segunda-feira, 6 de março de 2017

A REVOLUÇÃO PRAGMÁTICA NA FILOSOFIA DA LINGUAGEM (Filosofia da Linguagem – Resumo de Aula 04)
INTRODUÇÃO
Dimensões da linguagem humana: Semântica, Sintática e Pragmática. Dimensão Semântica – trata das dimensões intensional (diz respeito às condições de verdade do enunciado) e extensional (diz respeito ao valor de verdade de um enunciado); Dimensão Sintática – voltada às estruturas puramente linguísticas; e, Dimensão Pragmática – visa perceber a linguagem em seu contexto.
1. SEGUNDO LUDWIG WITTGENSTEIN
Dimensões da linguagem humana, segundo Ludwig Wittgenstein, segue a Dimensão Pragmática, considerando o significado das expressões em seu uso.
Investigação filosófica (criticas à contradição do segundo Ludwig Wittgenstein)
1) À tese, que atribui a língua a função exclusiva de designar algo no mundo;
2) Concepção agostiniana da linguagem, entendia que para alcançarmos o significado de uma palavra, precisamos saber o que esta sendo designado por ela e na tradição metafísica a noção de essência ocupa o lugar dessa coisa que precisa ser determinada para que o conhecimento verdadeiro seja possível.
3) À ideia de isomorfismo entre linguagem e realidade (A seu próprio pensamento no Tratactus), que sustentava que havia uma relação de equivalência a forma lógica da expressões e os estados de coisa que compõem o mundo.
Para o segundo Ludwig Wittgenstein, não existe o mundo para além da linguagem, os limites do conhecimento humano passam pelos limites de sua linguagem, assumindo uma postura antiessencialista ao afirmar que não existem essências a serem referidas pela linguagem. Da mesma maneira as expressões não têm significados rígidos e propriamente estabelecidos. Mesmo que não possamos identificar rigorosamente o significado de uma expressão, não quer dizer que essa expressão não tenha sentido (se desfaz também do ideal de uma linguagem ideal ou formal defendida na Tratactus).
A linguagem deve ser compreendida em seu uso nas situações concretas que é adicionada, uma linguagem formal não serve mais de paradigma para o segundo Ludwig Wittgenstein, pois ele atribui à linguagem, outros usos que não somente o de designar objetos na realidade (PRIMEIRO PONTO enfrentado).
PAPEL DA FILOSOFIA (enquanto descrição dos diferentes usos da linguagem) - passa a ser de apenas descrever os diferentes usos da linguagem, não mais o de apresentar explicações.
SEGUNDO PONTO enfrentado pelo segundo Ludwig Wittgenstein é a perspectiva de uma linguagem humana subjetivista e individualista, que diz respeito ao fato da tradição dar ao aspecto comunicativo da linguagem um caráter secundário, percebendo o individuo isolado não em relação com outros indivíduos.
Contexto linguístico e extra linguístico em que uma palavra é usada, seriam nesse contexto que deveríamos buscar o significado das palavras (postura semelhante à Freguiana, ao afastar os aspectos psicológicos dos significados das expressões), pois sustenta que o significado não é atribuído ao ato subjetivos dos indivíduos por instancia internas e exclusivamente privadas por atos intencionais. Não podemos simplesmente elaborar regras privadas para atribuição de sentidos às expressões. Ludwig Wittgenstein, nega a possibilidade de uma linguagem privada, linguagem esta que somente aquele que a elaborasse teria acesso.
A tradição mais comumente atribuída ao segundo Ludwig Wittgenstein é o da filosofia da linguagem comum de Oxford, inspirada na atenção à linguagem falada em contextos comuns ou ordinários.
TEORIA DOS ATOS DE FALAR (DE DISCURSO) (J. L. AUSTIN)
Teoria dos atos de falar (de discurso) (J. L. Austin, Dizer é fazer 1962, póstuma) – Austin, ver (assim como Wittgenstein) não uma meio para atingir o real ou para representa-lo, mas uma espécie de ação humana, essência da linguagem não seria seu conteúdo proposicional ou sua forma lógica, os constituintes básicos da linguagem, seu uso e compreensão, são atos de fala (que podem ser bem sucedido ou mal sucedido em sua realização).
Condição de verdade e condição de felicidade – para o ser é mais importante a condição de felicidade e não mais a condição de verdade (dimensão semântica), tendo como referências a distinção entre Enunciações Constatativas e Enunciações Performativas.
ENUNCIAÇÕES CONSTATATIVAS – constatam algo através das palavras, constatam fatos (exemplos; João viajou para Imperatriz; Maria Comprou um carro), tendo um valor de verdade atribuído às sentenças, sendo verdadeiras ou falsas e ENUNCIAÇÕES PERFORMATIVAS (do verbo inglês to perform – realizar, executar, fazer, etc) – não serve para descrever um fato ou relatar algo, ou seja, não denota ou refere algo, mas, realiza uma ação (exemplo: eu prometo ir ao seu aniversario; eu aposto cem reais, etc), não há nas sentenças uma constatação e sim a realização ou parte da realização de uma ação (no caso de uma promessa é parte de uma ação que tem sua realização última no ato de cumprir a promessa).
AÇÕES, CIRCUNSTÂNCIAS, PARTICIPANTES – em casos performativos há mais elemento do que o simples pronunciamento da sentença. Fazem parte desse ato: ações, circunstâncias, participantes envolvidos na situação em que a frase é usada e que todos esses elementos se adéquem ao contexto de uso para a enunciação tenha sucesso em sua realização. Contudo, Austin reconhece que os performativos acabam por tem uma dimensão constatativa ao manterem relação com o fato, assim como os constatativos tem sua dimensão performativa, pois ao constatarmos um fato podemos ser bem ou mal sucedidos nessa constatação.
Mesmo preservando o sentido e as referências da sentença declarativa o que interessa é se o individuo que profere tal sentença obteve sucesso em seu deferimento, no caso de existir ou não fato ao qual se refere.
NA TEORIA DOS ATOS DE FALAR (de discurso) de Austin, sustenta que ao proferirmos algo nos executamos TRÊS ATOS DIFERENTES, mas que são relacionáveis: ATO LOCUCIONÁRIO – ato de dizer algo segundo as regra gramaticais  e que envolve também os sons e a entonação usada; ATO ILOCUCIONÁRIO – núcleo do ato de fala, que surge no próprio proferimento do ato locucionário, através da força Ilocucionária (percebida quando é usado verbos performativos: Prometer; ou mesmo sem usar tais verbos: eu vou à sua casa); e, ATO PERLOCUCIONÁRIO – efeitos causados nos sentimentos, no pensamentos ou no comportamento da audiência, são as ações causadas nos ouvintes pela força ilocucionária quando se pronuncia uma ato locucionário. Atos Perlocucionários acontecerão com ou sem a intenção do falante de provocar um ou nenhum efeito.
TIPOS DE FORÇA ILOCUCIONÁRIOS – Compromissivas (Verbo prometer), Veredictivas, Exercitivas, Comportamentaris e Expositivas.  
Condição para a realização dos atos de fala – intenções dos falantes, conversões contextuais são requeridas para que esses atos tenham sucessos em sua realização (podem ser descobertas pelas doutrinas das infelicidades).
DOUTRINAS DAS INFELICIDADES – doutrina que pretende dar conta dos casos em que as conversões para a realização para um ato de fala são violadas. Análise fundamental para revelar as regras necessárias para um ato ser bem sucedido (exemplos: Pegue a chave do carro em minha bolsa, é mal sucedida caso a chave não esteja na bolsa; Eu aposto 300 reais no cavalo A, é mal sucedida quando dita após o fim da corrida).
O grande ponto da teoria de Austin reside na sua definição da Força Ilocucionária presente no proferimento linguístico.
Referência
BRAIDA, Celso Reni. Filosofia da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário