palavra e coisa é natural, isto é, que cada objeto na realidade tem um nome correto que lhe pertence por natureza. CONVENCIONALISMO – As palavras se associam às coisas por mera conversão, portanto, não há nada nas palavras que pode nos revelar a realidade das coisas.
Segundo Manfredo de Oliveira, Platão vai conduzir a discussão de maneira a assumir uma posição intermédia entre esses dois extremos (Naturalismo e Convencionalismo), levando a reflexão pouco a pouco a uma tomada de posição em relação à essência da linguagem e sua função ao conhecimento humano.
2.3 Relação de isomorfismo entre linguagem e realidade
EQUIDADE (igualdade) entre a ESTRUTURA GRAMATICAL E ESTRUTURA ANTOLÓGICA DO MUNDO (antológica = real, realidade). Platão não sustenta 1) o Naturalismo radical onde poderíamos identificar o significado de uma palavra através da própria forma do som, sugere na afinidade natural entre os sons e suas a significação, como se os sons refletisse a própria essência das coisas; e, 2)  nem admite um Convencionalismo radical, onde a conversão não é arbitrária, a conversão se constrói com o próprio uso da língua, se estabelece na tradição de um povo, a linguagem enquanto instrumento de comunicação necessita que seus falantes utilizem palavras no mesmo sentido, assim a conversão da língua se caracteriza por um processo de normatividade desenvolvido pela tradição do qual esta língua faz parte. Entretanto esse convencionalismo se limita por conta da exigência do isomorfismo entre linguagem e realidade ou entre linguagem e ser. Nesse sentido as palavras devem no ato do seu estabelecimento corresponder à essência das coisas que no sistema platônico corresponde aos eidos. A linguagem comunica e se corresponde através das coisas e é nisso que reside todo o poder comunicativo e cognoscitivo, apesar de que o real ainda em seu sistema possa ser conhecido sem o intermédio linguístico.
2.4 Como ocorrem à associação entre palavras e coisas (direta ou intermediada por algo)?
Aristóteles (filosofia do estagirita), funda a disciplina lógica com estudos sobre a poética, a retórica e o tratado da interpretação, sendo nesse último, fornecido as relevantes analises das noções de nomes verbos e sentenças, assumindo uma postura convencionalista diante da significação de uma sentença, isto é, afirmando que toda da sentença é dotada de significado não por uma naturalidade, mas por uma conversão (definindo a distancia entre linguagem e ser), elaborando a teoria da significação.
Mesmo retomando a linguagem como algo secundário diante do conhecimento do real (perspectiva platônica), sustenta que não se acessa ao ser sem mediação linguística, há uma relação entre as palavras faladas e as palavras escritas (que chama de afecções da alma), ou seja, as palavras escritas são símbolos das palavras faladas e as palavras faladas por sua vez são símbolos das afecções da alma.
As palavras escritas ou faladas podem vim a serem diferentes em diferentes homens, no entanto, não ocorrem com as afecções da alma, que são as mesmas para todos os homens. Dessa forma, para Aristóteles, são as afecções da alma que intermediariam as relações entre as palavras e as coisas do mundo, sendo essas entendidas como entidades mentais dotadas de conteúdo cognitivo (marcas produzidas em nossas mentes pela realidade externa).
3 O OLHAR DA MODERNIDADE FILOSÓFICA
O PENSAMENTO ARISTOTÉLICO (sua considerações sobre a natureza da sentença; a relação entre linguagem e mente; e, relação entre linguagem e realidade), foram retomadas por Gottlob Frege no século XIX (em suas considerações de ordem semântica e filosófica). Qual o uso feito pela modernidade filosófica do legado deixado pela antiguidade no que diz respeito à linguagem? Quais as contribuições filosóficas modernas mais relevantes da reflexão sobre a linguagem?
3.1 A escola de Port-Rayal
Com O livro: Lógica, ou Filosofia de Pensar Escrito por Antoine Arnauld e Pierre Nicole (1662) e A gramática geral e razoável, escrita por Arnauld e Claude Lancelot (1660), os estudos de Lógica, Linguagem e pensamento desse grupo de intelectuais franceses influenciou decisivamente norteando profundamente o pensamento moderno dessas áreas até o século XIX.
Enquanto John Locke reuniu sobre o termo ideia uma gama de coisas sobre: imagens mentais, pensamentos, conceitos, sensações corpóreas e percepções sensoriais, o 1º capitulo do Livro de Lógica de Port-Rayal apresenta a seguinte definição: “A palavra ideia é uma dessas que são tão clara que não podemos explicá-la por meio doutra, uma vez que não há nenhuma outra que seja mais clara, em simples”. Essa clareza e objetividade marca o próprio caminha da filosofia analítica que nasce no fim do século XIX.
3.2 Arnauld (e companhia)
PARA ARNAULD (e companhia), as ideias serviam como mediador entre o individuo e o que está fora dele, ou seja, é somente através das ideias que podemos conhecer o que está fora de nós. O principio de classificação usado por Arnauld e Nicole para definir o que é uma ideia sofre influencia do cartesianismo, assim, uma ideia é qualquer objeto que seja contemplado por uma pessoa (um ser pensante), sem que assuma um compromisso existencial com outra coisa que não seja a própria pessoa (que assuma o compromisso exclusivamente com o ser pensante, o eu mesmo).
O sentido da palavra objeto é o objeto que está no sentido do sujeito (não é objeto do tipo: cinzeiro, chave, etc), ou seja, tudo aquilo que se venha a ver mentalmente, assim, o pensar é um objeto chamado ideia. Descarte em suas regras (pensamento se faz influente nas considerações de Port-Rayal) para o direcionamento do espírito (1628), apresentava uma associação entre pensamento e visão, mas associar o pensamento e a visão ainda é uma metáfora (porque ideias não são imagens visuais no sentido estrito que podemos ver mentalmente, pois, algumas ideias que o individuo vem a ter não se forma completamente na mente).
Na modernidade o interesse dos filósofos era muito mais em evitar as dificuldades que a linguagem poderia causar na especulação filosófica buscando o acesso direto e cristalino das ideias. No entanto o século XVIII preparou o terreno para a ciência da linguagem (a linguística), influenciada por Johann G. Von Herder (1744 – 1803) com Ensaio sobre a origem da linguagem e estudo comparativo entre a língua oriental e europeia de Wilhelm Humboldt sobre as diferenças da estrutura da linguagem do homem.
3.3 Leibniz e Georg
Leibniz (1646 – 1716) sustentava uma perspectiva voltada para o pensamento analítico aos conceitos disciplinadores da razão (como especular uma projeto de linguagem universal conceitual) e Georg Hamann (1730 – 1788), que via a origem da linguagem para alem dos ditames da reflexão racional, para ele essa origem residia no sentimento e na força criado desse campo, na força poética criadora influenciaram profundamente o pensamento de Herder.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2009.