terça-feira, 6 de setembro de 2016

UMA REFLEXÃO SOBRE O LIVRO DIDÁTICO E A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
A matemática é comumente considerada como um campo de conhecimento produzido ao longo da história da humanidade, na busca de resolução de problemas, sendo que o desenvolvimento do conhecimento da matemática tem um papel inegável no progresso da humanidade.
Nesse contexto, ao se produzir um livro didático, tendo o aprendizado como meta e finalidade não se pode conceber a ideia de transmitir aos alunos o conhecimento científico (saber) sem recontextualizar sua aplicabilidade no cotidiano, pois a questão da aprendizagem e do ensino da matemática implica uma reflexão sobre o saber acumulado dessa ciência, tendo em vista que o saber científico da forma como é concebido no campo científico deve sofrer modificações de modo a se adequar as necessidades inerentes quanto às capacidades cognitivas dos alunos. Os livros didáticos normalmente são produzidos de acordo com as legislações em vigor e são modificados de acordo com concepções educacionais vigentes, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997).
Assim, os livros didáticos não podem inserir a matemática tal e qual é tratada em níveis superiores, sendo imprescindível que os autores de livros façam a transformação do saber matemático na perspectiva de adequar os conteúdos aos interesses e necessidades dos alunos de forma que os objetos inseridos não percam suas propriedades, essa transformação é denominada Transposição Didática.
Segundo consta no texto de referência, Transposição Didática: O professor como construtor do conhecimento, de Cristiano Alberto Muniz, do caderno de Teoria e Prática 1: Matemática na Alimentação e nos Impostos, do Programa Gestar II, se o conjunto das transformações sofridas pelo saber for visto num processo mais amplo, então a transposição didática poderá ser analisada a partir de três tipos de saberes, que correspondem a uma fase inicial desse saber e suas transformações, que são:
Científico – saber normalmente desenvolvido nas universidades ou institutos de pesquisa. O seu reconhecimento e a defesa de seus valores são particularmente sustentados por uma cultura científica.
Saber a ensinar – para viabilizar a passagem do saber escolar é necessário um trabalho didático efetivo, a fim de proceder a uma reformulação visando à prática educativa, obtendo-se o que é definido como saber a ensinar. Esse saber é ligado a uma forma de didática que serve para apresentar o saber ao aluno. Ele envolve redescoberta do saber e está quase sempre presente nos livros didáticos, nos programas e outros materiais de apoio.
Saber ensinado – o processo de ensino resulta no saber ensinado. Para o professor é aquele registrado em seu plano de aula e que não necessariamente coincide com aquela intenção prevista nos objetivos programados para o saber a ensinar.
(Muniz, 2008, p.193)
Dessa forma, a transposição didática do saber científico adquirido nas academias referentes aos quadriláteros, bem como suas propriedades e características passam por transformações até ser adequada dentro de um nível da realidade do alunado na prática docente, sem, contudo este conteúdo sofrer perca relevante na sua contextualização.
E nessa perspectiva, o estudo dos quadriláteros no Ensino Fundamental Anos Finais tem um importante papel na compreensão e apreensão da realidade vivenciada pelo aluno, tendo assim estes conceitos, grande significação para a construção a consolidação desse conhecimento matemático, a ser formalizado e relacionado a outros conhecimentos matemáticos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais – matemática. 1997.
CHEVALLARD, Y. La Transposition didactique. Du savoir savant au savoir enseigné. France: La pensée sauvage, 1991.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
GIMENO SACRISTAN, J.: Pérez Gómez, Angel I. Compreender e Transformar o Ensino. Tradução de Ernani F. da Fonseca Rosa. 4 ed. Porto Alegre: Artemed, 1996.
MUNIZ, Cristiano Alberto. Transposição Didática: O professor como construtor do conhecimento. PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR - Gestar II.
Matemática: Caderno de Teoria e Prática 1 - TP1: matemática na alimentação e nos impostos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

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