A REVOLUÇÃO PRAGMÁTICA NA FILOSOFIA DA LINGUAGEM (Filosofia
da Linguagem – Resumo de Aula 04)
INTRODUÇÃO
Dimensões
da linguagem humana: Semântica, Sintática e Pragmática. Dimensão Semântica –
trata das dimensões intensional (diz respeito às condições de verdade do
enunciado) e extensional (diz respeito ao valor de verdade de um enunciado);
Dimensão Sintática – voltada às estruturas puramente linguísticas; e, Dimensão
Pragmática – visa perceber a linguagem em seu contexto.
1.
SEGUNDO LUDWIG WITTGENSTEIN
Dimensões
da linguagem humana, segundo Ludwig Wittgenstein, segue a Dimensão Pragmática,
considerando o significado das expressões em seu uso.
Investigação
filosófica (criticas à contradição do segundo Ludwig Wittgenstein)
1)
À tese, que atribui a língua a função exclusiva de designar algo no mundo;
2)
Concepção agostiniana da linguagem, entendia que para alcançarmos o significado
de uma palavra, precisamos saber o que esta sendo designado por ela e na
tradição metafísica a noção de essência ocupa o lugar dessa coisa que precisa
ser determinada para que o conhecimento verdadeiro seja possível.
3)
À ideia de isomorfismo entre linguagem e realidade (A seu próprio pensamento no
Tratactus), que sustentava que havia uma relação de equivalência a forma lógica
da expressões e os estados de coisa que compõem o mundo.
Para
o segundo Ludwig Wittgenstein, não existe o mundo para além da linguagem, os
limites do conhecimento humano passam pelos limites de sua linguagem, assumindo
uma postura antiessencialista ao afirmar que não existem essências a serem
referidas pela linguagem. Da mesma maneira as expressões não têm significados
rígidos e propriamente estabelecidos. Mesmo que não possamos identificar
rigorosamente o significado de uma expressão, não quer dizer que essa expressão
não tenha sentido (se desfaz também do ideal de uma linguagem ideal ou formal
defendida na Tratactus).
A
linguagem deve ser compreendida em seu uso nas situações concretas que é
adicionada, uma linguagem formal não serve mais de paradigma para o segundo
Ludwig Wittgenstein, pois ele atribui à linguagem, outros usos que não somente
o de designar objetos na realidade (PRIMEIRO PONTO enfrentado).
PAPEL
DA FILOSOFIA (enquanto descrição dos diferentes usos da linguagem) - passa a
ser de apenas descrever os diferentes usos da linguagem, não mais o de
apresentar explicações.
SEGUNDO
PONTO enfrentado pelo segundo Ludwig Wittgenstein é a perspectiva de uma
linguagem humana subjetivista e individualista, que diz respeito ao fato da
tradição dar ao aspecto comunicativo da linguagem um caráter secundário,
percebendo o individuo isolado não em relação com outros indivíduos.
Contexto
linguístico e extra linguístico em que uma palavra é usada, seriam nesse
contexto que deveríamos buscar o significado das palavras (postura semelhante à
Freguiana, ao afastar os aspectos psicológicos dos significados das
expressões), pois sustenta que o significado não é atribuído ao ato subjetivos
dos indivíduos por instancia internas e exclusivamente privadas por atos
intencionais. Não podemos simplesmente elaborar regras privadas para atribuição
de sentidos às expressões. Ludwig Wittgenstein, nega a possibilidade de uma
linguagem privada, linguagem esta que somente aquele que a elaborasse teria
acesso.
A
tradição mais comumente atribuída ao segundo Ludwig Wittgenstein é o da
filosofia da linguagem comum de Oxford, inspirada na atenção à linguagem falada
em contextos comuns ou ordinários.
TEORIA
DOS ATOS DE FALAR (DE DISCURSO) (J. L. AUSTIN)
Teoria
dos atos de falar (de discurso) (J. L. Austin, Dizer é fazer 1962, póstuma) – Austin,
ver (assim como Wittgenstein) não uma meio para atingir o real ou para
representa-lo, mas uma espécie de ação humana, essência da linguagem não seria
seu conteúdo proposicional ou sua forma lógica, os constituintes básicos da
linguagem, seu uso e compreensão, são atos de fala (que podem ser bem sucedido
ou mal sucedido em sua realização).
Condição
de verdade e condição de felicidade – para o ser é mais importante a condição
de felicidade e não mais a condição de verdade (dimensão semântica), tendo como
referências a distinção entre Enunciações Constatativas e Enunciações
Performativas.
ENUNCIAÇÕES
CONSTATATIVAS – constatam algo através das palavras, constatam fatos (exemplos;
João viajou para Imperatriz; Maria Comprou um carro), tendo um valor de verdade
atribuído às sentenças, sendo verdadeiras ou falsas e ENUNCIAÇÕES PERFORMATIVAS
(do verbo inglês to perform – realizar, executar, fazer, etc) – não serve para
descrever um fato ou relatar algo, ou seja, não denota ou refere algo, mas,
realiza uma ação (exemplo: eu prometo ir ao seu aniversario; eu aposto cem
reais, etc), não há nas sentenças uma constatação e sim a realização ou parte
da realização de uma ação (no caso de uma promessa é parte de uma ação que tem
sua realização última no ato de cumprir a promessa).
AÇÕES,
CIRCUNSTÂNCIAS, PARTICIPANTES – em casos performativos há mais elemento do que
o simples pronunciamento da sentença. Fazem parte desse ato: ações,
circunstâncias, participantes envolvidos na situação em que a frase é usada e
que todos esses elementos se adéquem ao contexto de uso para a enunciação tenha
sucesso em sua realização. Contudo, Austin reconhece que os performativos
acabam por tem uma dimensão constatativa ao manterem relação com o fato, assim
como os constatativos tem sua dimensão performativa, pois ao constatarmos um
fato podemos ser bem ou mal sucedidos nessa constatação.
Mesmo
preservando o sentido e as referências da sentença declarativa o que interessa
é se o individuo que profere tal sentença obteve sucesso em seu deferimento, no
caso de existir ou não fato ao qual se refere.
NA
TEORIA DOS ATOS DE FALAR (de discurso) de Austin, sustenta que ao proferirmos
algo nos executamos TRÊS ATOS DIFERENTES, mas que são relacionáveis: ATO
LOCUCIONÁRIO – ato de dizer algo segundo as regra gramaticais e que envolve também os sons e a entonação
usada; ATO ILOCUCIONÁRIO – núcleo do ato de fala, que surge no próprio
proferimento do ato locucionário, através da força Ilocucionária (percebida
quando é usado verbos performativos: Prometer; ou mesmo sem usar tais verbos:
eu vou à sua casa); e, ATO PERLOCUCIONÁRIO – efeitos causados nos sentimentos,
no pensamentos ou no comportamento da audiência, são as ações causadas nos
ouvintes pela força ilocucionária quando se pronuncia uma ato locucionário.
Atos Perlocucionários acontecerão com ou sem a intenção do falante de provocar
um ou nenhum efeito.
TIPOS
DE FORÇA ILOCUCIONÁRIOS – Compromissivas (Verbo prometer), Veredictivas, Exercitivas,
Comportamentaris e Expositivas.
Condição
para a realização dos atos de fala – intenções dos falantes, conversões
contextuais são requeridas para que esses atos tenham sucessos em sua
realização (podem ser descobertas pelas doutrinas das infelicidades).
DOUTRINAS
DAS INFELICIDADES – doutrina que pretende dar conta dos casos em que as
conversões para a realização para um ato de fala são violadas. Análise
fundamental para revelar as regras necessárias para um ato ser bem sucedido
(exemplos: Pegue a chave do carro em minha bolsa, é mal sucedida caso a chave
não esteja na bolsa; Eu aposto 300 reais no cavalo A, é mal sucedida quando
dita após o fim da corrida).
O
grande ponto da teoria de Austin reside na sua definição da Força Ilocucionária
presente no proferimento linguístico.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis:
UFSC, 2009.
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