domingo, 6 de novembro de 2022

 AS PRINCIPAIS LACUNAS ENTRE A PROPOSTA INICIAL DA CRIAÇÃO DOS IFS E AS CIRCUNSTÂNCIAS POLÍTICAS PELAS QUAIS SE CONSOLIDOU (*)

Entre a criação ou instituição das primeiras escolas de caráter profissional no Brasil, as Escolas de Aprendizes Artífices, instituídas em 1909, e o ano em curso, a Educação profissional passou por várias transformações. Inicialmente pensadas para ajudar a manter a divisão social do trabalho, entre instrumental e intelectual, sendo seu foco a promoção de cidadãos úteis, visando a formação de mão de obra que fosse capaz de assumir seu ofício com eficiência, com uma preocupação em relação à classe mais baixa da sociedade, a qual essas escolas se destinavam.

O ensino profissionalizante era fragmentado, dispersivo e destinado aos desfavorecidos de fortuna e aos marginalizados que já perambulavam pelas ruas desde o final da escravidão, ou seja, preparar a mão de obra para o trabalho que os filhos da elite não estavam destinados a cumprir. O que não é muito diferente nos dias atuais.

Perfazendo todo o caminho de mudanças ocorridas no âmbito da educação profissional até chegarmos a condição atual em 2005, inicia-se a reorientação das políticas federais para a educação profissional e tecnológica com a alteração na lei que vedava a expansão do Sistema Nacional de Educação Tecnológica. Através de políticas do governo federal, que buscavam ampliar a educação profissional, deu-se o processo de expansão da rede federal a partir de 2005, sendo esta a maior vivenciada.

No percurso desta expansão, é publicado o Decreto nº 6.095 de 2007, com a finalidade de estabelecer diretrizes para o processo de integração de instituições federais de educação tecnológica, para a constituição dos Institutos Federais. Assim, em dezembro de 2008, é publicada a Lei nº 11.892, que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF), resultantes da integração ou transformação de instituições que compunham a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

O histórico dessa instituição registra várias transformações na sua missão institucional. A primeira missão consistiu em capacitar os desvalidos da sorte, o que na época significava oferecer capacitação para a execução de um ofício, em nível de, hoje conhecido como, ensino fundamental. Atualmente, essas instituições se voltam para a educação do ensino médio em diante, o que inclui a educação superior e a busca de muito mais formação.

Mesmo diante de todo este processo de reformulação no contexto da educação profissional e tecnológica, ainda se percebe que muito ainda deve ser feito para atingir o ideal, pois enquanto o mundo do trabalho, da força bruta se destinar apenas as classes menos favorecidas, e esta, apenas se formar para ser dominada e fazer sempre só o que os mais favorecidos não querem fazer, a força intelectual nunca será superior a força braçal. O abismo entre a educação do menos favorecido e do mais favorecidos sempre existirá enquanto o primeiro não se libertar das amarras da ignorância e a educação não for igual para todos, independentes de se escolher a educação profissional ou a regular para sua formação.

A educação de um modo geral sempre foi e será orientada pelo contexto social e político do seu tempo e das exigências da economia nacional e mundial.

*NASCIMENTO, Cleide Coelho do. Texto apresentado à disciplina: Seminário Integrador e Estudos Curriculares IV, ministrado pela Profa. Jakeline Pereira Bogéa. Instituto Federal de Educação, Ciência Tecnologia do Maranhão Campus Caxias. Coordenação do Curso de Pedagogia. Curso de Licenciatura em Pedagogia – EPT. 2022.

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