ETAPAS DA PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA (CITAÇÕES)
1. Prática social inicial: Neste
momento a aula já começa de forma dialogada e participativa. É feita uma
introdução do conteúdo onde o professor faz uma avaliação diagnóstica,
identificando os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinando assunto
para, a partir daí, iniciar sua mediação.
Esta é a primeira etapa da
prática pedagógica realizada com o método histórico-crítico. Segundo Araújo
(2009) “a prática social inicial implica em conhecer a experiência de cada
aluno, sua memória e seu saber prático”.
Em princípio, o professor
situa-se em relação à realidade de maneira mais clara e mais sintética que os
alunos. Quanto a estes, pode-se afirmar que, de maneira geral, possuem uma
visão sincrética, caótica. Frequentemente é uma visão de senso comum, empírica,
um tanto confusa, em que tudo, de certa forma, aparece como natural. Todavia,
essa prática do educando é sempre uma totalidade que representa sua visão de
mundo, sua concepção da realidade, ainda que, muitas vezes, naturalizada (GASPARIN,
2007).
Steimbach (2008) explicita a prática social
inicial como o ponto de partida do processo pedagógico. Nesta etapa, os alunos
trazem para o ambiente escolar todas as vivências e experiências que já possuem
sobre o conteúdo. Isso se faz necessário para que o conteúdo a ser trabalhado
mostre vinculação com a realidade, sendo assim socialmente necessário.
2. Problematização: Nesta
etapa surgem as dúvidas e ocorre a discussão de questões inerentes ao conteúdo
proposto.
De acordo com Gasparin (2007),
a problematização representa o momento do processo pedagógico em que a prática
social é posta em questão, analisada, interrogada, levando em consideração o
conteúdo a ser trabalhado e as exigências sociais de aplicação desse
conhecimento.
É aqui que ocorre o ato de
vislumbrar o conteúdo em diferentes dimensões sociais. Um conteúdo
problematizado deverá mostrar-se através de várias dimensões (conceitual,
histórica, social, política, estética, religiosa, etc.) (Steimbach, 2008).
Professor e alunos, juntos, procuram “detectar
que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em consequência,
que conhecimento é necessário dominar” (Saviani, 2008). As questões levantadas
pelo professor devem despertar o pensamento crítico dos alunos e estimular a
busca pelo aprofundamento do conhecimento.
3. Instrumentalização: Parte
da aula onde o professor irá transmitir seu conhecimento, expondo os conceitos,
explicando e dando exemplos, com fundamentação científica.
Nesta etapa é que o conteúdo
será trabalhado em suas dimensões. Segundo Gasparin e Petenucci (2008), este é
o momento em que o professor “apresenta aos alunos através de ações docentes
adequadas o conhecimento científico, formal, abstrato, conforme as dimensões
escolhidas na fase anterior”. E os alunos, ainda conforme os autores, “por meio
de ações estabelecerão uma comparação mental com a vivência cotidiana que
possuem desse mesmo conhecimento, a fim de se apropriar do novo conteúdo”.
Saviani (2008) explica a instrumentalização: Trata-se
de se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao
equacionamento dos problemas detectados na prática social. Como tais
instrumentos são produzidos socialmente e preservados historicamente, a sua
apropriação pelos alunos está na dependência de sua transmissão direta ou
indireta por parte do professor. [...] o professor tanto pode transmiti-los
diretamente como pode indicar os meios pelos quais a transmissão venha a se
efetivar.
4. Catarse:
Momento
da aula em que o aluno manifesta um entendimento do conteúdo e que o professor
saberá se alcançou os objetivos da aula e se poderá avançar no processo
pedagógico.
Para Saviani (1999),
mencionado por Gasparin (2007), catarse é a expressão
elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu.
[...] Trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais,
transformados agora em elementos ativos de transformação social. [...] Daí
porque o momento catártico pode ser considerado como o ponto culminante do
processo educativo, já que é aí que se realiza pela mediação da análise levada
a cabo no processo de ensino, a passagem da síncrese à síntese; em consequência,
manifesta-se nos alunos a capacidade de expressarem uma compreensão da prática
em termos tão elaborados quanto era possível ao professor.
Gasparin e Petenucci (2008) afirmam que o aluno,
neste momento, apresenta uma “nova postura mental unindo o cotidiano ao
científico em uma nova totalidade concreta no pensamento. Neste momento o
educando faz um resumo de tudo o que aprendeu, segundo as dimensões do conteúdo
estudadas. É a elaboração mental do novo conceito do conteúdo”.
5. Prática social final:
Momento da aula em que ocorre a transformação do educador e do educando no processo,
refletindo em outras instâncias da sociedade.
Conforme Saviani (2001),
citado por Araújo (2009), a prática social inicial e a prática social final é e
não é a mesma. É a mesma no sentido de que não se consegue uma transformação
das condições sociais objetivas da escola e muito menos da sociedade como um
todo.
A prática social final é o momento em que o
aluno demonstra que realmente aprendeu, manifestando mudanças em seu
comportamento em relação ao conteúdo. Para Gasparin e Petenucci (2008), esta se
manifesta “pelo compromisso e pelas ações que o educando se dispõe a executar
em seu cotidiano pondo em efetivo exercício social o novo conteúdo cientifico
adquirido”.
Referências
ARAUJO,
D. A. C. Pedagogia histórico-crítica: proposição teórico metodológica para a
formação continuada. Disponível em: http://periodicos.uems.br/novo/index.php/anaispba/article/viewFile/180/114.
Acesso em: 04 de maio de 2023.
GASPARIN,
J. L. Uma didática para a pedagogia
histórico-crítica. 4 ed. Campinas – SP: Autores Associados, 2007.
GASPARIN,
J. L.; PETENUCCI, M. C. Pedagogia
histórico-crítica: da teoria à prática no contexto escolar. Disponível
em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2289-8.pdf. Acesso
em: 04 de maio de 2023.
SAVIANI,
D. Escola e democracia. Edição
comemorativa. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.
STEIMBACH,
A. A. O processo de ensino numa
perspectiva histórico-crítica. Disponível em:
http://www.famper.com.br/download/allan.pdf. Acesso em: 04 de maio de 2023.
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