MOVIMENTOS, TECITURAS E PERSPECTIVAS DE PROFESSORES:
ENTRE FORMAÇÃO E IMAGENS...
CABRAL,
Lêda Ferreira[1]
INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve como ponto de
partida registros escritos e vídeo-gravações de uma pesquisa constituída junto
a um grupo de professores de matemática. Assim como de inquietações em torno da
formação de professores, especialmente da ideia de modelos, de padrão, e da
ideia de falta que tem constituído, em alguma medida, os discursos em torno da
formação continuada de professores.
Nesse processo, uma questão nos acompanha na
constituição da investigação aqui apresentada, a questão é ‘o que podem os
professores, mobilizados por imagens, nos oferecer e nos dar a pensar acerca da
formação de professores?’ Este questionamento teve como inspiração o filme “O
que pode a imagem?”, realizado pelo grupo I-mago: Laboratório da imagem,
Experiência e Criação, ligado ao Instituto de Biociências da Unesp-Rio Claro. O
filme está disponibilizado no youtube e é resultado de uma pesquisa com crianças
e professores, no âmbito da produção de imagem, e discute questões em torno do
desenvolvimento infantil e da formação de professores (LEITE, 2011).
OBJETIVOS
Constitui-se como objetivo do presente
trabalho, produzir movimentos e pensamentos em torno da formação continuada de
professores, a partir de imagens e falas de um grupo professores de matemática
do município de Caxias, estado do Maranhão.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
ü Ideia
de pesquisa na perspectiva da experiência;
ü Participação
nos encontros pedagógicos da área de Matemática e convite aos professores para
participação no projeto;
ü Convite
aos professores para escolher ou produzir imagens que os remetessem a pensar
sobre o cotidiano de sua sala de aula, assim como de suas ideias acerca de
matemática e de formação;
ü Conversas
com os professores mobilizadas por imagens;
ü Registro
das conversas por meio de filmagens.
Em meio a esse movimento, fizemos um
exercício de aproximação ao pensamento de autores como: Benjamin; Deleuze;
Foucault; Rancière; Larrosa; Leite; Jobim e Souza, dentre outras vozes que
ajudam a operar conceitos nessa tecitura em torno da formação continuada de
professores.
RESULTADO
E DISCUSSÃO
Como desdobramentos desses encontros os
professores evidenciaram, entre outras questões, que o espaço de formação
continuada deve ser:
Um espaço descontraído, aconchegante,
iluminado, climatizado, com recursos variados, sem a necessidade de materiais
prontos;
Um espaço de experimentação, uma vez que a
formação oportuniza a experimentar com os outros; formação como um espaço para
compartilhamento de ideias;
Espaço de formação como ponto de partida, em
que se poderá resolver em grupo, um problema que é de uma comunidade, neste
caso por exemplo, da rede municipal; formação como lugar de partilha.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As falas ainda assinalam para uma diversidade
de questões no âmbito do currículo, da sala de aula, do conhecimento
matemático, da experiência educativa de cada sujeito, sua vivência em sala e
suas afetações no exercício de suas funções, bem como a aspectos que não estão
circunscritos apenas ao cotidiano da escola, mas que os toca enquanto professor
ou formador.
Neste trabalho, a imagem teve um importante
papel, uma vez que por meio dela emergiram acontecimentos, sensações e afetos.
A perspectiva então, na qual nos colocamos, é a de que a imagem pode se
configurar como um desencadeador de pensamentos profícuos para investigar junto
a um grupo de professores aspectos da formação continuada de professores.
Vemos indícios da formação como uma partilha,
partilha que vai além de compartilhamento de conteúdos, mas que se aproximam de
uma partilha sensível no dizer de Rancière, lugar de encontros, encontros que
nos tiram dos lugares previsíveis e se aproxima das experiências individuais e
coletivas dos sujeitos envolvidos nos processos educativos, que coloca o
professor como autor nesse processo formativo.
REFERÊNCIAS
LARROSA,
J. B. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira
de Educação. São Paulo, p. 20-28, 2002.
LEITE,
César Donizetti Pereira. Infância, experiência e tempo. São Paulo.
Cultura acadêmica. 2011.
RANCIÈRE,
J. A Partilha do Sensível. Estética e Política. São Paulo: Editora 34,
2009.
RANCIÈRE,
J. O destino das imagens: Tradução Monica Costa Netto; organização Tadeu
Capistrano. Rio de Janeiro: Contraponto. 2012.
[1]Mestre e
Doutoranda em Educação Matemática Pela Universidade Estadual Paulista Julio de
Mesquita Filho- UNESP-RC. Licenciada em Matemática pela Universidade Estadual
do Maranhão- UEMA e em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional
UNINTER
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