sábado, 6 de maio de 2023

 ETAPAS DA PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA (CITAÇÕES)

1. Prática social inicial: Neste momento a aula já começa de forma dialogada e participativa. É feita uma introdução do conteúdo onde o professor faz uma avaliação diagnóstica, identificando os conhecimentos prévios dos alunos sobre determinando assunto para, a partir daí, iniciar sua mediação.

Esta é a primeira etapa da prática pedagógica realizada com o método histórico-crítico. Segundo Araújo (2009) “a prática social inicial implica em conhecer a experiência de cada aluno, sua memória e seu saber prático”.

Em princípio, o professor situa-se em relação à realidade de maneira mais clara e mais sintética que os alunos. Quanto a estes, pode-se afirmar que, de maneira geral, possuem uma visão sincrética, caótica. Frequentemente é uma visão de senso comum, empírica, um tanto confusa, em que tudo, de certa forma, aparece como natural. Todavia, essa prática do educando é sempre uma totalidade que representa sua visão de mundo, sua concepção da realidade, ainda que, muitas vezes, naturalizada (GASPARIN, 2007).

Steimbach (2008) explicita a prática social inicial como o ponto de partida do processo pedagógico. Nesta etapa, os alunos trazem para o ambiente escolar todas as vivências e experiências que já possuem sobre o conteúdo. Isso se faz necessário para que o conteúdo a ser trabalhado mostre vinculação com a realidade, sendo assim socialmente necessário.

2. Problematização: Nesta etapa surgem as dúvidas e ocorre a discussão de questões inerentes ao conteúdo proposto.

De acordo com Gasparin (2007), a problematização representa o momento do processo pedagógico em que a prática social é posta em questão, analisada, interrogada, levando em consideração o conteúdo a ser trabalhado e as exigências sociais de aplicação desse conhecimento.

É aqui que ocorre o ato de vislumbrar o conteúdo em diferentes dimensões sociais. Um conteúdo problematizado deverá mostrar-se através de várias dimensões (conceitual, histórica, social, política, estética, religiosa, etc.) (Steimbach, 2008).

Professor e alunos, juntos, procuram “detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em consequência, que conhecimento é necessário dominar” (Saviani, 2008). As questões levantadas pelo professor devem despertar o pensamento crítico dos alunos e estimular a busca pelo aprofundamento do conhecimento.

3. Instrumentalização: Parte da aula onde o professor irá transmitir seu conhecimento, expondo os conceitos, explicando e dando exemplos, com fundamentação científica.

Nesta etapa é que o conteúdo será trabalhado em suas dimensões. Segundo Gasparin e Petenucci (2008), este é o momento em que o professor “apresenta aos alunos através de ações docentes adequadas o conhecimento científico, formal, abstrato, conforme as dimensões escolhidas na fase anterior”. E os alunos, ainda conforme os autores, “por meio de ações estabelecerão uma comparação mental com a vivência cotidiana que possuem desse mesmo conhecimento, a fim de se apropriar do novo conteúdo”.

Saviani (2008) explica a instrumentalização: Trata-se de se apropriar dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social. Como tais instrumentos são produzidos socialmente e preservados historicamente, a sua apropriação pelos alunos está na dependência de sua transmissão direta ou indireta por parte do professor. [...] o professor tanto pode transmiti-los diretamente como pode indicar os meios pelos quais a transmissão venha a se efetivar.

4. Catarse: Momento da aula em que o aluno manifesta um entendimento do conteúdo e que o professor saberá se alcançou os objetivos da aula e se poderá avançar no processo pedagógico.

Para Saviani (1999), mencionado por Gasparin (2007), catarse é    a expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu. [...] Trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em elementos ativos de transformação social. [...] Daí porque o momento catártico pode ser considerado como o ponto culminante do processo educativo, já que é aí que se realiza pela mediação da análise levada a cabo no processo de ensino, a passagem da síncrese à síntese; em consequência, manifesta-se nos alunos a capacidade de expressarem uma compreensão da prática em termos tão elaborados quanto era possível ao professor.

Gasparin e Petenucci (2008) afirmam que o aluno, neste momento, apresenta uma “nova postura mental unindo o cotidiano ao científico em uma nova totalidade concreta no pensamento. Neste momento o educando faz um resumo de tudo o que aprendeu, segundo as dimensões do conteúdo estudadas. É a elaboração mental do novo conceito do conteúdo”.

5. Prática social final: Momento da aula em que ocorre a transformação do educador e do educando no processo, refletindo em outras instâncias da sociedade.

Conforme Saviani (2001), citado por Araújo (2009), a prática social inicial e a prática social final é e não é a mesma. É a mesma no sentido de que não se consegue uma transformação das condições sociais objetivas da escola e muito menos da sociedade como um todo.

A prática social final é o momento em que o aluno demonstra que realmente aprendeu, manifestando mudanças em seu comportamento em relação ao conteúdo. Para Gasparin e Petenucci (2008), esta se manifesta “pelo compromisso e pelas ações que o educando se dispõe a executar em seu cotidiano pondo em efetivo exercício social o novo conteúdo cientifico adquirido”.

Referências

ARAUJO, D. A. C. Pedagogia histórico-crítica: proposição teórico metodológica para a formação continuada. Disponível em: http://periodicos.uems.br/novo/index.php/anaispba/article/viewFile/180/114. Acesso em: 04 de maio de 2023.

GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 4 ed. Campinas – SP: Autores Associados, 2007. 

GASPARIN, J. L.; PETENUCCI, M. C. Pedagogia histórico-crítica: da teoria à prática no contexto escolar. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2289-8.pdf. Acesso em: 04 de maio de 2023.

SAVIANI, D. Escola e democracia. Edição comemorativa. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. 

STEIMBACH, A. A. O processo de ensino numa perspectiva histórico-crítica. Disponível em: http://www.famper.com.br/download/allan.pdf. Acesso em: 04 de maio de 2023.

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